Vergílio Ferreira nasceu aqui e apesar de ter permanecido poucos anos as vivências em Melo são várias vezes pretexto para referências literárias.
O próprio escritor salientou a afeição à sua terra natal numa carta ao presidente da Câmara de Gouveia acrescentando que Melo moldou a sua sensibilidade.
Não é assim de estanhar que quisesse ser enterrado aqui e, a seu pedido, com o caixão virado para a Serra da Estrela.
Ao andarmos por Melo percebemos melhor esta ligação, em particular com a presença permanente da Serra no dia a dia da povoação.
A casa onde Vergílio Ferreira nasceu foi profundamente alterada. Fica próximo do largo com o pelourinho e a Casa da Câmara.
A capela não está longe como também um solar que foi escola primária e por onde Vergílio terá passado.
Nesta altura, Melo tinha muita gente, serviços e algumas fábricas, conforme nos contou Luís Filipe, um habitante da aldeia, também ele com uma história curiosa porque criou aqui um Museu dedicado à carpintaria artesanal.
Luís Filipe não conheceu pessoalmente Vergílio Ferreira mas era vizinho dos pais e até se lembra de terem comprado um Taunus e, como o pai do escritor não conduzia, recorria com frequência a um familiar.
Os pais tinham entretanto emigrado para os Estados Unidos e Vergílio Ferreira ficou com duas tias durante alguns anos. Aos 12 anos de idade Vergílio Ferreira ingressou no Seminário do Fundão, tema de Manhã Submersa.
As tias e Vergílio viviam na Vila Josephine, uma derivação americanizada de Josefa, o nome da mãe.
Esta casa é também referida com frequência nas obras de Vergílio Ferreira e está em frente de uma praça muito grande onde estão duas esculturas dedicadas a Vergílio Ferreira, uma delas é uma estátua do escritor dirigido para a casa.
O autor da Manhã Submersa morreu em 1996 e a Biblioteca de Gouveia, que tem o nome do escritor, criou um roteiro que passa por Melo.
Esta iniciativa já levou alguns milhares de visitantes à terra natal de Vergílio Ferreira.
Em Gouveia há uma outra referencia nas artes evocada pelo município. É o Museu Municipal Abel Manta que tem o espólio do pintor que nasceu em Gouveia em 1888.
Esta reportagem foi efectuada antes dos incêndios de Outubro que atingiram Melo.
Melo: a aldeia eterna de Vergílio Ferreira faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Melo: a aldeia eterna de Vergílio Ferreira, pode ouvir aqui
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