Numa das mesas do restaurante inundado, cujas águas chegam a atingir 50 centímetros de altura, Neung saboreia um porco assado. A refeição é interrompida com a passagem de um barco a motor pois as águas ficam agitadas. Para se proteger, Neung sobe para cima do banco. Assim que o perigo passa, volta a sentar-se.
Titiporn Jutimanon, proprietário do Chaopraya Antique Café, julgava que o seu pequeno estabelecimento - duramente atingido pela crise económica ligada à pandemia da COVID-19 - não iria resistir às grandes inundações que estão a afetar a Tailândia neste período de chuvas.
Contudo, fez do problema uma oportunidade ao ponto de, agora, ser necessário reservar com antecedência para poder ter uma experiência gastronómica com os pés na água neste restaurante.
O restaurante começou a ficar popular após Titiporn ter publicado um vídeo no Facebook. Filmado na esplanada inundada, o vídeo mostra a "agitação" de um almoço ou jantar no Chaopraya Antique Café devido às ondas constantes provocadas pelas várias embarcações que navegam pelo Chao Praya.
O vídeo tornou-se viral e "o conceito espalhou-se, rapidamente, graças ao boca a boca", conta o dono do estabelecimento à AFP.
"Eu fico aliviado. Se eu tivesse sido obrigado a parar de trabalhar de novo, teria fechado", explica, acrescentando que gerir um restaurante parcialmente inundado não é fácil.
"É preciso abrir caminho até às mesas e, no final do dia, limpar a lama que se acumula no interior", partilha Titiporn.
"O proprietário conseguiu transformar estas limitações numa oportunidade. Nós temos que apoiar", defende Neung, antes de voltar para o seu lugar.
A tempestade tropical Dianmu causou inundações em cerca de 30 províncias tailandesas, afetando mais de 300.000 casas e deixando nove vítimas. Mais tempestades são esperadas no país asiático na próxima semana.
Cerca de 50.000 restaurantes de Banguecoque tiveram de encerrar de forma definitiva, devido à crise provocada pelo coronavírus e devido às inúmeras restrições de viagens, segundo a Associação Tailandesa de Restaurantes.
Desde setembro, os estabelecimentos que sobreviveram à crise estão, de novo, autorizados a atender os clientes no local.
Comentários