Diogo Santos e Fábio Inácio, viajantes profissionais e fotógrafos, começaram esta empreitada no Cabo da Roca, foi de lá que saíram a 22 de maio e é lá que pretendem completar uma volta a Portugal de bicicleta.
Mas, antes de começarem a pedalar, já tinham alimentado esta proposta através de conversas durante o período de confinamento, até porque "a ideia de viajar está sempre na nossa cabeça", conta Fábio. "Como somos líderes de viagem e todos os nossos planos no estrangeiro foram cancelados, começámos a pensar em algo para fazer depois do confinamento e, no meio de muitas outras ideias, surgiu a ideia de fazer a Estrada Nacional 2 de bicicleta que, rapidamente, evoluiu para uma volta a Portugal", explica Diogo.
O desafio seria “viajar de uma maneira que nenhum de nós domine, aí apareceu a bicicleta”, indica Fábio. “Depois surgiu a ideia de dar uma volta de 360° e mais tarde a ideia de pisar os 18 distritos de Portugal continental”, conclui.
E, como uma ideia nunca vem só, os viajantes decidiram contar a jornada através de um podcast que pode ser ouvido no Spotify, além de irem retratando vários momentos do percurso nas suas contas de Instagram.
“O podcast surge através do desejo de contar a história desta viagem e aproximar as pessoas das nossas aventuras e peripécias. Numa altura em que todos ficámos, de certo modo, presos em casa, queríamos dar algo às pessoas para que se sentissem lá fora, a viajar connosco, mesmo que dentro de casa”, refere Diogo.
Um constante sobe e desce
A dupla encontra-se neste momento a descer a Estrada Nacional 2 (EN2) em direção a Faro, depois ter subido até ao Norte pela costa, além de ter explorado Gerês, Chaves e Viseu.
“A verdade é que descobrimos que Portugal é um constante sobe e desce, aliás é mais sobe, sobe, sobe e desce. Apesar disso, tem sido bastante prazeroso, a bicicleta exige uma certa calma a viajar. Ao mesmo tempo, por vezes, sentimos uma certa prisão por parte da bicicleta, há lugares que gostávamos de explorar melhor e que só estão acessíveis a pé e o facto de termos as bicicletas com as nossas coisas não nos permite explorar tanto quanto gostaríamos”, descreve Diogo.
“Temos encontrado uma rede de passadiços, ciclovias e ecovias gigante. Depois, de bicicleta estamos muito próximos da população, o que cria uma interação gira, o nosso GPS muitas vezes é mandar parar carros. Em regra, é seguro e tranquilo, tirando as estradas mais movimentadas. O sobe e desce mata porque parece que o desce não existe, mas temos ido a lugares lindos”, salienta Fábio.
A reação das pessoas com quem se vão cruzando tanto na estrada como na internet também não poderia ser melhor. “Muitas pessoas enviam mensagens pelas redes sociais a agradecer as nossas stories e podcasts animados. Pela rua toda a gente quer ajudar, a comunidade de motards que passa por nós, principalmente desde que estamos na EN2, é incrível”, afirma Fábio.
“As pessoas já nos conhecem e falam connosco e muitas delas já fazem parte da viagem, oferecem-nos casa para dormir, jantares, conversas. Já sentimos que existe uma certa ligação ao projeto e isso é muito bom! Mesmo quem não nos conhece e nos aborda na rua fica entusiasmado com a nossa viagem, já tivemos ótimos momentos de interação”, completa Diogo.
“O próprio percurso é a viagem em si”
“As maiores dificuldades são, sem dúvida, as dores... no rabo. Toda a gente dizia que nos habituávamos e até agora já passaram 24 dias e nada, claro que já não dói tanto, mas dói. De resto, não sinto mais dificuldades”, indica Diogo.
Fábio salienta a situação atual de pandemia. Por conta do COVID-19, “não conseguimos alojamento numa noite em que estava a chover; nessa noite acabamos por ter javalis perto das nossas tendas, o que foi giro”, conta Fábio.
Enquanto vivem peripécias vão somando quilómetros, já eram mais de 1.300 quando responderam às questões do SAPO Viagens, mas não têm um roteiro definido.
“Sobre tempo, quilómetros diários, onde vamos ficar amanhã, esse planeamento não acontece, a liberdade é o que mais queremos com esta viagem e como temos tempo estamos tranquilos. Não temos muito dinheiro, mas temos todo o tempo do mundo”, denota Fábio.
“Em relação ao sentimento da viagem em si, permite-nos apreciar e conectar muito mais com os sítios por onde passamos, por ser uma forma de viajar mais lenta e mais ‘presente’, a forma como se sente a estrada ou o caminho é mais forte do que se fosse de carro, o próprio percurso é a viagem em si”, remata Diogo.
Podem continuar a seguir esta viagem através de @thefilmtraveller, @walkingaround.pt e do podcast 360º - Portugal no Pedal.
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