Bilhete-postal por Sónia Fernandes

No final do mês de janeiro, aproveitamos a interrupção letiva dos pequenos (com 5 e 8 anos de idade) para fazer uma viagem. Tinha pesquisado destinos europeus bons em Janeiro e muitos sites falavam de Roma, porque supostamente tem menos turismo (não sei se há mesmo uma época lá com menos turismo...) e porque só chove em média 7 dias no primeiro mês do ano. Tivemos sorte, porque choveu na semana antes de irmos e pudemos gozar alguns dias de muito sol.

Seis dias pode parecer imenso quando vemos publicações no Instagram que nos vendem a ideia que se pode visitar dez cidades italianas em só 15 dias. Sim, é possível, mas é só turismo de Instagram. Ou seja, significa chegar a um ponto de interesse, tirar uma fotografia gira e seguir para a próxima atração turística. É o tipo de turismo que encontrámos em Roma, mesmo no inverno.

Roma é realmente um museu ao ar livre. Não percebo nada de arquitetura e mesmo assim fico encantada com qualquer prédio, escultura ou fonte que se possa encontrar ao virar da esquina. Passear a pé nesta cidade é essencial para aproveitar tudo o que tem para mostrar. Apanhámos o metro uma vez ou outra por causa das crianças, mas mesmo assim andávamos em média 10 quilómetros por dia. Eu sei, é muito, mas íamos fazendo pausas em parques, em escadarias, a comer um gelado, etc.

Domingo no Vaticano

Era o último domingo do mês e como nesse dia não se paga para entrar em museus em Roma, aproveitámos para rumar ao Vaticano e aos seus museus, entre os mais visitados do mundo. Vimos na internet que a última entrada era às 12h30 (confirmou-se a chegar lá). Chegamos ao início da fila às 10h30 e entramos às 12h26. E atrás de nós estava uma fila com centenas de metros ainda. Não sei se respeitaram mesmo o horário das 12h30, mas de certeza que muita gente ficou à porta.

A Basílica de São Pedro é gratuita, mas queríamos ver a Capela Sistina, que faz parte do circuito dos Museus do Vaticano. Diria que é um dos sítios onde deve valer a pena pagar por um audioguia, mas como estávamos com crianças, ficámo-nos pelas placas descritivas.

No fim da visita, chega-se à Capela Sistina, e até lá, não faltam placas a apelar ao silêncio, então estivemos sempre a avisar as crianças. O problema é que foi o sítio mais claustrofóbico e barulhento onde estive em Roma. Entramos e fomos logo "agredidos" pelos guardas a gritarem "no pictures, no photos". Empurram-nos para o meio, para abrir uma passagem, mas a capela estava lotada. É uma sensação muito má. Um bafo de calor terrível e estávamos como numa lata de sardinhas.

Tinha alguma curiosidade para ver a capela (até tinha colado uma foto no caderno de viagem que fiz para os meus filhos), mas nem tivemos tempo para ficar lá dentro a apreciar a arte - é simplesmente desconfortável e deixou-me muito desiludida. Pergunto-me se é assim nos dias normais de visita. Na minha opinião, deviam controlar a entrada de pessoas e não deixar entrar tanta gente no seu interior. Vê-se que já não estamos no tempo de Covid.

Obviamente, tirei uma fotografia no fim, antes de sair, porque a proibição das fotos não tem nada a ver com a proteção das obras de arte, mas sim para as pessoas não se juntarem... proibição um bocado parva visto a experiência que tivemos.

Capela Sistina
A fotografia que a Sónia conseguiu "roubar" da Capela Sistina durante a sua visita créditos: Sónia Fernandes

À tarde, fomos visitar a Praça de São Pedro e a Basílica. Gostei muito da basílica e da sua imponência. À entrada, do lado direito, temos logo uma das obras de arte de Michelangelo mais conhecidas, a escultura Pietà que representa a Senhora da Piedade. Na parte subterrânea da basílica, podemos ver os túmulos dos antigos Papas.

Acabamos o dia sentados nas escadas que estão à volta da Praça São Pedro, a ver o anoitecer e a Praça a esvaziar-se.

A Sónia escreve no blog Cenas & Coisas, onde podem continuar a ler o relato da sua viagem em família a Roma.