“Aqui trabalhou quase toda a minha família”, partilha Francisco Afonso, proprietário e mentor do projeto da Covilhã, New Hand Lab.

O New Hand Lab funciona como uma galeria de arte e espaço de coworking onde criadores de diferentes áreas desenvolvem projetos relacionados à cultura, artes plásticas, moda, turismo e eventos.

“Temos várias vertentes”, explica Afonso que, deste modo, deu nova vida à antiga fábrica de lanifícios da família, a António Estrela-Júlio Afonso, que laborou desde 1853 até 2002, ano que encerrou devido à crise económica que o país atravessava.

Foi para “não ficar mais um edifício ao abandono na Covilhã”, explica, recordando que foram inúmeras as fábricas do sector a encerrar na cidade.

Hoje, para além de ser um importante centro criativo, o New Hand Lab preserva a história da indústria de lanifícios da cidade.

Ruínas
Ruínas daquela que poderá ter sido a primeira manufatura do país e que remontam ao quarter do século XVII créditos: Ana Oliveira

Há exposições, criações que se relacionam com a indústria e também visitas guiadas que permitem aos visitantes conhecer o passado da fábrica e ver as máquinas antigas, os escritórios, laboratórios e parte do espólio técnico de Júlio Afonso (pai de Francisco).

New Hand Lab
New Hand Lab créditos: Ana Oliveira

Da Covilhã seguimos para o Fundão, para fazer uma prova de queijo na queijaria Beiralacte. Ao contrário dos queijos da Serra da Estrela, na Beira Baixa utiliza-se o leite da cabra charnequeira e da ovelha do Merino da Beira Baixa, ambos animais bem-adaptados à região. Entre os queijos que provamos, aqueles que mais se distinguem são o de Castelo Branco, por ser mais adocicado que os serranos e o Picante que, por ter um sabor e cheiro muito forte, é sugerido pela responsável comercial da queijaria com quase 30 anos, Roberta Godinho, que se coma em fatias “fininhas”. “Provoca uma explosão de sabores na boca. Preenche-a muito”.

Segundo a comercial, o queijo Picante “resulta de uma inovação devido à necessidade de conservação”. É que durante a época em que há mais leite (dezembro a junho), os produtores faziam muito queijo e como não conseguiam vender todos, tinham que os conservar e uma das formas era com sal. Conta-nos Roberta que, numa das vezes, aplicaram “mesmo muito”, o que acabou por transformar a substância e conferir “um sabor que parece que pica”.

queijaria Beiralacte
Queijaria Beiralacte créditos: Ana Oliveira

Havíamos de ficar a saber mais sobre o processo de fabrico do queijo, neste caso do da Serra da Estrela, no Museu do Queijo, que fica em Peraboa.

A Peraboa tem o Museu do Queijo
A Peraboa tem o Museu do Queijo
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Aberto há 12 anos e com visitas guiadas e degustação no final, o Museu propõe uma viagem pela história desta iguaria que deverá ter sido trazida para Portugal pelos romanos.

Outro restaurante inserido na rota, o Cabra Preta, permite-nos saborear o queijo da Serra da Estrela de várias formas, sendo a mais ousada aquela que o combina com o polvo assado.

Vale ainda a pena experimentar, no final, o “Manjar dos Pastor”, uma sobremesa que esconde um ingrediente secreto que terá de descobrir. Para tal, e depois de provar o pudim, terá que colocar sal e harmonizar com vinho. A sobremesa ganhará outro sabor que lhe poderá ajudar a identificar o ingrediente secreto.

Museu do Queijo
Museu do Queijo créditos: Ana Oliveira

A tarde será de passeio. É também o que se pretende com esta rota que tem como produto âncora o Queijo Serra da Estrela DOP, os Queijos da Beira Baixa DOP e o Queijo Rabaçal DOP: oferecer experiências ligadas à cultura das populações locais e que privilegiam ofertas que se misturam com a história, tradições, costumes e gastronomia tradicional do centro do país.

Assim, aventuramo-nos num tuk tuk por Castelo Branco para descobrir a cidade de uma forma diferente (afinal, aqui não existem muitos tuk tuks – só os operados pela Beira Tours), mas que igualmente nos conta a sua história e mostra os seus pontos de maior interesse.

Castelo Branco
Castelo Branco créditos: Ana Oliveira

O dia termina em grande num passeio de barco, que inclui uma degustação de queijos, em Vila Velha de Ródão.

Vamos atravessar as impressionantes Portas de Ródão?
Vamos atravessar as impressionantes Portas de Ródão?
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Atravessamos as impressionantes Portas de Rodão e apreciamos a paisagem rodeados de paz e silêncio. Para além de atração turística, as portas de Ródão servem de habitat para a maior colónia de grifos de Portugal e são um lugar privilegiado para a investigação de fauna e avifauna. Segundo o site do município de Ródão, podem se observar, no total, 116 espécies de aves.

A noite é passada no Amoras Country House em Proença-a-Nova que, para além de nascer da recuperação de uma casa do início do século XX, utiliza métodos sustentáveis como painéis solares e sistemas de rega.

Portas do Ródão
Portas do Ródão créditos: Ana Oliveira

“Participamos em tudo o que ajude a promover a região e o nosso espaço”, partilha Fernando Almeida, proprietário da unidade turística, justificando deste modo a razão de quererem fazer parte da rede da Rota Turística e Gastronómica dos Queijos do Centro de Portugal.

Lançada em junho deste ano, é nesta altura, entre outubro e novembro, que a rota oferece experiências mais completas por existir, neste período, uma maior produção de queijo.

Na manhã seguinte, seguiremos para a Região DOP do Rabaçal.

+ Recorde como foi o primeiro dia na região DOP da Serra da Estrela