Ainda durante a fase de planeamento do que viria a ser a nossa viagem de 8 meses no Sudeste Asiático, eu já falava em comprar uma mota e percorrer o Vietname em duas rodas. Ainda sem malas feitas nem voos marcados, a Ana, que via ainda distante a possível concretização desses meus típicos devaneios, assentia com o “hum, hum” típico de quem não estava muito para aí virado. Chegamos a Ho Chi Minh, no Sul do Vietname próximo do dia 27 de Janeiro, data do meu aniversário. Não havia como dizer que não. A minha prenda de aniversário foi a Roberta, nome com o qual carinhosamente batizamos a nossa mota que nos levaria a explorar o Vietname de sul a norte.
Esse dia teve o único intuito de procurar a minha nova mota. Entrámos e saímos de muitas oficinas, gastámos horas até encontrar o sítio certo com a moto certa. Isto não é um negócio que se faça do pé para a mão. Final do dia e finalmente o negócio estava fechado. Faltava arrancar e seguir o nosso caminho. Estava entusiasmado. Queria partir para a aventura!
Poucas vezes tinha conduzido motas. Já tínhamos alugado scooters algumas vezes para passeios curtos na Tailândia e no Camboja mas sempre com mudanças automáticas. Mas não era bem isso que tinha procurado desta vez! Não compramos uma “máquina”, mas pelo menos esta já exigia alguma coordenação no ato de meter mudanças.
Não há melhor sítio para aprender a conduzir do que uma cidade com cerca de 5 milhões de motas registadas. O nosso primeiro dia de viagem foi também o dia em que aprendi a manejar o veículo. Atámos as duas mochilas na traseira da mota, aconchegamo-nos os dois no acento e entre muitas aselhices e maçariquices lá conseguimos deixar Ho Chi Minh (passadas 3 horas de trânsito infernal). Finalmente, tinha começado a aventura!
Percorremos um total de cerca de 3000km. Fomos desde o fundo da terra às montanhas mais altas, passando por campos de arroz, praias, pequenos povoados, aldeias, vilas e grandes cidades.
Era impressionante a quantidade de paisagens diferentes que conseguíamos observar em apenas algumas dezenas de quilómetros. E nós fazíamos parte daquela paisagem.
Acho que é isso que define uma viagem de mota! Sentir o vento na cara a cada metro, o sol a queimar a pele e até os mosquitos a baterem de frente na viseira – sentir a paisagem e fazer parte dela. Para além de conseguirmos aceder a sítios que, de outra forma, não teríamos acesso, quer pela facilidade que este de veículo apresenta em se locomover nos diversos tipos de terreno, quer pela liberdade que permite. Estávamos por nossa conta. E nós gostamos disso!
Ho Chi Min, Mui Ne, Da Lat, Nha Trang, Hoi An, Da Nang, Hue, Parque Nacional de Nha Ke Bang, Ninh Binh, Halong Bay e Hanói, a Roberta levou-nos a todos estes locais maravilhosos e muitos, muitos mais. Ainda que com alguns problemas técnicos pelo caminho, normais numa mota que já deve ter feito aquele percurso e o contrário vezes sem conta, a Roberta proporcionou-nos momentos incríveis e muitas histórias. Despedimo-nos do nosso veículo em Hanói por ser mais fácil a venda nesta cidade e partimos em direção a Sa Pa, a nossa última paragem antes de entrar no Laos.
Foi um misto de dores no corpo, sabor de liberdade e êxtase a cada paragem que fazíamos em sítios diferentes. Esta viagem de mota foi uma das experiências mais desgastantes e ao mesmo tempo mais divertidas de toda a nossa estada no Sudeste Asiático.
Vê mais algumas destas paisagens na nossa galeria “Vietname: um país recheado de história e beleza natural”. E se quiseres saber mais sobre a nossa passagem por este país podes encontrar as nossas histórias aqui. Não deixes de seguir as nossas aventuras no Facebook ou Instagram!
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