O chef Tanka decidiu renovar a ementa da Casa Nepalesa e foi beber às origens, na família, para se inspirar na direção a tomar. Selecionadas algumas receitas-chave da mãe e da avó do chef Tanka (e do seu irmão, Yogesh, que assume a cozinha da Casa Nepalesa), o objetivo foi traçado: oferecer a quem vai ao restaurante uma proposta em tudo idêntica à que se come quotidianamente no Nepal. As melhores carnes e produtos portugueses são usados para elevar a proposta do restaurante.
Assim, surgem na ementa “as especialidades das nossas mães e avós”, em que são propostas iguarias como a “sopa de cabrito cozinhado em fogo lento durante várias horas”, inspirada na sopa que a mãe do chef Tanka fazia aos filhos em pequenos, quando estavam constipados. Rica em especiarias e extremamente apurada em matéria de sabores, é um regalo para os sentidos.
Como em tudo o que faz, o chef Tanka adicionou-lhe o seu toque pessoal, e serve esta sopa com yarsagumba ralado, um fungo raro (e muito caro, pois atinge os 45 000€ o quilo) que cresce nos Himalaias, entre os 3000 e 5000 metros de altitude, de benefícios comprovados para a saúde, numa versão “melhorada” da sopa de conforto das memórias de infância. Este segredo nepalês passa agora a poder consumir-se em Portugal, numa característica que também é parte da personalidade do chef Tanka Sapkota: a da divulgação da cultura gastronómica para todos, e a democratização de ingredientes de difícil acesso para o maior número de pessoas.
Além desta sopa de cabrito especial, que é servida com momos (os ‘dumplings’ que se comem no Nepal, e que neste caso, são recheados com carne de porco preto), são várias as receitas de família que podemos encontrar – como a Kachila (um tártaro de borrego temperado com especiarias e servido com gema de ovo Bio, ou o “Khasi Ko Bhutan”, miudezas de cabrito (que neste caso, é cabrito certificado transmontano DOP), salteadas com cogumelos frescos, uma entrada que a avó de Tanka Sapkota fazia regularmente em dias de festa - e que deixa até os mais céticos com uma sensação de agradável surpresa.
Os novos pratos nepaleses encontraram parceiros à altura nas melhores carnes portuguesas, do borrego do Alentejo ao cabrito certificado transmontano DOP, passando pelo javali de caça de Évora, que também é servido aqui, ao fim de 9 horas de fogo lento, com molho tradicional de caril. E há outros pormenores que fazem a diferença, como as especiarias moídas diariamente, na hora, com preceito e segredos. Ou o não ter medo de arriscar em sabores menos fáceis, como no legume Karela, que tem um amargor nem sempre consensual, mas que é um dos alimentos mais consumidos diariamente no Nepal.
“Achámos que chegou a hora de darmos aquele salto qualitativo na Casa Nepalesa, e arriscarmos. A qualidade dos ingredientes mantém-se intocada, mas quisemos tornar a proposta mais genuína, ainda mais Nepalesa”, explica Tanka Sapkota, proprietário da Casa Nepalesa e de outros três restaurantes italianos em Portugal, o Come Prima, o Il Mercato e o Forno d’ Oro. Ao lado do irmão, Yogesh Sapkota, a ideia é garantir que a Casa Nepalesa é a versão mais fiel da cultura gastronómica do Nepal em Portugal.
Fundada em 2010, a Casa Nepalesa conquistou um público fiel no nosso país. A partir de agora, é provável que sejam muitos mais os apreciadores da genuína comida nepalesa que se vão render a esta nova ementa.
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