O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, adiantou hoje à Lusa que as autarquias já chegaram a acordo com a Infraestruturas de Portugal (IP), a empresa dona do equipamento, e que “só falta formalizar o protocolo de concessão” para o projeto avançar.
O autarca indicou que os três municípios têm prontos os projetos num valor inicial de três milhões de euros e que esperam avançar com uma candidatura a fundos comunitários até ao final do mês e começar “o mais rapidamente possível” a intervenção nos quase 70 quilómetros da antiga ferrovia.
Trata-se de um projeto inédito intermunicipal no Nordeste Transmontano que visa aproveitar o potencial turístico do corredor da desativada linha do Tua, onde não circulam comboios há mais de 20 anos.
O percurso que agora os autarcas pretendem reabilitar foi o primeiro a encerrar, ainda no início da década de 1990. Da antiga linha do Tua, que ligava Bragança, ao Tua, restaram cerca de 60 quilómetros entre Mirandela e o Tua, entretanto também desativados.
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Os últimos cerca de 20 quilómetros da ferrovia ficaram parcialmente submersos pela barragem de Foz Tua. Os restantes, entre a Brunheda e Mirandela, têm o regresso do comboio anunciado para o verão no âmbito do plano de mobilidade turística e quotidiana, contrapartida pela construção da hidroelétrica.
Uma nova ecopista
O aproveitamento turístico do restante corredor, para norte, é o propósito do novo projeto que junta as Câmaras de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança e conta com o acordo da IP.
Os municípios pretendem construir uma ecopista no antigo corredor da linha e recuperar o património edificado, como as estações, que se encontram atualmente ao abandono e em adiantado estado de degradação. Os edifícios servirão de apoio à ecopista, como explicou António Branco, indicando que “alguns têm dimensão para zonas de acolhimento”.
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A nova ecopista ligará a Terra Quente à Terra Fria transmontanas e estende-se por treze quilómetros no concelho de Mirandela, 24 no de Macedo de Cavaleiros e 30 no de Bragança.
Os municípios pretendem avançar, numa fase inicial, com uma candidatura a fundos comunitários do programa Valorizar, que tem um montante limitado de 400 mil euros. “Vamos depois tentar sensibilizar o Governo para este projeto e tentar arranjar outros meios de financiamento”, indicou o autarca.
A ecopista irá passar por alguns dos locais emblemáticos da região, nomeadamente o Azibo, no concelho de Macedo de Cavaleiros, a zona de veraneio e sensibilização ambiental mais procurada da região.
Os municípios ambicionam chegar com as bicicletas onde a antiga Linha do Tua nunca conseguiu cumprir o propósito inicial, que era o da ligação a Espanha. A ideia é, segundo António Branco, “algum dia ligar a ecopista à rede espanhola” e também a sul de Portugal até ao Algarve.
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