São novos tempos para Ponta Delgada, vista sempre como porta de entrada para a ilha de São Miguel, onde se pode mergulhar em águas quentes (Ferraria), apreciar quedas de água e belas lagoas, como a das Sete Cidades e a do Fogo, comer o cozido das furnas, as lapas e os bolos lêvedos, entre tantas outras coisas, muitas delas, obras da natureza. Agora, Ponta Delgada quer ser mais do que um ponto de passagem na ilha.
São novos tempos para São Miguel, afinal - e confirma quem lá vive -, nunca existiram tantos turistas a visitar a ilha. A mudança não se sente só no tráfego do Aeroporto João Paulo II.
Em Ponta Delgada renascem hotéis, nascem filas nos restaurantes e cruzam-se novos olhares. Desperta-se também em quem lá vive o amor pela terra e pela cidade. Há orgulho no olhar dos de lá por causa da nova vaga turística. Como se o olhar dos micaelenses dissesse: finalmente. Finalmente, o resto do mundo olha para os Açores.
Suposições à parte, há orgulho e vontade de receber os de fora e a consciência de que o agora é a hora certa para acordar a cidade.
Novos olhares sob os velhos lugares e novas perspectivas
Desde 2011, São Miguel é ponto de encontro de criadores de diferentes lugares, quadrantes e disciplinas, graças ao festival Walk & Talk Azores. Da reunião e partilha criativa nascem obras inéditas em consonância com a natureza, a cultura e a comunidade local. Este ano, o Walk & Talk estendeu-se à ilha Terceira.
Depois, surgiu o festival Tremor que, para dar a conhecer São Miguel ao mundo, espalhou concertos por toda a ilha. Em 2018, realizar-se-á a sua quinta edição. Para além dos concertos, deverão ser esperadas outras iniciativas.
E assim potencializam-se os lugares comuns, dando-lhes uma nova luz e foco. É o caso das ruínas do Hotel Monte Palace, cujo chão serviu de tela para o artista catalão Javier de Riba, em 2016, no âmbito do Walk & Talk.
Do mosaico hidráulico em tons de azul e amarelo pintados por Javier de Riba apenas restam vestígios. Mas o Monte Palace continua a atrair turistas, que, curiosos, passeiam pelos pisos do antigo hotel e, de onde foram em tempos quartos, apreciam a vista para a Lagoa das Sete Cidades.
Ponta Delgada vai ganhando mais vida e pontos de interesse turístico vão sendo “acordados”, tal como o Jardim António Borges, que, através do Jardim Sagres Fest, voltou a ser frequentado e procurado por quem habita na cidade e por turistas.
Leia também: Jardim Sagres Fest, uma entrada para o novo mundo de Ponta Delgada
Este é um jardim histórico, construído entre 1858 e 1861, que fica situado mesmo no centro de Ponta Delgada. Tinha sido esquecido pela população devido à má fama que foi ganhando. Depois das obras de recuperação terem terminado em 2005, o festival veio ajudar a limpar a imagem do Jardim.
Para além dos habituais pontos de interesse turístico, começam a surgir novos pontos, que nascem das mãos de pequenos empreendedores.
O Quarteirão
Talvez seja cedo para chamar de bairro, mas é mais um passo na afirmação da cultura urbana de Ponta Delgada. O Quarteirão é a zona comercial alternativa de Ponta Delgada, impulsionada por Vítor Marques e Mário Roberto, proprietários da Miolo - Livraria, Galeria e Editora. É uma área de cultura, lazer e bem-estar.
Neste Quarteirão, há ateliers de arquitetos e de designers, restaurantes, um espaço de Yoga, galerias, como a Miolo, e lojas-ateliers de moda. Há também uma pequena praça, onde os arquitetos italianos Orizzontale criaram estruturas de madeira de criptoméria que servem de entrada na travessa, mas também de bancos, mesas e espaços de convívio.
O Quarteirão é delimitado pelas ruas Machado dos Santos e Guilherme Poças Falcão e distribuído pelas ruas d’Água, Pedro Homem e Carvalho Araújo.
La Bamba, a única record store dos Açores
De uma loja centenária nasceu um espaço moderno que surpreende à medida que se entra. Da entrada, parece apenas uma simples loja de artesanato onde se podem comprar presentes originais. Aos subirmos os degraus, há vinis, leitores, rádios, polaroids, entre outros produtos. Para além de poder comprar discos ou outras lembranças, é também o lugar para quem quer trocar ideias sobre música.
Morada:
Rua Manuel da Ponte, 23
924 590 227
Aberto de segunda a sábado das 10h às 20h
Trazer o passado até ao presente
O Louvre Michaelense era uma loja centenária e emblemática de Ponta Delgada que acabou por encerrar após um período de decadência. Reabriu em 2016, renovado, mas a respeitar a traça original e como loja de produtos regionais e cafetaria.
Morada:
Rua António José d’Almeida, 8
938 346 886
Aberto todos os dias das 10h às 20h
O SAPO Viagens visitou a ilha de São Miguel a convite do Centro Regional de Atividades Criativas dos Açores (CRACA)
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