Broas é uma aldeia medieval com pouco mais de uma dezena de habitações, currais e pequenas instalações que serviam de armazéns agrícolas.
Todas as construções são em pedra.
Hoje, muitas já não têm telhados e a vegetação abundante vai tomando conta da encosta.
O mais resistente é o freixo rodeado de bancos de pedra e que servia de ponto de encontro da população.
O abandono da aldeia foi há cerca de 40 anos e ao longe já nem se dá conta das casas porque está envolta de árvores e arbustos.
Circula-se com alguma facilidade entre o casario e o caminho de acesso é também interessante pela paisagem e pela vegetação abundante.
Hoje Broas é um local de visita mas o último habitante não tem grandes saudades da aldeia. Diz que andava por lá a cortar silvas e cavar a terra.
Encontrei-o em Almorquim, a aldeia que fica a cerca de meio quilometro de Broas, e estava na conversa com mais duas pessoas, exactamente no caminho para a aldeia onde viveu 10 anos e saiu de lá após a morte dos sogros.
Tem terrenos junto à aldeia mas há três anos que não vai lá e não manifesta qualquer pena. A mulher que nasceu na aldeia vai lá quase todos os dias. Ela tem mais apreço pelo lugar embora nos últimos anos não goste tanto por causa dos estragos que os visitantes estão a causar.
A aldeia não oferecia grandes condições de vida, nem sequer tem estrada de acesso, o percurso é feito por um caminho de pedras que demora cerca de 15 minutos até Almorquim.
A população dedicava-se à agricultura e à pastorícia e duas vezes por dia iam levar o leite a Almorquim.
Os locais dizem que antigamente ninguém ia a Broas, agora não acham nada de mais ver casas de pedra ao abandono, Dizem que só vale a pena pela paisagem da serra, pela vista para Cheleiros e para o vale onde passa o Rio Lisandro ou então para um piquenique.
Para a visita sugerem as paisagens e o poço, a cerca de 50 metros da eira de pedra e seguindo um caminho estreito que nos leva de regresso a Almorquim.
O poço é muito fundo, tem uma cobertura de pedra com uma abertura grande onde antes havia uma porta de madeira para evitar a queda de pessoas e animais.
Este caminho de regresso é por arvoredo muito denso, por vezes com pequenas descidas íngremes, mas a passagem foi facilitada porque colocaram pequenos declives.
A aldeia de Broas tem ainda uma outra particularidade, o seu território está divido entre dois concelhos: o de Sintra e o de Mafra e a ausência de sinergias contribuiu para o seu empobrecimento.
Por último, o nome de Broas deve-se à morfologia do terreno nesta zona onde há elevações com formato de cone ou “broas”.
Aqui encontra informação mais detalhada sobre a história da aldeia e do contexto sócio-económico da região.
Broas - a aldeia abandonada às portas de Lisboa faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Broas - a aldeia abandonada às portas de Lisboa , pode ouvir aqui.
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