A inscrição na lista, anunciada pela UNESCO durante um encontro em Rabat, Marrocos, representa um apelo aos respetivos governos para que cuidem e mantenham vivo este património ancestral.

Por mais de 155 anos, oito gerações de mestres acumularam conhecimentos sobre o preparo do rum cubano, para transmiti-los oralmente e na prática diária aos seus aprendizes.

Este rum leve, com teor alcoólico de 40%, é obtido a partir do melaço de cana e é envelhecido em barris de madeira antes do consumo.

A geração que atualmente guarda este conhecimento é composta por três primeiros mestres, sete mestres e quatro aspirantes.

Este grupo restrito é o repositório, guardião e transmissor do conhecimento originado com o boom agroindustrial açucareiro do século XIX.

"Para nós, mais do que orgulho, é o verdadeiro reconhecimento da tradição do rum cubano", disse por telefone à AFP o mestre Asbel Morales, 54 anos, ao saber da notícia.

O domínio masculino que prevaleceu por décadas neste mundo mudou com a presença de duas mestras e três outras aspirantes.

Cuba desenvolveu uma escola para mestres do rum concentrada no "Movimento dos Mestres do Rum Cubano", que participou da elaboração do dossiê apresentado à Unesco.

baguettes

A "baguette", vítima do seu sucesso

Já a baguete francesa, com uma crosta crocante e miolo fofo, é um produto relativamente recente: surgiu em Paris no início do século XX. Atualmente é o pão mais consumido em França.

Todos os anos, cerca de 6 mil milhões de baguetes são vendidas, o que significa que quase 12 milhões de consumidores pedem-nas nas padarias todos os dias. Cada baguete pesa aproximadamente 250 gramas.

Mais do que o próprio produto, a UNESCO premeia com esta distinção o "savoir-faire", a forma particular de preparar, amassar e assar este pão que sofreu, como tantos outros sucessos da culinária francesa, os abusos da industrialização.

Esta inscrição "celebra também toda uma cultura: um ritual cotidiano, um elemento que estrutura as refeições, um sinónimo de troca e convivência", reagiu a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.

"É um reconhecimento para a comunidade de padeiros e confeiteiros", explicou Dominique Anract, presidente da Confederação Francesa que reúne estes "artesãos" da farinha e do fermento.

O prémio é um reconhecimento às padarias tradicionais, que estão a encerrar em França, principalmente no interior.

Em 1970 havia cerca de 55.000 padarias artesanais (uma para cada 790 habitantes) e hoje há 35.000 (uma para cada 2.000 habitantes), segundo dados do Ministério da Cultura.