Outro exemplo, este bem real, é o de Aristides de Sousa Mendes que nasceu em Cabanas de Viriato e aí foi sepultado.
O reconhecimento (tardio) do seu comportamento exemplar, e dos valores humanistas que evitaram a perseguição e morte de milhares de judeus na II Grande Guerra, é também motivo de orgulho para a população de Cabanas.
Todos conhecem a história ou a família, todos têm uma relação de partilha e todos falam com respeito do conterrâneo que não esqueceu a sua terra e até trazia pedras de Bordéus para Cabanas para construir o Cristo-Rei.
Este monumento está a dezenas de metros da Casa do Passal.
É um edifício do séc. XIX, com um terreno grande em volta, pertencia à família de Aristides de Sousa Mendes e foi tomado pela banca nos anos 50 do século passado, quando o antigo Cônsul foi ostracizado pelo regime por não ter acatado a Circular 14 de Salazar, que não permitia a concessão de vistos aos refugiados judeus (este documento foi também o pretexto para a Circular 14: The Apotheosis of Aristides, uma composição de música clássica).
A casa ficou ao abandono, em ruínas e, meio século depois, foi recuperada.
O objetivo é fazer uma casa museu sobre a ação de Aristides de Sousa Mendes e sensibilizar as gerações mais novas para a temática dos direitos humanos.
A casa vai ser também a sede da Fundação que está provisoriamente no edifício em frente, Campos Lobo, uma antiga escola primária.
Na melhor das hipóteses, o museu só estará a funcionar em 2019. Uma alternativa é o museu virtual.
A Casa do Passal, declarada monumento nacional em 2011, o Cristo-Rei, o cruzeiro de 1140, que se encontra nas proximidades da casa, e a evocação de Aristides de Sousa Mendes são motivos que levam a Cabanas um número crescente de visitantes. Após a abertura do museu, a expetativa é que aumente a curiosidade e atraia mais visitantes.
Cabanas tem mais razões para ser visitada.
Há vários solares, alguns com quintas grandes e capelas particulares, e em bom estado de conservação. Há outros que estão abandonados, em que a decadência ofusca a fortuna e a ostentação do passado.
A zona mais antiga da vila tem muitas casas de pedra, com balcões. É aqui que está o cruzeiro e, uns metros à frente, a casa da dona Palmira Gomes que tem na parede um chafariz.
Antes, a água era tirada de um poço por uma bomba de água, exatamente no lugar onde agora passa a estrada.
Um dos quarteirões mais interessantes de Cabanas é na Rua Viriato, onde estão os bombeiros.
Além de se ver um carro antigo de combate a incêndios, o lugar oferece-nos ainda um solar com uma das fachadas mais interessantes e uma capela privada.
Uns metros à frente, uma surpresa: o teatro. Foi fundado em 1884 e continua a ser uma das salas para uso polivalente e a aposta é que continue por mais anos devido ao projeto de requalificação.
Foi a partir deste teatro que nasceu um evento marcante em Cabanas de Viriato: a Dança dos Cus.
Membros de uma companhia de teatro festejaram nas ruas o sucesso de uma peça, já noite dentro e ao som de uma valsa.
O desfile improvisado passou a tradição de Carnaval, com a valsa a marcar o ritmo de cada folião a bater com o seu traseiro no de outro.
Uma outra entidade cultural centenária é a Sociedade Filarmónica.
Cabanas de Viriato faz parte do concelho de Carregal do Sal e está a 6km da sede de concelho.
Cabanas de Viriato é de homens de fibra faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Cabanas de Viriato é de homens de fibra, pode ouvir aqui.
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