Hoi An situa-se no centro do Vietname, é considerado Património da Humanidade pela UNESCO e tornou-se um destino muito procurado entre os viajantes, por ser uma vila com ruelas repletas de lampiões coloridos. Mas poucos conhecem Tam Thanh, que fica a 50 quilómetros de Hoi An: uma aldeia piscatória que tentou impulsionar o turismo nesta parte esquecida do Vietname, convidando artistas (residentes e estrangeiros) a criarem murais por toda a aldeia. Ficou então decidido, mais uma vez, alugar uma scooter e rumar à aldeia artística.

Ao contrário do que vimos em Hoi An, não havia muita gente na rua e não nos cruzámos com qualquer estrangeiro durante a tarde em que lá estivemos. Visitámos a aldeia a pé, juntaram-se algumas pessoas à nossa volta, todas elas muito curiosas e simpáticas. Quando traduzíamos no Google que estávamos ali devido à arte de rua, pareciam muito orgulhosas.

Uma família em particular tocou-nos no coração, pois apesar dos seus sorrisos contagiantes, notava-se alguma fragilidade no olhar do casal. Soubemos pouco depois que ambos tinham histórias de vida complicadas e problemas graves de saúde devido ao agente laranja que os americanos usaram durante a guerra. Ambos cosiam, pintavam e vendiam "tote bags" (sacolas de pano) aos poucos turistas que iam aparecendo.

Quando souberam que o Nuno também era artista, convidaram-no a pintar uma das sacolas e ficámos algumas horas em casa deles, partilhando dicas de como poderiam eventualmente vender mais sacolas. Por exemplo, o Nuno escreveu numa placa "Handmade and handpainted bags" ("Sacolas feitas e pintadas à mão") à porta de casa deles, de forma a publicitar o artesanato do casal.

Tam Thanh, Vietname
O Nuno a pintar uma sacola sob o olhar curioso de algumas crianças créditos: Daqui para ali

Chegou um grupo de turistas vietnamitas e quiseram logo comprar a sacola que o Nuno tinha acabado de pintar. A mulher ficou radiante e agradeceu-nos logo pela ideia. Não conseguimos descrever por palavras as emoções que sentimos naquele momento. Este encontro deu-nos uma grande lição de humildade pois numa das traduções, a mulher escreveu "também gostava de viajar como vocês". Foi um murro no estômago que nos relembrou a sorte que temos, enquanto cidadãos portugueses, de poder viajar livremente para praticamente qualquer lado do mundo.

Podem ler mais histórias de viagens da Sara e do Nuno no SAPO Viagens e acompanhar as suas aventuras no Instagram e canal de Youtube.