![Victoria Falls: a maravilha do mundo onde o fumo troveja](/assets/img/blank.png)
O Zambeze dá uma queda de 108 metros e a onda de vapor é visível a algumas dezenas de quilómetros. Na época das chuvas são cerca de 500 milhões de litros de água por minuto a fragmentarem-se no basalto, numa torrente multicolor.
Uma das perspectivas mais interessantes é numa passagem na Zâmbia que tem um ponto de vista que permite ver a profundidade do declive ao longo de uma parte significativa dos 1.7 quilómetros de extensão das cataratas.
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O efeito sonoro é tremendo e junta-se a uma névoa esbranquiçada, mesmo ao escurecer. Os locais dizem que é Mosi oa Tunya: o fumo que troveja. É também o nome do Parque Natural.
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Na cidade Victoria Falls, no Zimbabwe, o eco da catarata serve de companhia quase todo o dia. A povoação está a cerca de um quilómetro da falésia. Do outro lado, na Zâmbia, Livingstone está um pouco mais distante, a cerca de 11 quilómetros.
Victória Falls na Zâmbia
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O acesso às cataratas na Zâmbia foi feito por uma entrada improvisada com acesso pago e depois segue-se um breve percurso que serpenteia a falésia.
A subida para a margem do Zambeze foi feita por caminhos arborizados e com sombras - o que não dispensa óculos, proteção solar e água.
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Parte do caminho é em blocos de basalto que, em algumas partes, se notava claramente a erosão. As pedras arredondadas, com concavidades e juntas à falésia pareciam orifícios que projetavam o olhar para o precipício. Era um espaço amplo e caminhava-se com facilidade.
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Pode-se tomar banho nas piscinas naturais - nos meses secos - ou, mais arrojado, ir com os guias à Piscina do Diabo.
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Deste lado há a percepção da dimensão do rio e da extensão das cataratas.
A vista é, por vezes, dramática porque os visitantes podem aproximar-se da falésia e tirar fotografias deslumbrantes.
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No lado da Zâmbia a pressão turística não era tão grande e eram raros os grupos de visitantes. O parque é também muito frequentado por turistas locais. Famílias que se deslocam aos dois lados das cataratas e que exprimem o espanto e orgulho por uma das 7 maravilhas naturais do mundo.
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A forma mais interessante de descobrir a vida do rio, da flora e da fauna é num passeio de barco. O serviço a que recorri começou logo de forma fascinante.
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A partida foi no cais do Royal Livingstone Hotel, um resort magnífico ao lado do Zambeze e com um amplo jardim. Arquitetura colonial, empregados vestidos a rigor, espaço muito cuidado e calmo, com uma colónia de macacos e o rio ali ao lado. Parecia que tínhamos regressado à era vitoriana.
Victoria Falls no Zimbabwe
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O Parque de Vitória Falls fica a cerca de um quilómetro da cidade e estava mais organizado e preparado para os visitantes do que o lado da Zâmbia.
O acesso foi através de uma estrutura com bilheteira, um centro de informação, instalações sanitárias, um bar onde se comprava água e um restaurante ao ar livre e lugar preferido dos macacos que aprenderam a manipular as latas e garrafas de Coca-Cola.
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Saltavam para as mesas ou os bancos, viravam as latas e aproveitavam o resto da bebida.
A senhora do restaurante, por vezes, aparecia com um pau para os espantar.
Fiquei com a ideia que ela fazia isto várias vezes ao dia mas mais para se divertir ou dizer ao chefe que cumpria as indicações porque parecia impossível travar o ímpeto dos macacos pelo açúcar da Coca-Cola.
Ela própria, quando içava o pau tinha um semblante carregado mas depois sorria quando via os macacos a saltar ou a subir para o telhado de madeira da esplanada do restaurante.
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Após um breve passeio no Parque facilmente nos apercebemos que estamos próximo das cataratas devido à intensidade do barulho da queda de água.
Um caminho verdejante abre uma clareira que dá para o extremo oeste dos 1.7 km da falésia.
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Do lado da Zâmbia temos as boas vindas com a linha de vista que atravessa o desfiladeiro. Aqui, a nota dominante foi a pujança da água, a enorme quantidade que se precipita numa queda de dezenas de metros.
Convém visitar este lado durante a tarde porque o sol incide na direção do rio e provoca um efeito fantástico na nuvem de água que se ergue da falésia.
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Se a visita coincidir com a ida de turistas até à Piscina do Diabo é outra oportunidade fascinante de ver a insólita calma dos visitantes e guias mesmo à beira da queda de água. Deste lado temos a visão de conjunto e do risco se alguma coisa corre mal…
Há muitos pontos para fotografar. Os responsáveis do Parque criaram caminhos e miradouros que têm uma excelente perspectiva das cataratas.
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Talvez o melhor local, mesmo em frente das cataratas, é na Knife Edge Bridge, uma ponte estreita, com cerca de 30 metros de extensão, que passa por cima do Zambeze, após a queda de água. Habitualmente quem passa arrisca um banho de espuma de água, o que até é saboroso para refrescar.
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O desejo de fotografar é infindável porque cada cena parece muito melhor do que as anteriores. Uma lente grande angular (a olho de peixe foi fantástica) é o recomendado, como também um pano de limpeza. Por prevenção leve um saco de plástico para proteger o material da espuma de água. Na época das chuvas é obrigatório.
