Quis São Pedro trocar-nos as voltas e fazer chover naquela manhã – estamos à entrada de Ferraria de São João, uma aldeia que sempre se guiou através da fé. Preparávamo-nos para explorar a envolvente desta aldeia de Xisto e, por momentos, pensámos e agora? Percorrer a pé o Trilho do Rebanho (5 quilómetros) ocupar-nos-ia provavelmente toda a manhã. Que mais teria a aldeia para nos oferecer?

Apesar de já não irmos fazer o Trilho do Rebanho, encontramo-nos à mesma com o Luís e com a Filipa, ambos guias turísticos na empresa de animação turística Geonatur, que nos falam sobre a história de Ferraria, cujo nome provém da capela de São João, que era comum existir nas zonas rurais devido à relevância deste Santo na religião cristã. Os guias também nos falam da arquitetura da aldeia e partilham outras curiosidades.

Ferraria de São João
Ferraria de São João créditos: Ana Oliveira

Segundo Filipa, a arquitetura desta aldeia é “popular”, visto que a construção provinha do “saber fazer”. Tal como em outras aldeias de xisto, as casas eram construídas com a pedra local e aqui, por norma, tinham dois andares. O rés-do-chão servia para arrumos e animais (que ajudavam a aquecer as casas) e o piso superior já servia de habitação.

A Rota Turística e Gastronómica dos Queijos do Centro de Portugal tem como produto âncora o Queijo Serra da Estrela DOP, Queijo da Beira Baixa DOP e Queijo Rabaçal DOP.

Num total de 46 agentes, a rota propõe mais de 50 experiências8 roteiros pelas três regiões DOP.

Dizem-nos que a paisagem ao redor é bastante diversificada e há um destaque especial para os sobreiros que serviram de barreira contra os incêndios de 2017. Algo que por cá ninguém esquece.

E esta aldeia tem uma ligação muito especial com as cabras e a produção de queijo. Por isso, quando há maior produção de leite promovem-se workshops de queijo. Para saber mais sobre esta atividade, basta dirigir-se à Associação de Moradores onde também pode aprender a fazer pão em forno a lenha e conhecer uma das grandes protagonistas de Ferraria, a carismática Isilda Mendes, que é quem ensina a fazer o queijo ao lado de mais duas mulheres.

Ainda que pequena, a Ferraria de São João é uma aldeia que não para e que é muito dinamizada pela sua população. Percorrer trilhos, fazer workshops de queijo, visitar o sobreiral e explorar os currais tradicionais são só algumas das coisas que se pode fazer aqui.

Seguimos para Penela, onde não deixamos de visitar o Castelo (a Câmara Municipal promove visitas guiadas através de marcação) , porém, é à mesa que vamos saborear melhor a vila. Diz-nos o senhor Carlos, proprietário do D. Sesnando, que a chanfana e o queijo rabaçal são os ex líbris da região. Assim, começámos por comer deliciosas entradas preparadas com o queijo rei e, como prato principal, não podia faltar a chanfana. Entre as sobremesas que provámos, que incluiram, mousse de noz e leite creme, destaca-se o cheesecake feito com requeijão do Rabaçal.

Chanfana
Chanfana no D. Sesnando créditos: Ana Oliveira

A viagem de três dias ao sabor do queijo, termina na “A Queijeira do Rabaçal”, que se encontra em processo de modernização e que conta com uma equipa de 50 pessoas. A Queijeira terá sido a primeira queijaria a ser fundada no Rabaçal.

Desde a sua fundação, a queijaria procura dar continuidade à tradição do queijo Rabaçal, de forma a que se perpetue de geração em geração, ao mesmo que aposta na inovação, desenvolvendo novos sabores. Por aqui, encontramos queijos tradicionais a queijos com ervas aromáticas e piri-piri.

* O SAPO visitou a região Centro a convite da InovCluster