Chego a Vung Tau no fim de semana e deparo-me com uma imensidão de pessoas na praia. Quando chego, já passa das cinco horas da tarde, e, ao que parece, os vietnamitas gostam mais desta hora do dia para se deslocarem à praia.

A praia está cheia de gente como nunca antes tinha visto e há muito baralho. Vung Tau não se parece nada com um sítio para relaxar. Ao menos a praia, que não desilude, está bem localizada para ver o por do sol, que é deslumbrante, apesar de toda a "bagunceira" que parece estar a acontecer bem atrás de mim enquanto me foco nos tons laranja e vermelhos que o céu começa a apresentar.

Não se vê um único fato de banho ou biquíni na praia. As mulheres vão todas tapadas com calças e t-shirts. Alguns homens também cobrem o corpo todo, isto apesar de o sol até já nem estar assim tão forte. Não é por questões religiosas que o fazem como na Malásia, mas sim porque os vietnamitas têm uma “obsessão” por pele branca.

Nos supermercados, todos os cremes são para branquear a pele, nas motas não andam nem com um dedo de fora, tudo porque ser branco aqui é sinal de beleza e quanto mais branco mais bonito se é.  É por isso que é muito raro avistar vietnamitas na praia nas horas mais intensas de calor.

Normalmente os turistas acham esta obsessão parva, porque no ocidente queremos mais é ser bronzeados, mas, se pensarmos bem, a lógica é a mesma, não existissem produtos a prometer um bronze invejável. E o objetivo é o mesmo: mostrar sinais de boa vida. Por cá, o bronzeado é sinónimo de vida de praia; no Vietname, ter a pele branca é a prova de que não se trabalha ao sol.

Não aconselho uma visita a Vung Tau durante o fim de semana pois a confusão é grande e relaxar não será decerto a palavra de honra. Como também lá estive em dias da semana, vi bem a diferença no número de pessoas.

Se é para aproveitar o local, o melhor é visitar em dias mais calmos. Vung Tau tem várias praias, e a minha predileta foi a Nghinh Phong, uma praia pequenina com pouquíssima gente. A maioria da população concentra-se nas praias grandes. Em Nghinh Phong consegui relaxar e aproveitar o sol: era das poucas pessoas no local e a única com a pele à mostra. A imensidão de pessoas concentra-se na Front Beach, a ideal para observar o por do sol e na praia O Quan, que tem uma extensão de areia tão grande que só a vi do lado mais próximo ao Cristo Rei de Vung Tau.

O Cristo rei de Vung Tau é uma das principais atrações turísticas da cidade. Consiste, como o nome diz, numa estátua de Jesus de dimensões avultadas, erguida num dos pontos mais altos que a cidade tem. E, dessa montanha, a vista é bem encantadora.

Para lá chegar existe uma escadaria composta com mais estátuas alusivas à religião cristã, mas não sabia da existência destas, e fui lá ter pelo caminho menos convencional. É um caminho sempre a subir, no início, por entre casas que se assemelham a barracos e depois por entre caminhos feitos de pedras e terra. Mas pelo lado menos convencional consegue-se ter uma vista bem mais interessante com a maior praia de Vung Tau em vista e o contraste entre os vários tons de azul que o mar exibe assim que se aproxima da costa para dar lugar a prédios e pequenas casas que se encontram debaixo de nuvens escuras que adivinham uma tempestade para vir.

A vista do ponto mais alto onde se encontra o Cristo não é a melhor de todas já que está toda coberta com árvores majestosas que já devem chamar aquele sítio de casa há largos anos. Estas árvores estavam todas em flor aquando da minha visita, portanto, não me importei nada que elas tapassem vista. Ainda por cima adoro esta flor que me traz boas memórias dos países que tenho visitado no Sudeste Asiático. Cheiram tão bem! Cobrem o chão de branco e amarelo e proporcionam desejadas sombras para aguentar o calo abrasador que se faz sentir. No topo existem inúmeros banquinhos de pedra. Sentei-me num deles para apreciar a natureza.

Desci pela escadaria. Apesar de ainda serem algumas escadas, faz-se melhor este caminho do que o menos convencional. Foi após descer esta escadaria que encontrei a tal praia mais reservada. Enquanto estive nesta praia vi três grupos distintos de estudantes vietnamitas que se vestiam com t-shirts brancas e calções de design igual, mas cada grupo com uma cor diferente. Passaram horas e horas a tirar fotos com um fotógrafo que lhes foi dando instruções. Parece ser uma prática comum por estes lados…

Para além da praia, também existem vários templos a acompanhar a costa. Visitei quase todos os templos à medida que ia percorrendo a costa a pé.  E fui a única pessoa a fazê-lo.

Vung Tau é um sítio muito calmo durante a semana. Na estrada há poucos carros e motas. É durante a semana que Vung Tau se torna, finalmente, num lugar relaxado com as árvores cobertas de flores a espalharem um cheiro muito agradável por todo o lado. Achei Vung Tau um sítio muito colorido.

Portanto, Vung Tau até consegue ser um lugar agradável, com largos passeios ao longo da costa bons para fazer exercício e agradáveis para fazer uma corrida ou para, simplesmente, andar com vista para o oceano já que, ao contrário de Ho Chi Minh, os passeios não são invadidos por motas. O melhor é mesmo visitar durante a semana para uns dias relaxados.

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