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Apesar de muitas sombras é também obrigatório levar água, óculos de sol, protetor solar e calçado para caminhadas. O Parque tem uma extensão assinalável. Há percursos longos mas acessíveis a qualquer um. São caminhos com muita vegetação, em alguns casos estreitos, que podem provocar o receio de desorientação mas é fácil. É seguir em frente e ter em conta o barulho das cataratas.
No caso de algum cansaço - o que é natural devido ao calor e humidade - é imitar os visitantes locais: sentar à sombra e namorar.
Uma outra forma de descobrir as Victorias Falls é por helicóptero ou microlight.
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Livingstone na Zâmbia
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É uma cidade pequena e, na parte mais antiga, com uma arquitetura com forte influência ocidental /colonial.
Pode-se passear e, por vezes, tinha falhas de energia, o que obriga à prudência em evitar andar na rua após escurecer e usar uma lanterna.
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A zona urbana é dedicada a serviços, comércio – com muitos vendedores ambulantes –, há uma delegação da rádio nacional da Zâmbia (NBC) e alguns edifícios governamentais que é recomendado não fotografar. Uma das estruturas que vale a pena visitar é o museu da cidade (há outro museu, dedicado aos caminhos de ferro) que tem várias galerias dedicadas a arqueologia, etnografia e arte. Um dos espólios interessantes são alguns dos pertences do explorador David Lingstone, o médico escocês que em 1852 descobriu as cataratas e que lhes deu o nome da Rainha Victória.
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Há uma homenagem a Livingstone junto ao rio Zambeze com uma placa metálica colocada de forma a que a direção do olhar siga em frente, à falésia. O monumento fica no caminho para a Piscina do Diabo , no interior do Mosi oa Tunya National Park
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No lado da Zâmbia há um lugar imperdível para assistir ao pôr-do-sol, em frente ao rio. É nos jardins do Royal. Tomar uma bebida e ver os tons fortes do laranja e vermelho espelhados no rio e uma parte da cena pintada com spray de água, com os brancos a sobressaírem da linha onde o rio se afunda e se deixa de ver.
Nesta zona o Zambeze alarga-se por uma grande extensão. Como visitei a Victoria Falls na época seca, o rio tinha uma corrente suave e confinava-se ao seu leito tradicional.
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Muitos locais aproveitavam as águas calmas para se refrescarem-
A água também serve de consolo a muitos animais. Vimos alguns rinocerontes que, em pequenos grupos, funcionavam como sinalizadores no meio do rio.
Abundam muitas aves e percebe-se o motivo de haver uma oferta diversificada de actividade de observação de aves.
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A viagem de barco feita anteriormente a partir do Royal permitiu também descobrir muitos alojamentos de luxo que estão junto ao rio. Todos com um cais e, outro ponto comum, todos tinham uma apresentação cuidada. Como será de esperar, o preço do alojamento corresponderá ao luxo com que se apresentam. Acordar e ver o Zambeze tem o seu custo.
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Eu preferi outro cenário, tirar partido de alguns destes locais com visitas esporádicas - não impedem o acesso -, optei por um alojamento funcional e muito mais barato: o Green Tree Lodge em Livinsgtone. Do ponto de vista cultural, especulo que terá sido muito mais interessante, em particular com as conversas com o antigo proprietário, um engenheiro escocês que passou quase toda a sua vida no continente africano a trabalhar para organizações internacionais como o Programa Alimentar Mundial e a FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
A cidade de Victoria Falls, no Zimbabwe
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Tem mais encanto do que Livingstone, perdoem-me os zambianos. O comboio a atravessar a povoação, ruas coloridas com as flores das árvores, o trovão das cataratas, a vista da ponte ferroviária e alguns edifícios com arquitetura colonial tornam o espaço urbano mais fascinante.
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O outro lado da moeda: é mais turístico, há mais comércio e serviços para os visitantes. Perde em ser menos genuína do que Livingstone.
Apesar desta pressão, com alguns locais a interpelarem turistas ou a pedirem esmola, não tivemos qualquer problema em percorrer a cidade a pé.
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A não perder um almoço no Hotel Victoria Falls. O serviço e a qualidade da comida foram excelentes e o preço muito inferior a padrão similar na Europa.
A mais-valia gastronómica até nem foi o mais relevante. A paisagem, a vista, ficou sem preço porque se tornou inesquecível.
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Sim, havia o requinte, o luxo, a réplica da qualidade de vida dos colonos, a arte, o ambiente… tudo isso, mas estar a almoçar com um amplo espaço verde ajardinado, uma árvore enorme e um banco de madeira a fazer o enquadramento e lá ao fundo a ponte ferroviária entre as duas margens da falésia, só por isso, valeu a pena a viagem.
É, aliás, curiosa a relação entre o hotel e a ponte. Foi com os caminhos de ferro que chegaram os primeiros turistas, o que fomentou a construção do Hotel Victoria Falls em 1906.
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Pareceu-me que, em alguns aspetos, a história não mudou muito. Os comensais eram quase todos brancos e alguns eram turistas europeus.
Após o almoço percorremos de carro algumas ruas.
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Na sombra das árvores alguns locais aproveitavam para fugir ao calor e dormiam uma soneca. Alguns macacos passeavam por ali e mostravam menos preguiça. Jovens com uniforme escolar conversavam e sorriam. No outro lado da estrada principal o trânsito estava fechado para passar o comboio.
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