O café Luiz da Rocha está numa rua pedestre, a porta principal é giratória e expressa bem o universo onde vamos entrar. Um espaço com alma, com histórias e cumplicidades de muitas gerações.

Café Luiz da Rocha
créditos: andarilho.pt

Por isso, há um forte simbolismo nos dois pisos. Em cima é o restaurante. No piso térreo é o café e pastelaria com mesas de mármore preto e cadeiras de madeira. Com gente a conversar calmamente, alheia ao permanente corrropio de pessoas que vão ao balcão comprar doces.

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O café mais antigo de Beja foi fundado em 1893 por Luiz da Rocha. Natural de Vagos, foi para Beja aos 14 anos, para a casa de um doceiro. Aprendeu com ele e recuperou também o legado da doçaria conventual. Foi também esta uma das heranças que deixou até aos dias de hoje.

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Segundo António Leandro, Luiz da Rocha “tinha muito jeito para a pastelaria e dedicou-se muito a isto. Para além da doçaria conventual ele também deixou doces da sua criação. O mais conhecido é a queijada de requeijão. Não é propriamente uma receita dele, mas a nossa tem um toque e um sabor diferente.”

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No entanto, o mais emblemático é o porquinho doce. “Da nossa casa e da doçaria regional. Corre mundo pela mão dos nossos emigrantes.”

Uma placa afixada numa parede do café assegura que a Confeitaria Bejense de Luiz da Rocha foi fundada em 1893.

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Outra evocação é do fundador, com uma fotografia e um texto descritivo da relação afectiva da comunidade local com o café.
António Leandro é o presidente da administração da cooperativa Os Trabalhadores Unidos que gere o café desde 1976.

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“Na altura vivia-se uma fase conturbada em termos políticos. Tinha acabado de ocorrer a revolução e as pessoas que estavam à frente desta casa, a entidade patronal, viu que não tinha condições para satisfazer as reivindicações das pessoas que aqui trabalhavam. Havia salários em atraso e outras coisas que não estavam a ser cumpridas. Viram que não tinham condições para continuar e muito amigavelmente passaram-nos isto. Formamos uma cooperativa e assim nos temos mantido.”

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Na altura eram 38 trabalhadores. Hoje são mais de 40.

“Entretanto abrimos uma outra casa e foi este o compromisso que tivemos com as pessoas, de fazer uma cooperativa e continuamos.”

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A restauração promove a gastronomia regional, mas o mais sedutor é a pastelaria com o balcão repleto de doces e um vai e vem permanente de pessoas a comprar e a levar.

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Muitos dos doces têm um toque especial, para utilizar a expressão de António Leandro, e o conhecimento tem sido transmitido entre os pasteleiros de geração em geração ao longo destes 130 anos.

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Beja: o emblemático Café Luiz da Rocha faz 130 anos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.