A localidade de Cidões entrou nos últimos anos no roteiro do “Halloween” transmontano por iniciativa da Associação Raízes criada por filhos da terra a residirem fora da aldeia.
A festa repete-se na noite de sábado para domingo, segundo divulgou hoje a organização, e irá espalhar-se pelas ruas e o largo principal da aldeia com figurinos e motivos alusivos às origens celtas da “Festa da Cabra e do Canhoto”.
O nome vem da cabra cozinhada no pote na fogueira alimentada pelo “canhoto”, troncos de madeira, que são dois dos chamarizes “de centenas de pessoas que se deslocam por uma noite a Cidões”, como apontou Maria João Rodrigues, presidente da Associação Raízes.
A organização espera este ano juntar aos 17 moradores permanentes “três mil visitantes numa noite mística”.
Toda a aldeia será decorada “com motivos celtas e instalada uma tenda para garantir espaços cobertos em caso de chuva”, como contou Maria João Rodrigues.
Este ano a novidade são as tasquinhas com bebidas típicas desta festividade, como o vinho, sangria e licores celtas, e petiscos variados desde a linguiça, alheira, sopa à transmontana, bifanas, presunto e feijoada de javali.
“E claro, na Festa da Cabra e do Canhoto é preciso comer a cabra machorra (velha) cozinhada em enormes potes de ferro à fogueira e também não vai faltar, à descrição, queimada, “úlhaque” (bebida espirituosa confecionada na aldeia) e café no pote”, salientou.
A “cabra machorra” representa a mulher do diabo que não deu qualquer descendência.
A festa começa ao pôr-do-sol com o ritual da ascensão da lua, seguido do acender da fogueira, onde ao final da noite há de arder o “cabrão” ou “bode gigante”, um “boneco” criado pelo Agrupamento de Escolas de Vinhais, que é parceiro na festa.
Grupos de gaiteiros e danças celtas vão animar a noite com a promessa do misticismo de “druidas e deusa fazerem o esconjuro e preparem a queimada, um dos momentos altos da festa para afastar os males do corpo e da alma, invocando prosperidade e fertilidade”.
A festa, preparada pelas pessoas da aldeia e pela associação, conta também com o Grupo de Teatro Filandorra de Vila Real para ajudar a criar o cenário.
Esta festa já foi motivo de estudo, nomeadamente no Instituto Politécnico de Bragança e acredita-se que era “originalmente designada de “Samhain”, a comemoração celta mais importante sendo celebrada em toda a Europa, até à sua conversão ao cristianismo”.
Aquela que seria “a festa dos espíritos” marcaria o início do “ano novo Celta com a estação escura”.
A organização garante que o evento chama mais curiosos de ano para ano com o lema "Quem da Cabra comer e ao Canhoto se aquecer, um ano de muita sorte vai ter!”.
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