Pensa-se que a história do Carnaval date de tempos bastante remotos, em que diferentes sociedades faziam festas extravagantes que chegavam a satirizar os seus hábitos culturais. Os gregos faziam-no, assim como os assírios, os romanos e os hebreus. Porém, o conceito de Carnaval está associado a algo muito mais cristão do que se possa pensar. Os investigadores acreditam que o Carnaval estará associado ao início do período da Quaresma Cristã, a festa que antecedia o período de jejum antes da Páscoa, e cuja data é ainda hoje marcada 47 dias antes do domingo de Páscoa. A comemoração desta data consistia em vários festejos populares, quase sempre extravagantes e exuberantes, em que a população se preparava para o "desapego da carne", em latim carnis levale, que terá evoluído para a palavra actual de "Carnaval". Estas festas, comuns no mundo cristão, ter-se-ão espalhado rapidamente pelo mundo durante a colonização europeia. Os povos nativos foram assimilando as festividades e deram-lhe contornos muito característicos, em função da sua cultura e tradições.
Esta evolução do conceito de Carnaval, bem como a sua disseminação pelo mundo, faz com que em diferentes lugares do mundo, o Carnaval seja comemorado de formas tão distintas, geralmente associadas às influências culturais. Assim, alguns dos melhores destinos para viagens de Carnaval, exploram a particularidade cultural das suas festividades.
1. CARNAVAL ROMANO E GREGO
O Carnaval romano está intimamente ligado à ideia da festa que precede o período de Quaresma, em que se vai iniciar quarenta dias de abstinência e jejum, e portanto, as festas são usadas para uma procura incessante de prazer, seja sexual ou de alimentação. As festas romanas eram autênticos "bacanais", tal como na Grécia, onde se bebia e comia muito, e onde a busca do prazer sexual pautava as festividades.
2. CARNAVAL DE VENEZA
O Cristianismo terá adoptado as festividades por volta do século VI e as festividades foram-se tornando menos "carnais" e mais "católicas". No Renascimento surgem os bailes de máscaras, os bailes de gala com fantasias exuberantes e que são ainda hoje a imagem de marca do Carnaval de Veneza.
3. CARNAVAL DE PARIS
O Carnaval festejado nos bailes fechados era extremamente elitista e, em Paris, e noutras cidades francesas, no final do século XIX, o Carnaval vem para as ruas. O Carnaval de Paris começa a ser encarado como sendo o momento em que aparece o conceito de Carnaval moderno, com festas de mascarados e fantasias nas ruas e avenidas da cidade. Esta ideia rapidamente se espalha pelo mundo. As ruas do mundo enchem-se de foliões.
4. CARNAVAL EM ÁFRICA
Quando os países colonizadores europeus chegaram a África e à América do Sul levaram consigo tradições carnavalescas que foram absorvidas e integradas na cultura local. O Carnaval passou a ser comemorado com muito calor, humano e natural, e a quantidade de roupa que os foliões usavam era menor. Os ritmos tribais foram integrados e cada cultura passou a ter o seu "Carnaval". É aí que aparece o Carnaval na Guiné-Bissau, o maior de África, com monstros e animais marinhos como figuras alegóricas essenciais. Caminho idêntico foi seguido em Cabo Verde, Angola ou na África do Sul.
5. CARNAVAL DO BRASIL
No Novo Mundo, os países sul-americanos abriram-se à cultura europeia da mesma forma que os países africanos, e com a chegada de escravos, aliada às tradições culturais dos países sul-americanos, aparece um Carnaval muito característico, tendo por base o samba, a dança popular brasileira. O Rio de Janeiro torna-se assim o expoente máximo do Carnaval brasileiro, em que o samba invade as ruas durante vários dias.
6. CARNAVAL NA BOLÍVIA E PERU
Mas mesmo nos países sul-americanos o Carnaval foi integrado na cultura local de forma muito variada. Na Bolívia e no Peru, o Carnaval foi absorvido pelas festividades em honra de Pachamama, a Mãe Terra, a deusa venerada pela população local. As festividades envolvem desfiles de mascarados de demónios e oferendas a Pachamama. A Virgem da Candelária também é uma figura importante nestas festividades. Estas comemorações são típicas nos Andes, especialmente em torno do lago Titicaca, mas o seu expoente máximo é em Oruro, na Bolívia.
7. CARNAVAL NAS CARAÍBAS
O tráfego de escravos, de África em direcção à América, povoou as caraíbas de povos africanos que se foram cruzando com a população local, criando no Caribe uma cultura muito específica. Essa cultura também absorveu o Carnaval de forma diferenciada. Os ritmos africanos estão bem presentes nas comemorações e o Carnaval é celebrado ao som das músicas de Calipso e Soca, dois géneros musicais caribenhos. O expoente máximo deste Carnaval é nas ilhas de Trinidade e Tobago.
8. CARNAVAL NO URUGUAI
No Uruguai, o Carnaval é feito de Candombe, tocadores de tambores. O Carnaval de Montevideu, considerado o mais longo do mundo, foi criado por escravos negros trazidos de África para trabalhar no porto da cidade. Provenientes de diversos países africanos, com diferentes etnias e religiões, os escravos acabaram por se aglomerar em diferentes grupos étnicos preservando a sua música e tradições. Proibidos de expressar a sua cultura, era no Carnaval que lhes era permitido tocar os seus tambores, cantar e praticar os seus rituais. Os seus donos, uma vez por ano, permitiam-lhes reunir-se na parte velha do porto de Montevideu para expressar as suas tradições. Estes rituais são os percursores dos actuais Candombe, grupos de rapazes que tocam batuques africanos e dançam ao som dos tambores. Hoje o Carnaval de Montevideu tem também llamadas, grupos de negros e brancos, onde ainda hoje os brancos se pintam de negro para festejar o Carnaval. As festividades enchem os bairros pobres da cidade mas também os tablados, palcos criados para que as murgas, grupos carnavalescos, façam sátira social, cantem e dancem.
Seja aqui, nas Caraíbas, em Veneza ou em Montevideu, o Carnaval continua a ser uma festa popular, feita para o povo e pelo povo. É por isso que ela é, e continuará a ser, uma das festividades mais alegres e genuínas do mundo.
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