O The Student Hotel vai funcionar como residência para estudantes e hotel para outro tipo de hóspedes. O espaço ainda vai ter estúdios para estadias de média e longa duração. O SAPO Viagens voou até Amesterdão para conhecer melhor o conceito que está a romper com as regras da hotelaria tradicional.
O The Student Hotel Amsterdam City, inaugurado dia 15 de abril, é o hotel mais recente da cadeia que pretende estabelecer-se em Portugal. O Porto será só a primeira morada do The Student Hotel (TSH) no país. Charlie MacGregor, CEO e fundador do TSH, quer também chegar a Lisboa. Assim, e se tudo correr conforme o previsto, em 2018, o TSH abrirá portas no Porto e, em 2019, em Lisboa.
O projeto no Porto já está em andamento, porém o lugar onde ficará não chegou a ser anunciado durante a inauguração do novo hotel em Amsterdão, pois o negócio ainda não está fechado. Todavia, uma fonte oficial do hotel, que optou por ficar no anonimato, deu-nos uma pista: “perto da estação da Trindade”. A fonte ainda lembrou que o TSH de Amesterdão foi outrora uma gráfica de jornais e, sem mais acrescentar, deixou clara a hipótese: a sede do Jornal de Notícias.
O TSH do Porto juntar-se-á a mais 11 unidades do grupo de MacGregor, empresário escocês de 40 anos. Atualmente, o grupo detém sete unidades, quatro na Holanda, duas em Espanha e uma em França. No verão deste ano, o grupo vai abrir mais um espaço na Holanda, em Groningen. Em 2017, seguir-se-á Eindhoven (Holanda), Florença (Itália) e Maastricht (Holanda).
Lisboa terá que aguardar. Embora a capital esteja nos planos de MacGregor, apresenta mais barreiras: é mais cara que o Porto e não oferece edifícios tão grandes. Sim, o espaço é fulcral. Cada TSH tem entre 350 a 400 quartos. E é suposto que cada hotel tenha cinco áreas: estudantes (residência), hotel, Stay Awhile (estúdios), restaurante, The Classroom (sala de reuniões) e o co-working (ainda em desenvolvimento).
Mas o que é que o TSH tem que outro hotel não tem?
Inovação. O TSH nasce de uma fusão entre hostel, hotel e residência universitária. Nas palavras de MacGregor, “tem a atmosfera de um hostel e a qualidade de um hotel”. No fundo, a ideia é juntar o melhor dos três e permitir um intercâmbio cultural entre estudantes e viajantes de lazer ou de negócios.
User experience. MacGregor, que começou a trabalhar no ramo de alojamento para estudantes com o pai, percebeu que estes estavam dispostos a pagar mais para terem mais qualidade e instalações divertidas. Também tinha consciência que esta era uma fase importante nas suas vidas. Segundo o escocês, “as pessoas constroem relações e fazem grandes amigos para o resto das suas vidas” nesta altura. “Podíamos criar o nosso produto baseado no que os nossos clientes queriam”, concluiu. Com a ajuda do pai, adquiriu o seu primeiro espaço de alojamento para estudantes em Liege, na Bélgica, em 2006. Seis anos depois, nascia o primeiro TSH em Roterdão. Tudo porque as leis holandesas são muito restritas face ao alojamento para estudantes. O novo conceito começou como forma de contornar as regras e burocracias holandesas.
Identidade. Quem o visita capta de imediato a sua essência. O TSH é um jovem cool, com muito boa onda e amante de design. Filho de um meio muito urbano, aprecia as artes de rua e tem espírito empreendedor. Tem uma mente aberta, gosta de aprender e, claro, de se divertir. É arrojado, digital e dinâmico.
Design. Cria um ambiente inclusivo e estimula a criatividade. Esqueçam o convencional. Há peças por todo o lado “fora do lugar” a assumirem novas funções. Depois há a mistura entre o moderno e o vintage, as cores arrojadas com os tetos inacabados, como se de um armazém abandonado se tratasse. Há paredes cobertas com posters, outras têm frases ou grafiti. Os livros também fazem parte da decoração. Na lavandaria, há o canto para as meias perdidas. Os espaços são funcionais, originais e agradáveis. E é como se cada objeto transmitisse uma mensagem.
Dinamismo. O TSH é um espaço sempre em evolução. Começou por ser uma residência para estudantes e quando MacGregor percebeu que tinha de ser um hotel, alargou-o para mães e pais. “Se os pais eram bem-vindos por umas noites, então qualquer pessoa deveria poder hospedar-se no hotel”. O negócio alargou-se quando dois trabalhadores da Nike procuraram MacGregor. “Recebemos um americano de 23 anos que ia trabalhar aqui para a Nike durante três meses e que nos perguntou: ‘ei, olhem, eu não sou estudante, mas posso ficar no vosso hotel?”. MacGregor disse que não e explicou que era só para estudantes. Entretanto, dois dias depois surgiu uma nova rapariga, que também trabalhava na Nike, a perguntar o mesmo. Assim nasceu a área Stay Awhile. Agora começam a surgir as salas de reunião (The Classroom). Em breve, todos os TSH terão espaços de co-working (ambiente de trabalho para quem não tem um escritório fixo).
Lema. O espaço, o design, no fundo, todo o ambiente procura estimular e despertar o estudante em nós. Assim, quer sejamos ou não estudantes, o TSH procura passar a mensagem de que “talvez o estudante em nós nunca morre”. De acordo com o MacGregor, mais do que ser um, importa o espírito de estudante: otimista e entusiasta. “Isso é o mais importante."
Motivação. O TSH nasceu da vontade de ser "a casa" dos estudantes foras dos seus lares.
Comunidade. O hotel procura envolver a comunidade à sua volta a fazer parte da atmosfera TSH. “Encorajamo-los a conectar com os estudantes”, assim como encorajam os estudantes a desenvolver projetos que também possam beneficiar a comunidade envolvente. E MacGregor recorda e justifica a abertura do espaço co-working. “O Facebook nasceu neste tipo de ambiente, descontraído, entre estudantes”.
Mais 40 estabelecimentos até 2020
MacGregor investiu 60 milhões de euros para construir o The Student Hotel Amsterdam City. Com o mais recente hotel, a empresa tem a seu cargo cerca de três mil quartos na Holanda, Espanha e França. E não se quer ficar por aí. O CEO espera inaugurar mais 40 unidades até 2020.
O SAPO esteve no The Student Hotel Amsterdam City a convite do hotel.
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