O ambiente da casa do governador incentiva-nos a imaginar uma rotina de conforto no interior da sala enorme em contraponto à agitação do mar e do vento.
A disposição do mobiliário, a luz, as janelas... tudo encaminha o nosso olhar para o oceano.
Até o reflexo dos espelhos dos móveis de época duplicam o encanto e a visão do mar.
“O interior é muito bonito, é magnifico. O seu estado de conservação ajuda o visitante a entrar no espírito do período da construção da fortaleza e do seu momento áureo.”
Ainda na descrição da arqueóloga Andreia Conceição, coordenadora do Museu Marítimo, “a decoração não é a original, contudo os móveis são de época, dos séculos XVIII e XIX.
O objetivo foi recriar o ambiente do período em que o governador viveu ali e também o tempo de D. Carlos.”
O forte foi construído no final do seculo XVII e além da defesa da costa foi também palácio de veraneio da família real, em particular D. Carlos.
O Museu Marítimo dedica-lhe uma atenção especial, tendo em conta que o rei realizou quatro grandes campanhas oceanográficas nas águas de Sesimbra.
“Foram pioneiras a nível mundial no estudo dos oceanos. Nós guardamos essa memória e contamos uma narrativa associada ao pioneirismo do estudo e produção de conhecimento científico em torno dos oceanos.
Em Sesimbra foram encontradas várias dezenas de espécies inéditas para a ciência.
Temos um protocolo com o Aquário Vasco da Gama que nos permite ter uma pequena parte do acervo do rei D. Carlos em exposição.”
O museu expande-se por várias áreas da fortaleza, está organizado por temas e tem uma forte ligação à comunidade local, “um acervo muito importante e que respeita a memória da comunidade marítima de Sesimbra, quer material, quer imaterial.”
Ainda nas palavras de Andreia Conceição, o Museu “conta uma história com mais de 200 milhões de anos. Guardamos anzois com praticamente 5 mil anos que são alguns dos mais antigos da Europa. Documentamos e contamos os primeiros contactos desta zona com navegadores de outras partes do mundo, como por exemplo os Fenícios e também a presença dos romanos.”
Junta-se ainda parte de uma âncora com cerca de 5 mil anos.
O contacto com vários povos, a documentação, ilustração e material multimédia oferecem ao visitante várias perspectivas do universo marítimo.
“Nós pretendemos dar ou potenciar vários tipo de experiências aos nossos visitantes. A fortaleza é um edifício de 1642, do reinado de D. João IV. Está classificado como Imóvel de Interesse Público e em excelente estado de conservação. Visitar a fortaleza é uma experiência com uma vista para o mar única.”
A fortaleza abriu ao público em 2014 e dois anos depois foi inaugurado o Museu Marítimo.
Os visitantes podem percorrer várias construções no interior da fortaleza. Espreitar para um poço de água doce à beira mar e logo ao lado olhar para a parede com uma pintura que imita uma cantaria em pedra.
É da fase inicial da fortaleza, percorria toda a fachada virada para o mar e visava enganar os invasores sobre a resistência da construção.
Por último, sublinhe-se que o museu desenvolve várias iniciativas na fortaleza, como também nas ruas da vila, junto da comunidade local. Uma aposta que tem contribuído para mais de uma dezena de prémios nacionais e internacionais com que já foi distinguido nestes seis anos de atividade.
A Fortaleza do Museu Marítimo de Sesimbra faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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