O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, garantiu hoje que o projeto para o passadiço, colocado no Açude da Ribeira, em Ervedal da Beira, contou com o parecer favorável de diversas entidades.

“A Câmara tratou este tema com seriedade, objetividade, rigor e transparência, tendo este projeto merecido a aprovação, por unanimidade, na Câmara Municipal, e merecido rasgados elogios quando foi escrutinado na Assembleia Municipal”, referiu.

Em declarações à agência Lusa, o autarca de Oliveira do Hospital sublinhou ainda que o projeto, antes de se candidatar a fundos comunitários, recebeu pareceres favoráveis do Instituto da Conservação da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Comissão da Reserva Agrícola Nacional (RAN).

“Este projeto foi sucessivamente escrutinado, avaliado por várias entidades, antes de ser candidatado à CCDRC [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro], que o aprovou com cofinanciamento comunitário a 85%”, realçou.

A associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU) enviou terça-feira uma nota de imprensa à agência Lusa, defendendo que o “Passadiço-Monstro”, colocado no Açude da Ribeira, “é um atentado à beleza natural deste trecho do rio Seia, devendo ser retirado”.

“Trata-se de uma ‘enxertia’, violadora e desnecessária, consumada por uma pesada e retorcida estrutura - feita em betão e ferro – colocada entre a margem direita e a margem esquerda do rio Seia, que a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital decidiu mandar fazer, para ser paga com dinheiro público, num valor na ordem dos 500 mil euros”, referiu.

Nesta nota, a AZU acusou a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital de não ter auscultado “previamente outras entidades da zona e a população, acerca do projeto em causa – por exemplo, através da exibição de uma maqueta – para se poder aferir melhor sobre o impacto negativo que a obra veio a revelar, agora já em fase de finalização”.

“O passadiço até poderá ser uma mais-valia para a região, trazendo algum turismo, no entanto, as alterações climáticas estão cada vez mais a dar os seus ‘gritos’ face aos ataques que o ambiente sofre, pelo que um projeto do tipo não só devia ser integrado menos agressivamente no meio paisagístico, como devia ser um exemplo tendo em conta o respeito que merece o meio ambiente, em concreto a água e os seus rios, como é o rio Seia e envolventes”, apontou.

Segundo esta associação, a solução passa por “mandar retirar o que ali foi abusiva e desnecessariamente implantado”.

“Limpar e despoluir o rio Seia e seus ribeiros afluentes deve ser tarefa prioritária”, acrescentou.

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital esclareceu também que este projeto não foi elaborado por esta autarquia do distrito de Coimbra, mas por uma arquiteta externa, que propôs “uma solução arquitetónica integrada na paisagem, para criar uma estrutura de visitação para atrair turistas e visitantes e gerar economia”.

“É importante que se tenha consciência de que aquele local estava abandonado, sem visibilidade e sem utilização. Com este projeto de intervenção arquitetónica, ou seja, com projeto de arquitetura e estudo de incidências ambientais, para medir impactos ambientais da estrutura de visitação, ganhou-se esta estrutura de visitação, para que se possa desfrutar da beleza paisagística do Vale do Seia e do Açude da Ribeira”, sustentou.

De acordo com José Francisco Rolo, foi tudo “tão transparente” que o ato de consignação foi assinado publicamente, no local, com apresentação da intervenção que ia ser feita e presença da comunicação social.

“Este projeto é o início de uma outra fase. A partir daquela estrutura de visitação vão irradiar percursos pedestres de caráter interpretativo, com leitores de paisagem, para que as pessoas possam fruir da queda de água e, simultaneamente, fazer educação ambiental, descobrindo oferta em que a região é rica: o turismo de natureza”, informou.

A obra encontra-se “prestes a ser disponibilizada aos turistas e visitantes”, estimando-se que fique concluída até ao final deste ano.

“A obra só não está ainda concluída, devido à intempérie dos últimos dias. Os trabalhos que faltam, de soldadura, não podem ser feitos à chuva”, concluiu.