Como/quando começou o “bichinho” das viagens?
(Ricardo) O “bichinho” das viagens remonta à minha juventude, em que decidi ser empresário de turismo desde que saí da Universidade de Coimbra, com o objetivo de poder viajar pelo mundo, conhecer outros povos e culturas e aventurar-me por caminhas menos percorridos. Não foi uma meta fácil de atingir, demorou 15 anos até conseguir ver este meu sonho de adolescente concretizado.
Desde 2015 que tenho a oportunidade e felicidade de viajar pelo mundo com muita frequência, tanto sozinho como com a Slobodanka. Com o nascimento dos filhotes nada mudou a nível das viagens, apenas passamos a ter um bocadinho mais de bagagem e um boa dose de gestão da logística. Às 7 semanas a primeira filhota, a Sara, teve a sua primeira aventura ao voar de Portugal para a Sérvia para o aniversário de 80 anos da bisavó. Aos 6 meses já tinha 24 voos e 6 países desbravados. A pandemia veio naturalmente travar tudo isto, mas deu-nos a oportunidade de parar e desenvolver esta ideia de viajar pelo mundo em família. É algo que já iríamos fazer de qualquer forma, mas através deste projeto temos a oportunidade incrível de incentivar outras famílias e outros papás a viajar com as nossas ideias, dicas, sugestões e, principalmente, partilha das experiências com os pequenotes.
Quando estamos a viajar, passamos 24h por dia em família, algo que nunca acontece no nosso dia a dia e rotina de casa, creche / escola - trabalho - casa - dormir. É uma incrível oportunidade de criar laços mais fortes entre pais e filhos e ter tempo de qualidade em família. E por isso uma aposta de cada vez mais famílias, onde as férias não são só para “descansar” (se é que isso existe nas viagens com filhotes, eheheh), mas também para descobrir, abrir horizontes, novas aventuras e experiências, que poderão vir a marcar as memórias e o desenvolvimento dos nossos filhos.
O projeto Little Travelers Family nasceu de forma natural numa casa onde a descoberta do desconhecido sempre foi mote de vida. Viajar sempre foi uma parte muito importante das nossas vidas. Ouvimos tantas vezes que depois de ter filhos, a vida acaba. Não poderíamos discordar mais. Já subimos montanhas, caminhamos em glaciares, nadámos em lagos e oceanos. Explorámos o mundo de avião, helicóptero, barco, comboio e bicicleta!
Além de viajar, gostam muito de…
Estar na natureza. Se hoje nos perguntarem a mim ou à Slobodanka se queremos ir para as Caraíbas ou para uma montanha do mundo, a resposta é imediata e inequívoca: “montanha”. Seja em Portugal ou em qualquer parte do mundo, procuramos sempre destinos na natureza. E fazer desporto.
Quantos países já visitaram?
Antes de constituir família, a solo ou em casal, contamos com cerca de 50 países. Em família explorámos 11 países até agora, a pandemia veio travar a descoberta do mundo, que agora retomámos.
Viagens mais marcantes e porquê?
Não é muito fácil escolher. Nas viagens em casal escolhemos a Tanzânia, onde subimos o Kilimanjaro numa expedição de 8 dias. Depois fizemos um safari e terminámos a viagem em Zanzibar e Pemba. O Brasil em destinos menos conhecidos como Bonito, passando pelo Rio de Janeiro, onde fizemos escalada até ao Pão de Açúcar, e Amazónia. Aqui tivemos talvez a maior aventura das nossas vidas, passamos uma noite a dormir mesmo dentro da selva da Amazónia. Explorámos glaciares na Islândia, dormimos em tendas no Atlas em Marrocos, fizemos a nossa lua de mel em Creta e Sardenha foi onde nos casámos, numa pequena língua de areia numa ilha com uma praia deserta.
Nas viagens em família, a viagem que fizemos agora à Republica Dominicana, à parte do Sudoeste muito fora do roteiro turístico e, claro, um mês a descobrir Cuba, foram das experiências mais marcantes que tivemos.
Destino que querem regressar e porquê?
Islândia, queremos muito lá voltar e levar os filhotes. Tailândia, onde já fui (Ricardo) três vezes, é um destino que queremos explorar em breve. E quando os filhotes já tiverem idade para aventuras de montanha, voltarmos a subir o Kilimanjaro, desta vez com eles. Quando fomos em 2017 vimos uma mãe com o filho de 14 anos a subir. Nesse momento já sabíamos que iríamos querer fazer a mesma coisa com os nossos filhotes. Deve ser uma experiência mesmo incrível.
Próximos destinos e expectativas?
Ainda estamos com a agenda do ano em aberto a estudar o que vamos fazer. Sem dúvida algum destino de montanha de inverno para a Sara fazer pela segunda vez ski, continuar a aprendizagem. E outros destinos do mundo, sempre à procura dos caminhos menos percorridos e experiências marcantes.
Dica de viagem mais valiosa que pode dar?
Primeira coisa é preparar a logística e ter um bom seguro de viagem.
Ainda ontem falávamos sobre isto e a Slobodanka disse que a dica mais valiosa para uma viagem em família correr bem é os pais estarem relaxados e aproveitarem de forma consciente esse tempo com os filhos para lhes darem tudo aquilo que no dia a dia não é possível. Contar muitas histórias seguidas, pintar juntos um livro, colar autocolantes, brincar, conversar, saltar, aproveitar.
Arriscar um bocadinho. Talvez seja a dica mais valiosa que conhecemos. Dar espaço à descoberta e ao desconhecido permite o crescimento e a auto-desenvolvimento enquanto pessoa e como família. A “exposição” é a palavra-chave, a diferentes situações, experiências, culturas. A exposição tem que vir acompanhada de conforto e segurança. E liberdade, para explorarem os seus limites. Acreditamos que isso irá moldar o futuro das crianças e prepará-los melhor para os desafios de um mundo cada vez mais globalizado! E nas viagens temos a incrível oportunidade de ter essa exposição diferenciada todos os dias com a presença dos pais para dar o conforto e segurança. Uma dica que consideramos importante, sobretudo em crianças pequenas, é ates da viagem contar-lhes o que vão ver, o que vai acontecer. Prepará-los para a imagem do que podem esperar. Isso vai ajudar a dar-lhes maior conforto e maior espaço a uma descoberta controlada e mais relaxada para todos.
O que normalmente torna tudo mais complicado e difícil são os nossos medos, dos pais. Por isso, preparar muito bem a viagem, relaxar e depois aproveitar.
Lugar preferido em Portugal?
Acho que não há um lugar que possamos dizer ser o nosso preferido. Há muitos que nos deixaram boas memórias e experiências. A Comporta e Troia, onde eu fiz o pedido de casamento à Slobodanka num cenário muito especial. O Douro, onde passeámos nos vinhedos de quintas, vindimámos e passeámos de barco. O nosso Alentejo em hotéis rurais com piqueniques ao pôr-do-sol. E a nossa costa lindíssima, fora da época alta, com quase ninguém.
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