A Livraria Esperança está num palácio do século XVI e as capas dos livros estão espalhadas por estantes, corredores, paredes.
Parece um estendal porque muitos livros estão presos por molas. Enchem mais de 20 salas. Adianta Cátia Câmara que é “a maior livraria da Europa com os livros expostos de capa.
É como uma montra de bolos. O que come primeiro? São os olhos. Numa livraria é a mesma coisa. Se tivermos a capa exposta chama muito mais a atenção.”
Cátia refere ainda que este tipo de exposição dos livros, à mão de cada um, permite que cada visitante possa tocar nos livros.
“É uma das lutas diárias que tenho com alguns pais que dizem aos filhos para não tocarem nos livros. Eu digo toquem, mexam, o intuito é esse. Se querem que as crianças ganhem o gosto pela leitura, as crianças têm de mexer nos livros.”
Cátia Câmara é a bisneta do fundador e responsável pela Fundação Livraria Esperança. O projeto já vai na quarta geração e teve inicio há 137 anos. Começou como livraria e tipografia. Ao longo do tempo foi ampliando o espaço e o número de títulos.
Uma das regras é substituir cada livro vendido por outro título igual, desde que não tenha esgotado. É por isso que encontramos aqui obras raras, “que mais ninguém tem em todo o país.
Temos edições já comparáveis a alfarrabistas. Em número de títulos somos talvez a maior livraria em Portugal.” São mais de cem mil títulos “sem contar com as sobras.”
O sistema informático de pesquisa dá uma grande ajuda porque nos perdemos nos corredores ou em pequenas salas. Há a indicação nos três pisos das mais de 70 secções e algumas ocupam um espaço muito alargado.
“Por exemplo o espaço infantojuvenil ocupa um andar inteiro. Mas temos outras secções também grandes, como romances, psicologia, sociologia. Se fossemos estender no chão o que temos, toda a área seria superior a um campo de futebol.”
É uma surpresa para muita gente quando se depara com o acervo dos livros mais a arquitetura do palácio, com vitrais e tetos de madeira, alguns com decoração que concorrem na atenção com as capas dos livros.
“É um palácio do século XVI e temos obrigatoriamente de manter as suas caraterísticas originais. Quem olha para a porta da rua não imagina o que vai encontrar no interior e as pessoas ficam surpreendidas”.
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