O orçamento dos portugueses para férias de verão em 2024 é de 1961€, um aumento de 20% face ao ano anterior. Apesar de ser o valor mais elevado de sempre, continua abaixo da média europeia de 2446€. Estes são os dados revelados na 23ª edição do Barómetro Anual de Férias de Verão da Europ Assistance, um estudo realizado em parceria com a IPSOS que pretende oferecer uma perspetiva global dos planos de férias em 21 países, 11 dos quais europeus.
Em termos europeus o orçamento português para férias é o 8º da tabela e, se considerarmos os 21 países inquiridos, Portugal fica-se pela 17ª posição. O orçamento mais elevado é o da Suíça, com 4.073 euros.
O mesmo estudo revela ainda que a maioria dos portugueses, contrariamente a 2023, têm preferência pelo território nacional no plano de férias (51%), já as viagens internacionais diminuíram, significativamente, passando de 54% em 2023 para 39% em 2024. Os destinos estrangeiros mais populares permanecem os mesmos em relação ao estudo anterior, com destaque para os países vizinhos, como Espanha (23%), Itália (10%) e França (8%).
Apesar de ter um dos orçamentos mais baixos desta análise, Portugal destaca-se como o país europeu mais entusiasta em relação a viagens, com 86% das pessoas expressando o desejo de viajar, em comparação com uma média europeia de 80%. Além disso, somos o país da Europa, juntamente com a Espanha, com a maior proporção de pessoas (74%) a planear fazer férias de verão. Por outro lado, Alemanha e Polónia são os países onde há menos pessoas a planear férias de verão, com apenas 63% da população a considerar essa possibilidade.
Por outro lado, os portugueses estão a planear as suas férias de verão com uma maior antecedência. Apenas 9% ainda não planearam as suas férias, e 4% afirmam que planeiam fazê-lo com menos de 15 dias de antecedência. O principal motivo para os portugueses reservarem as suas viagens mais cedo deve-se a razões económicas e à oportunidade de garantir melhores ofertas através dessa antecipação.
A inflação continua a ser o principal motivo a retrair as pessoas na hora de fazer planos Portugal é o país europeu onde o receio em relação à inflação é mais pronunciado (87%, mais 3 pontos percentuais em comparação com o ano anterior), e é também o país da Europa onde os preços elevados mais impactam o orçamento dedicado ao lazer. Como resultado, em toda a Europa, Portugal é o país que mais ajusta os seus planos de viagem, reduzindo os custos com alojamento, com 70% a optar por opções mais económicas, enquanto a média europeia se situa nos 58%.
A Covid-19 já é uma preocupação menor na Europa (31%), mas ainda bastante significativa em geografias como a Índia (67%) ou a Ásia (61%). A inflação e os riscos relacionados com conflitos armados são os principais fatores de risco no momento de viajar. De salientar também outros dois fatores que surgem nas preocupações dos viajantes: o facto de alguns locais estarem a ficar demasiado quentes devido às alterações climáticas e a ascensão de partidos extremistas/populistas em países democráticos. Na Europa, estas preocupações foram mencionadas por 52% e 41% dos inquiridos, respetivamente. Em Portugal, os valores são mais elevados, com 66% e 57%, respetivamente.
Em Portugal, o automóvel permanece como o meio de transporte mais utilizado para as férias, representando 55% das preferências. Foi também o único país europeu onde o avião registou um decréscimo (- 5 pontos percentuais). Outra tendência observada este ano é que a praia continua a ser a opção mais popular para as férias de verão em Portugal (64%), tendo mesmo crescido quatro ponto percentuais nas escolhas.
Portugueses são os mais empenhados na sustentabilidade
Em 2024 os portugueses são dos mais empenhados, a nível europeu, em continuar a contribuir para a diminuição dos impactos ambientais, económicos e sociais das suas viagens, seguido de Itália e Espanha. Portugal é mesmo o país que revela (94%) maior intenção de adotar comportamentos responsáveis para não desperdiçar recursos locais.
Contudo, a nível europeu verifica-se grande distância entre as intenções e as ações em matéria de preocupações ambientais, com questões como o preço ou a conveniência a imporem-se.
Uma tendência que está a surgir com particular força na Europa é o Slow Tourism, especialmente em França, Portugal, Polónia e Itália. Este é um tipo de turismo mais sustentável que procura enfatizar a ligação às pessoas, culturas, gastronomia e música locais. No nosso país são já 77% os que manifestam interesse em reservar algum tempo para explorar a história e a cultura locais, apoiando simultaneamente o ambiente.
Outra tendência que está a emergir é a motivação gastronómica nas viagens. Itália e Portugal são os países onde esta tendência é mais visível, com 49% e 47% das pessoas, respetivamente, a mencionarem essa apetência.
Por outro lado, em Portugal verifica-se uma redução na intenção de trabalhar a partir do local das férias, menos 12 pontos percentuais face a 2023, sendo apenas a intenção de 25% dos respondentes nacionais. Esta intenção é similar nos restantes países da Europa, menos na Suíça e no Reino Unido, onde as intenções sobem para os 35% em ambos os países.
O 23.º Barómetro Anual de Férias de Verão da Europ Assistance foi realizado pela Ipsos, através de um inquérito online a 21 000 indivíduos (amostras nacionais representativas de 1.000 pessoas por país) na Europa (Alemanha, Itália, França, Áustria, Bélgica, Espanha, Polónia, Portugal, Chéquia, Suíça e Reino Unido), na Ásia (Índia, Singapura, Malásia, Hong Kong e Japão), na Oceânia (Austrália), na América do Norte (EUA e Canadá) e no Médio Oriente e Norte de África (Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos). A pesquisa foi realizada entre 27 de março e 22 de abril e tem como objetivo investigar os planos de férias e as preferências de viagem dos consumidores.
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