Situado na Praça da Alegria, no coração de Lisboa, o edifício do Maxime poderia, facilmente, passar despercebido, não fosse pela placa luminosa com o seu nome destacado a vermelho. No entanto, assim que se passa pela porta principal, estamos de volta aos anos 50, num ambiente burlesco e provocador.
O Maxime é agora um hotel, mas não esquece a história daquilo que foi e isso nota-se em cada canto. O grande balcão mantém-se, memória de outros tempos, em frente encontrámos o restaurante e ao fundo o palco que, todas as semanas, recebe espetáculos de burlesco que animam os jantares. O palco tem um mural com bailarinas pintado pela artista Alexandra Prieto, além do letreiro luminoso com a palavra Maxime que não deixa esquecer o espírito boémio do espaço. No primeiro piso há um pátio exterior em jeito de refúgio, o The Boudoir Garden Bar, perfeito para aproveitar as noites quentes de verão longe das plumas e da animação do bar interior.
O hotel tem 75 quartos, distribuídos por cinco pisos, cada um com um quarto temático. O Burlesque, com um candeeiro de plumas; o Bondage, com mesas de cabeceira que parecem baloiços e decorado com algemas, chicotes e máscaras; o quarto temático Bar onde existe uma mesa com fichas de apostas; o Stage com uma cama redonda rodeada por focos de luz, que parece um palco e, o quarto de Carmen e Lola, que foi nosso por uma noite, o Dressing Room.
Assim que entrámos no quarto sentimos que estamos no quarto de vestir de uma artista que saiu para um espetáculo. Há leques, acessórios de cabelo, corpetes e xailes deixados para trás, assim como castanholas, os sapatos e as cartas do admiradores. Parece que Carmen e Lola acabaram de sair para um espetáculo e voltarão no fim da noite, após o último aplauso, mas isso não vai acontecer e, esta noite, somos nós as estrelas deste quarto.
O espelho iluminado faz lembrar os camarins de outros tempos, onde as divas do burlesco se maquilhavam e faziam penteados complexos, antes de cada atuação. É mais do que apenas um quarto, é um camarim de artista, de divas do burlesco, de estrelas de um espetáculo que se revive em cada recanto do hotel. É uma viagem no tempo, a celebração dos anos 50, da música, da dança e da vida boémia.
Publicado originalmente a 21 de maio de 2019.
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