A Casa de Pão de Ló de Alfeizerão está quase a fazer um delicioso centenário. Foi inaugurada em 1925 junto à então principal ligação rodoviária entre Lisboa e Porto e hoje continua a ser muito procurada.
Diz Carla Franco, que “há gente que vem de propósito de Lisboa comprar aqui o pão de ló. Há também quem vá também à praia de S. Martinho do Porto e depois passa por aqui. Outros procuram igualmente as nossas empadas de galinha.”
As empadas de galinha, a pastelaria para épocas festivas (e sem glúten) fazem parte da produção habitual.
No entanto, a fama da casa continua a ser a do pão de ló, o cremoso, e que, segundo a lenda, resultou de um acaso.
“Foi numa receção ao rei D. Carlos. As pasteleiras estavam tão nervosas que retiraram o pão de ló antes de tempo e saiu o atual Pão de Ló de Alfeizerão. O rei disse que nunca mais ia comer pão de ló confecionado de outra maneira.”
A preparação e cozedura original era a do mosteiro de Coz. O bolo fica mais alto e mais seco.
A Casa de Pão de Ló de Alfeizerão passou também a produzir nos últimos anos esta versão.
Carla Franco acrescenta que o feliz acaso passou a ser regra, com a receita e o modo de confecionar a chegar aos dias de hoje, “tal e qual. Fazemos tudo artesanalmente, nada é industrial. Partimos os ovos, ficam a bater mais ou menos 45 minutos com o açúcar e depois vai ao forno em forma de cobre.”
A produção começou em 1925 com uma sociedade com, entre outros, a detentora da receita e um padre. Mais tarde a sociedade foi alterada. O atual edifício é da década de 40.
As fotos antigas que estão numa sala da Casa do Pão de Ló revelam que se mantém a arquitetura do edifício térreo com cobertura de terraço. Assim como a casa das bombas de gasolina que fica mesmo ao lado.
O edifício da Casa de Pão de Ló de Alfeizerão está pintado de branco. A cantaria de tijolo, as janelas e uma área com vidro e uma estrutura metálica estão pintadas de vermelho.
No interior destaca-se o mobiliário antigo. Cadeiras de madeira com estofo verde e mesas com tampo de vidro.
“Mantiveram a traça. É tudo dos anos 40: os azulejos, as cadeiras, as mesas. Claro que o balcão é novo, mas foram mantidas estas madeiras.”
No interior há ainda azulejos originais que retratam várias atividades tradicionais relacionadas com a agricultura e pesca.
Durante muitos anos a casa foi conhecida pelos automobilistas por dois bonecos de madeira que estavam junto à entrada. “Foram restaurados, mas devido ao desgaste que podem sofrer no exterior, nós optámos por coloca-los no interior.”
São um rececionista e uma empregada de mesa, com roupa vistosa, um vermelho vivo e agora podemos vê-los numa sala ou estampados na caixa onde transportamos o pão de ló.
A doce e quase centenária Casa do Pão de Ló de Alfeizerão faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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