Desta vez paramos na sombra de dedo estendido por cerca de 5 minutos, foi bem rápido até conseguirmos uma boleia. Eram dois homens num carro, um deles falava pouco inglês e outro nem uma palavra. Eram irmãos, mas como a comunicação não estava fácil por causa da barreira linguística, não sei mais sobre eles. Foram muito simpáticos e levaram-nos às dunas apesar de ser um desvio no seu caminho. Tiramos selfies, demos boas risadas e abandonamos o veículo com a excitação ao máximo pois as dunas brancas de Mui Né estavam mesmo ali ao nosso lado e eram imponentes.
Faz muito calor, portanto, não se veem muitas mais pessoas para além de nós por aqui. Turistas nenhuns. A areia queima, mas em contra partida temos um cenário fotográfico todo só para nós, sem pegadas a estragar os padrões ondulantes que o vento vai desenhando neste cenário desértico. As dunas são enormes. Vê-se areia até perder vista. É um local que não esperava encontrar no Vietname, e este género de paisagem é encantador.
Tínhamos o cenário encantador todo para nós até que... aparece um jipe a percorrer as dunas. Estão literalmente a arruinar a paisagem toda deixando buracos dos pneus por todo o lado, o que nos estava a irritar, confesso. Mas quem é o idiota que vem para aqui estragar a nossa vista e o nosso silêncio? Idiota mesmo pois acabaram por ficar presos na areia. Não é que lhes estivéssemos a desejar mal, mas até que já estávamos a prever o cenário pois as dunas têm grande declive, e a chance de a areia soterrar as rodas é grande. Aconteceu!
No entanto, como somos boas pessoas, depois das fotos todas que queríamos tirar fomos ajudar, ou pelo menos tentar porque a nossa ajuda não valeu de muito. Eram dois jovens vietnamitas e de inglês falaram zero, o que tornou a situação toda muito engraçada. Portanto estávamos nós, três raparigas, a escavar na areia para tentar libertar as rodas do jipe e, apesar de várias tentativas e muita areia por todo o lado, a hora que lá passamos a tentar ajudar não adiantou de nada.
Enquanto lá estávamos os dois jovens vietnamitas conseguiram ajuda de mais uns cinco jovens bem magros, com ar de quem não tem muita força. Eles também tentaram ajudar, mas cinco minutos após perceberem que não estava a resultar "abandonaram o barco". Ora já lá estávamos há um tempo e a situação não estava a melhorar portanto pouco tempo depois também tivemos de abortar a missão. No entanto foi bem engraçado todo o processo pois as nossas conversas através de Google Tradutor eram hilariantes já que cada frase escrita pelos vietnamitas não fazia sentido nenhum. Frases como "o Gato está alto", ou outras coisas sem nexo, que proporcionavam momentos de gargalhadas entre as três. Seguimos o nosso caminho não sem antes tirar uma selfie com o "Bola", Ball em inglês, e o seu amigo que nem fazemos ideia do nome.
Continuamos a nossa jornada a explorar as dunas, quando vemos a ajuda dos vietnamitas chegar. Um trator que conseguiu puxar o jipe da areia em minutos. Ora como estivemos tanto tempo dedicadas a ajudá-los, achamos que nos poderiam dar boleia, portanto vamos em sua direção para tentar a nossa sorte. Infelizmente não iam na nossa direção, nem estavam dispostos a ir, portanto, fomos na mesma direção que eles e afastamo-nos ainda mais do local da nossa estadia. Deixaram-nos numa "zona de jantar" que é basicamente um aglomerado de restaurantes na berma da estrada sem nada de interessante para fazer. Não sei porque fomos com eles numa direção que não era suposto para um sítio sem interesse nenhum, pois agora temos um problema maior para voltar: o pôr-do-sol está a acontecer e estamos a 30 km do hostel. Temos de arranjar boleia antes que a noite caia.
Não há turistas aqui, portanto cada pessoa que cruzamos é um olhar intrigado mas, ainda assim, com um sorriso. Muitos tentam ajudar oferecendo serviço de táxi, mas não queremos gastar muito dinheiro para voltar, portanto ficamos na berma da estrada com os polegares arrebitados com todos aqueles olhares inquisidores postos em nós. Os locais deviam estar a achar toda a situação muito estranha, mas ainda assim estavam de sorriso na cara, provavelmente a rir de nós.
Até que encontramos três jovens sentados a beber o seu chá com leite, que nos cumprimentam e assim tentamos a nossa sorte. Dissemos para onde tínhamos de ir e propuseram-se a levar-nos. Depois de várias negociações de preço, lá chegamos a um consenso e fomos as três, cada uma com o seu motorista. Toda a situação estava a ser peculiar e a viagem até ao hostel foi agradável, pois os nossos medos de "e se for cada um para cada lado como fazemos" não tiveram razão de ser. Mantiveram-se sempre os três juntos. A velocidade a que íamos nas motas era alta. Tive por vários momentos os óculos a tentar saltarem-me da cara.
Para não variar, o seu inglês era muito básico, medíocre até, mas aqui é que está o desafio e o encanto de interagir com os locais. Quando chegamos ao nosso destino convidamos os nossos motoristas para uma cerveja no nosso hostel que os maravilhou pois era bem grande e super iluminado. Via-se nas suas caras o quanto encantados estavam com o lugar e o quanto encantados estavam com tantos estrangeiros, colocando-se ao lado deles para verem o quanto mais altos são. Apreciamos a cerveja no meio de conversas patrocinadas pelo Google Tradutor e assim passamos uns bons momentos muito alegres e peculiares. Tiramos bastantes selfies juntos e dissemos adeus.
Foi um dia fantástico cheio de acontecimentos inesperados e hilariantes que se tornaram possíveis graças a este espírito aventureiro de hitchhiker. Uma experiência a repetir de futuro com a companhia certa.
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