Assim que chegámos ao litoral do Piauí, percebemos que o encanto vai para lá das praias e do bom tempo. Sentimos que existe um espírito comunitário, uma preocupação partilhada pelo meio ambiente e que estamos em segurança. Estas sensações criam a vibração certa para entrarmos em “modo férias” e relaxarmos, da mesma forma que podem criar laços que nos farão sentir que pertencemos a este lugar.
Foi o que aconteceu ao casal proprietário do Bobz Boutique Resort, unidade onde ficámos no primeiro dia da nossa aventura. O resort de luxo, situado no Cajueiro da Praia e interligado à Praia de Barrinha, permitiu-nos entrar num ritmo mais desacelerado e relaxado. Entre comes e bebes, conversámos com os proprietários, Adriane e Bob Ziegert, oriundos de São Paulo. Habituados a passar férias no Piauí, decidiram, certo dia, instalar-se ali de vez e abrir o Bobz para que outros pudessem experienciar o destino como eles.
Hoje, o sítio onde Adriane e Bob se refugiavam da vida intensa de São Paulo é uma unidade de luxo eco-friendly que se foi expandindo aos poucos. Para além de acesso direto à praia, o Bobz Boutique Resort conta com duas piscinas, spa, restaurante e sala de estar para todos os hóspedes. As suites, em estilo rústico-chique, diferem entre si e em comum têm uma televisão por cabo, ar condicionado, wi-fi e varanda. Alguns dos alojamentos têm vista para o jardim, enquanto outros têm para o mar.
E a partir da serena Praia de Barrinha há muito para aproveitar. Começamos logo pela praia, que tanto serve para um mergulho ou para a prática de kitesurf, o desporto rei da localidade. Claro que ficamos com vontade e curiosidade de experimentar a modalidade, porém, segundo o instrutor Marcos, da BGkite School, são necessárias pelo menos cinco ou seis horas de aulas para podermos passar para a parte mais prática e 20 a 30 horas para nos tornamos independentes. Deste modo, aprender ou praticar kitesurf podem ser bons motivos para umas férias no litoral piauiense, mas não serão os únicos.
Próximas ao resort, encontram-se outras praias como a da Barra Grande e a do Cajueiro, que tem o nome do nome do município. O município, Cajueiro da Praia, é conhecido como um paraíso ecológico, atraindo quem procura viajar de forma mais consciente e sustentável. Segundo o Turismo do Piauí, o nome do município deve-se a um pé de caju que deveria ficar numa ponta de uma praia e que serviria de referência para quem por ali passava.
Atualmente, outra árvore ganhou destaque: o Cajueiro Rei, considerado o maior do mundo devido aos seus 8.810 metros quadrados.
E já sabe: se se apaixonar pelas paisagens, sabores e estilo de vida do Cajueiro, é possível que regresse a este lugar tal como Bob e Adriane fizeram ao longo de anos.
O casal acabou por se fixar na comunidade, mas, claro, não tem de seguir todos os seus passos até porque, a cerca de oito quilómetros, em Parnaíba, já há um hotel com “dedo” português: a Casa de Santo Antônio Hotel Boutique.
Conta-nos o proprietário, o português Mário Vieira de Carvalho, que se apaixonou pelo Piauí “à primeira vista”. Corria o ano de 1999, Mário tinha férias e a empresa para onde trabalhava – uma operadora turística – lugares por preencher no primeiro voo charter que iria realizar para o Brasil. Assim, o chefe perguntou-lhe se não queria aproveitar para ir conhecer Fortaleza, que era o destino do voo. Mário, que nunca tinha ido ao Brasil, aceitou o convite e inspirado no livro que lia na altura, Sul, de Miguel Sousa Tavares, alugou um buggy e foi de Fortaleza até Natal.
“Gostei imenso da aventura de vir pelas praias, pelas trilhas, do calor, das águas quentes, do sol, da simpatia das pessoas…”, partilha durante o pequeno-almoço no seu hotel de charme, revelando que só um ou dois anos depois é que descobriu o Piauí. “Apaixonei-me aqui pela região que é hoje conhecida pela Rota das Emoções, que vai desde Jericoacoara até aos Lençóis Maranheses, e pensei em fazer aqui duas pousadas: uma em Camocim [Estado do Ceará], para conhecer a parte mais nascente da Rota das Emoções e outra aqui, em Parnaíba, porque é o centro da Rotas da Emoções, é o Delta, e senti-me aqui bem. Foi uma paixão à primeira vista”, conclui.
Para além de integrar atrações e experiências no litoral do Piauí e do Ceará, a Rota das Emoções inclui também a costa do Maranhão. São cerca de dois mil quilómetros de estrada que passam por praias e bela paisagens dos três estados. Criada em 2005, a Rota nasce de uma iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Ministério brasileiro do Turismo, juntamente com empresários do setor destes estados do nordeste, com o objetivo de promover o turismo na região e atrair mais visitantes para os mesmos.
“A maior parte dos nossos clientes é o que vai fazer a Rota das Emoções ou então vem fazer o Piauí”, explica-nos Mário. “Vai para Teresina, depois vem para aqui (Parnaíba), porque está a fazer o Parque Nacional das Sete Cidades”.
Com 22 suítes, a Casa de Santo Antônio nasce em 2013 da recuperação de um edifício do início do século XX. “Por ano, vejo duas a três famílias portuguesas”, refere Mário, que acredita que o destino precisa de mais divulgação e voos. “Vamos tendo cada vez mais produto que justifica uma estadia maior.”
“Hoje, o Piauí é apenas um ponto de passagem da Rota das Emoções. Então, o que eu aconselharia: os lençóis [maranheses] são lindíssimos. Aqui, para além da revoada dos Guarás, tem outros passeios no Delta, tem as praias e o passeio das dunas”, sugere acrescentando com otimismo que as “coisas fazem-se aos poucos”.
“Somos uma alternativa e, hoje, com os preços das coisas na Europa, sobretudo na vertente praia, continuamos a ter preços muito atrativos desde que o aéreo tenha preços atrativos”, finaliza.
Ainda pouco conhecido a nível internacional como destino turístico, o estado, considerado o coração do Nordeste brasileiro, oferece turismo de sol e praia, natureza, cultura e boa gastronomia.
Para descobrir mais sobre este destino, leia: os tesouros e as histórias que o Piauí quer partilhar connosco.
O SAPO Viagens visitou o Piauí a convite do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e da VBRATA (Visit Brazil Travel Association)
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