Suécia: antes de a visitar, pensei que seria algo muito semelhante à categórica e mágica excursão islandesa. Na verdade, a Suécia é uma cultura viking muito viva, aliás mais do que senti na Islândia. A sua forma ‘de ser’ é muito civilizada e sorridente. Até as cores dos edifícios suecos, na cidade velha, parecem sorrir pelas cores. Mas não são edifícios como vemos pelo resto da Europa: são prédios e casas baixas como intencionalmente vemos na Dinamarca. Aliás, quando cheguei achava que tinha visto Estocolmo num ápice, por cima de todos os telhados bem cuidados. Com tantos rios bonitos e pontes que tornam a Suécia muito marítima. Por isto as gaivotas abundam por todas as ruas e sentam-se perto de nós. Para quem deseja evitar a confusão turística, não se demore na cidade velha.

Dicas sobre como ir, a partir de Portugal: terá quase sempre uma escala na Alemanha e os voos não são económicos (e demoram cerca de cinco horas). Mas, valem as milhas, de facto. O alojamento é bastante económico, se procura conforto, beleza, limpeza e localização central. A alimentação é de preço normal, aliás tudo o que vi foi abaixo do preço de alimentação e de acomodação em Portugal. Pessoas com dietas veganas e vegetarianas estão no país certo. Sabemos que o cenário português é gritante, mas quando conhecemos países escandinavos, chega a ser assustador como estamos muito mais caros que a Suécia, considerando os salários por comparação. Portanto, se achavam que ir à Suécia lhe saía caro, pode ir em “classe económica”. Distingo o Best Western Hotel, situado na rua mais movimentada e central de Estocolmo. Recomendo também que só use transportes públicos, não pelo preço do táxi (que é o mesmo que cá). O motivo é outro e é artístico.

Só na Suécia encontra as estações de metro mais artísticas do mundo. Várias estações têm arte futurista e ideológica, basta saber quais (podem perguntar-me no Instagram @sandra___figueiredo e agilizo a vossa viagem) e vá parando, fotografando e vivendo Arte. Durante 75 minutos pode usar um só bilhete de cerca de 3 euros e apreciar todas essas estações, porque cada estação muda completamente em cores, tema e ideologia. Demore-se nelas. E a segurança é plena, em toda a cidade.

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@sandra___figueiredo créditos: @sandra___figueiredo

Por outro lado, a terra viking tem uma arquitetura sóbria e marcada pelos sinos cristãos sonoros. Parece um paradoxo, mas é muito bonito. Esse paradoxo cultural e religioso é bem combinado no festejo mais aguardado em toda a Escandinávia: a celebração do solstício de verão. Fui lecionar no melhor Instituto Médico da Europa e consegui juntar as horas de luz (22 horas de luz por dia) para ver as celebrações do solstício. Muito interessante perceber o ritual de passagem assim: saltos por cima de fogueiras, com o céu noturno “aceso”, e grinaldas a enfeitar cabeças de todas as idades, suecos e turistas (até eu). E muita cerveja, eles adoram cerveja.

Interessei-me pela educação distintamente formal dos suecos (não me surpreendeu pelo que sempre ouvimos sobre esta população) e pelo cultivo da leitura e da ciência, em todo o lado. Mas também pelo sentido estoico de vida. Admito que nem percebi como são tão felizes quase sem stress percebido, ou quase impedidos de serem perturbados pelo que quer que seja. Talvez o facto de eu ter visitado a Suécia em pleno sol tenha ajudado. Mas disseram-me que não. Eles são mesmo assim. E é um estoicismo muito próprio e que guardam entre si e que ensinam às gerações seguintes (as crianças têm a mesma atitude): são pessoas que raramente olham para o lado, que se dedicam inteiramente em passeios de família. E os cães estão sempre no quadro bonito dos passeios. Todas as noites e todos os dias via os mesmos cães a serem passeados, com muito asseio. Uma nação assim, que cuida dos animais de estimação, tem um bom índice humano e de bondade. Os ex-Vikings têm outro ponto muito agradável para os turistas ambientalistas ou amantes da sustentabilidade: são uma cultura feita da terra, da natureza e do respeito por ela.

Enquanto no Instituto Karolinska, reparei que os especialistas emergem muito na tentativa de encontrar soluções para “a psicologia” das coisas, digamos. Partilhei “Portugal” com eles (e as nossas formas de ciência) e foram muitíssimo amistosos. Mas, desconhecem muito o nosso país. Ouvem falar bem, algo como “sermos pacíficos” e “termos o bom tempo”. Mas felicitaram-me, de imediato, pelo futebol português (isto foi antes da eliminação da Seleção). Eu acho que vivo num país mais ambicioso e que assim o deve ser, e que vai além do bom futebol. Mas os colegas cientistas suecos prometeram a visita a Portugal com muita vontade. Por ora, aconselho a viverem a Suécia enquanto as horas de luz são longas, sobretudo enquanto o sol é simpático nas terras a norte.