Viagens inusitadas e corajosas como as dos exploradores "urbex", que vão até lugares abandonados. Sérgio Alcântara (@contosdomal e @sergioalcantara75) é um destes viajantes e está a estrear-se como escritor. Há um ano a preparar os contos, o pré-lançamento do livro é precisamente no dia 31 de outubro. E sabem qual o título? Contos do Mal.
Vamos levantar um pouco da máscara do que aí vem?
Sobre o livro "Contos do Mal", o que podemos esperar?
O livro será um primeiro volume com os 26 contos iniciais (13+13 - não, não é coincidência) e para além dos textos em si, terá também fotos referentes aos locais que inspiraram as histórias. Os contos baseiam-se em histórias de mulheres, homens e crianças que, algures na sua existência, encontraram o mal num qualquer cruzamento da vida e saíram derrotados.
O mal não é algo sobrenatural, o mal é uma coisa diária e bem real e por vezes transforma-nos em monstros que nunca seríamos, episódios que são mais banais que julgamos.
Acima de tudo, o livro pretende abordar a beleza decadente dos locais, a sua tristeza melancólica e mostrar o que poderia ter acontecido naqueles cenários, envolver quem o lê, sentindo o mesmo arrepio que senti, a mesma presença opressora que me fez companhia na sombra. Seja sobrenatural ou psicológico…
Lançamento: data, lugares, nome da editora?
O primeiro volume dos Contos do Mal tem pré-lançamento marcado para a noite de Halloween, 31 de outubro. O porquê do pré-lançamento? Porque sabemos ter um grupo de fãs especiais que acompanham os Contos do Mal desde o início e merecem ter acesso a informações privilegiadas e à cópia em primeira mão, com preço especial. Assim, até dia 31 temos abertas as inscrições na lista VIP. Quem assinar a newsletter tem acesso a adquirir antecipadamente o livro pelo preço promocional. Depois com do lançamento oficial, o valor será diferente.
Trata-se de uma edição limitada da Bloomer Books, preparada arduamente durante o último ano, com muito sofrimento, sangue e maldade a escorrer por entre as páginas...
A partir de janeiro está prevista uma série de apresentações do livro (datas e locais a anunciar).
Como o contexto urbex determinou a inspiração do livro?
O livro surge de visitas e fotografias tiradas em locais abandonados. Começou por ser uma brincadeira de um conto ficcionado e, dada a aceitação no Facebook, decidi criar uma página específica para os contos do mal. Passado pouco tempo surgiu o convite para editar em livro. Tem sido um caminho moroso mas finalmente as coisas estão na reta final.
Quais as fotografias mais apelativas, sendo o Sérgio um fotógrafo de estilo urbex?
As fotos que aprecio mais são relacionadas com a arquitetura dos lugares, com o jogo luz/sombra e alguns detalhes mais pessoais que ainda se encontram nesses locais.
Como reagiria a críticas de outros exploradores urbex?
Felizmente, não tive muitas críticas negativas por parte de colegas do urbex. Só me recordo de uma situação, que me surgiu indiretamente, mas que relativizei. O urbex em Portugal é um meio muito pequeno. Praticamente todos se conhecem, ou pessoalmente ou o trabalho uns dos outros. Acho que as críticas negativas são decorrentes de uma ideia errada de concorrência, quando na verdade devemos valorizar e passar a informação do respeito pelos sítios. O urbex veio para ficar, é uma atividade praticada por muita gente. A função dos elementos mais experientes penso que deva ser a "formação" dos mais recentes. Pela positiva. Cada um tem o seu estilo, de fotografar e de ver os locais. No meu caso, a vertente mais diferenciadora é a escrita ficcionada, não há muita gente a fazê-lo em Portugal. Gostem ou não, só peço que respeitem. Nada mais.
Halloween e "Contos do Mal", há ligações?
Todos os contos do mal são facilmente enquadráveis no ambiente de Halloween. Confesso que não sou grande apreciador desta tradição importada. Aliás, nós temos uma riqueza enorme na tradição oral, passada de geração em geração, sobretudo nas zonas mais rurais do nosso país, que não necessitamos de importar o que quer que seja...
Em alguma viagem exploratória sentiu arrepios?
Por várias vezes. Não sou uma pessoa de dar grande atenção a esses tipos de sentimentos, mas não os descarto. Aliás, nos Contos do Mal, tento sempre que possam ser interpretados de ambas as formas. Numa vertente psicológica/psiquiátrica para os mais céticos ou numa vertente mais esotérica/espiritual para os crentes.
Efetivamente, há locais que nos deixam com um arrepio na espinha... Sítios onde nós sentimos indesejados, sem razão aparente. E o facto de explorar maioritariamente a sós, potencia essa possibilidade de sensação.
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