Continuamos neste gap year a todo o vapor pelo Ribatejo. Começámos por falar sobre Santarém, mas há muito mais para ver além da lezíria!

Desta vez exploramos a margem esquerda do rio Tejo, mais conhecida por charneca — que se estende até ao sul do Ribatejo e faz fronteira com o Alentejo. Por aqui vais encontrar vastos eucaliptais, pinhais, sem falar dos sobreirais de perder de vista.

A postos? Próxima paragem: Golegã. Qualquer caminho que te leve até à Golegã é mais genuíno quando em contacto direto com a natureza, seja de comboio, de bicicleta ou mesmo a pé se o tempo assim o permitir. Um lugar pacato. Não se ouve muito mais que o chilrear dos pássaros, a água do rio a passar ou uma máquina a lavrar a terra lá ao fundo nos campos de cultivo.

Explorar o Ribatejo
créditos: Christi Ashley-Sing

Quem aqui vive, geralmente sobrevive de negócios maioritariamente agrícolas. Aliás, a sua localização central entre Santarém e Tomar acabou por ser a razão da expansão da vila. Os solos são muito férteis e irrigados pelo rio Tejo e o rio Almonda. Golegã é também a casa da maior feira do cavalo (celebrada em novembro) e dos famosos temperos da Paladin. É perfeitamente normal ver alguns goleganenses a fazer as suas tarefas rotineiras de cavalo.

Se fores entusiasta de fotografia, como nós, a casa-estúdio Carlos Relvas é um bom ponto de partida. Deixa-te encantar na arrojada casa transformada num estúdio arte déco deste experimentalista, que muito contribuiu para novas técnicas de impressão e iluminação. Relvas tirou os retratos de camponeses a aristocratas da sua época e fotografou também monumentos, paisagens e animais.

Golegã
Centro da Golegã créditos: Andreia Prino
Casa-estúdio Carlos Relvas
Casa-estúdio Carlos Relvas créditos: Andreia Prino

A fotografia é uma das várias ferramentas que podes utilizar no teu diário de bordo. Muitos gappers eternizam a viagem na memória dessas imagens. Imagens que contam histórias das pessoas que conheces pelo caminho ou de momentos marcantes. Há quem goste igualmente de pintar ou escrever. Na Gap Year Portugal é certo e sabido que damos extrema importância a quereres perder-te durante a tua jornada, mas sempre sem esquecer de igualmente encontrares o teu propósito.

Se decidires passar por estas bandas no teu gap year, também a OngaTejo pode ajudar neste passo. É uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo sensibilizar os jovens para as questões do meio ambiente e preservar os recursos naturais e a biodiversidade. Tem até projetos para diminuir a pegada ambiental das empresas locais e apostar num turismo mais sustentável. Quem sabe pode ser um destes o teu superpoder!

Para pernoitar, acreditamos que o parque municipal de campismo prolonga esta conexão com a natureza e a comunidade do sítio. A envolvência rural e a simplicidade do espaço não te vão desiludir.

Castelo de Almourol
Castelo de Almourol créditos: Leonor Rodrigues

Para o dia seguinte, guardamos uma dica especial: almoça no restaurante Almourol e visita no topo da ilha o mais místico castelo das redondezas. Antiga moradia da ordem dos templários, algumas escavações arqueológicas no seu interior descobriram vestígios de ocupação romana e da idade média. Toma atenção ao nível da água, se estiver baixo podes ir a pé, se estiver alto tens de pagar bilhete de barco.

Somente 20km acima, tens a barragem de Castelo de Bode e a praia fluvial da Aldeia do Mato, ambos perfeitos para quem gosta de estar rodeado de vegetação densa. Canoagem ou hipismo são
alguns exemplos de lazer imperdíveis por aqui.

Nem tudo na nossa vida deve ser ruído, movimento ou companhia. Há que equilibrar com algum silêncio, tranquilidade e magia interior. Como podemos verdadeiramente apreciar uma cidade sem experienciar uma pequena vila e vice-versa? Muitas vezes é quando presenciamos o sentido coletivo de família numa aldeia que transportamos essa mesma proximidade lá para o nosso prédio da grande metrópole.

Barragem Castelo Bode
Barragem Castelo Bode créditos: Christi Ashley-Sing

Esperamos ter-te inspirado durante uns minutos com esta aventura em pleno coração de Portugal. E se no final da leitura sentires um bichinho para ir fazer as malas, então o nosso dia já está ganho!

Texto por: Andreia Prino Pires

Foto de capa: Diogo Prino