Este deslumbrante oásis natural é uma escapadela popular para aqueles que procuram uma fuga das movimentadas ruas da cidade. Com paisagens deslumbrantes, cascatas, aldeias berberes encantadoras e trilhos únicos, visitar Vale de Ourika é a oportunidade perfeita para os amantes da natureza e para quem deseja explorar a autêntica cultura berbere. É uma aventura que reúne o melhor dos dois mundos.
Cascatas de Setti Fatma
Originalmente um assentamento berbere, Setti Fatma tornou-se num local popular entre os turistas. Um dos destaques do Vale de Ourika são as famosas Cascatas de Setti Fatma. Estas cascatas são acessíveis através de um trilho que serpenteia pela paisagem montanhosa.
Durante a caminhada, é possível apreciar vistas espetaculares das montanhas do Alto Atlas, além de várias "esplanadas" coloridas e comércio nos locais mais inusitados. É uma longa caminhada pela natureza, com algumas partes do percurso a revelarem-se bastante desafiantes para os visitantes pouco habituados (no caso, eu).
O melhor é iniciarem a caminhada cedo para vencer as temperaturas mais elevadas. E não se esqueçam de levar uma garrafa de água. Embora a rota seja fácil de seguir, algumas partes podem ser bastante desafiadoras - especialmente quando envolve escalar pedras escorregadias, então usem sapatos adequados.
Existem muitos restaurantes e cafés ao longo do rio, ideais para um almoço ou uma bebida refrescante após a caminhada. Algumas das mesas ficam diretamente nas águas rasas para os clientes mergulharem os pés na água. Estes locais são muito coloridos e tornam-se num cenário único e encantador.
Aldeias Berberes Tradicionais
Ao visitar vale de Ourika, é possível encontrar várias aldeias berberes pitorescas, onde podemos mergulhar na cultura local. Os habitantes berberes são conhecidos pela sua hospitalidade, e muitos abrem as portas das suas casas tradicionais, onde podemos aprender sobre as suas tradições, culinária e estilo de vida.
Casa Tradicional Berbere
Tivemos oportunidade de entrar numa casa típica berbere, onde fomos recibos por uma simpática família. No rés-do-chão da casa encontramos vários animais. No primeiro andar, a decoração colorida e a simpatia dos habitantes torna tudo muito acolhedor. Foi-nos servido chá, pão, manteiga e mel pelos anfitriões. Uma experiência maravilhosa.
Ecomuseu Berbere do Vale de Ourika
Na aldeia de Tafza, encontra-se o ecomuseu berbere. Tafza é uma típica aldeia berbere habitada principalmente por ceramistas. O museu dá a conhecer o estilo de vida e cultura berbere no vale e possui uma coleção completa de fotografias, tapetes, roupas, joias e cerâmicas. Também o universo do estilo de vida da mulher Amazigh.
Tivemos oportunidade de ver os instrumentos musicais tradicionais - como tesouras específicas pra música - e tapeçaria. Uma curiosidade interessante é que a tapeçaria conta sempre uma história, através dos símbolos e cores usados. O azul significa amor, o verde o paraíso, o amarelo é a cor do homem e o vermelho da mulher. Os pontos são os filhos, os círculos com pontos as mulheres grávidas e por aí adiante.
O museu está situado num edifício tradicional, feito a partir do adobe, ou seja, uma mistura de argila, água e palha.
Cooperativa de Mulheres
No Vale de Ourika, existe uma joia cultural e social que merece ser explorada: a Cooperativa de Mulheres. Esta iniciativa - que se está a tornar popular por todo o país, existindo vários exemplos - desempenha um papel crucial na promoção do empoderamento feminino. Tradicionalmente, as mulheres de Marrocos muitas vezes não tinham a oportunidade de se envolver economicamente fora das suas casas. A cooperativa oferece a essas mulheres a oportunidade de se tornarem independentes financeiramente, fortalecendo assim a sua posição na sociedade.
Os visitantes da cooperativa têm a oportunidade de observar as mulheres a trabalhar nos seus projetos. Isso oferece uma visão valiosa das técnicas tradicionais. Além de assistir à produção dos óleo de Argan e à sua aplicação nos mais diversos produtos, é possível comprar esses produtos, sejam eles cosméticos ou alimentares, diretamente no local de produção, sendo uma forma de apoiar o empoderamento económico das mulheres locais.
Artigo originalmente publicado no blogue A Cachopa.
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