De um lado da Ponte de Pedra, temos um centro construído de raiz, onde os edifícios clássicos com enormes colunas em mármore têm menos de uma década, mas parecem ter sido construídos há várias vidas.
A cada dois passos, tropeçamos numa nova estátua. São mais de 100 no mesmo quarteirão, com umas boas dezenas delas completamente aleatórias. Curiosamente, a mais impressionante de todas retrata a figura de Alexandre, o Grande... Mas para que não seja criado um acidente diplomático com a Grécia, o governo local teve que lhe chamar "A Estátua do Guerreiro a Cavalo".
É um quarteirão interessante, mas aparentemente despido de qualquer legado histórico. Um vazio que, de tão bizarro e politicizado, facilmente se torna fascinante. Um revisionismo da história da Macedónia onde só cabe a população ortodoxa, de origem étnica grega e eslava.
Mas depois temos o outro lado do Rio Vardar. Aqui, as avenidas largas, os edifícios monumentais e as estátuas intermináveis dão lugar a um labirinto de pequenas ruas e casas que desaguam no Bazar Antigo, o maior fora de Istambul.
Neste lado da ponte, o único que sobreviveu ao gigantesco terramoto de 1963, os minaretes dominam os céus e os quartos crescentes estão por todo o lado. E se dúvidas ainda houvessem quanto à fidelidade deste estrato da população, os retratos de Erdogan e as inúmeras representações da águia albanesa facilmente as dissipam.
Por mais que o atual governo o tente disfarçar, o Império Otomano controlou o atual território da Macedónia do Norte durante quase 500 anos, e quase tudo o que de histórico se encontra em Skopje é relativo a este período.
Uma ponte que divide uma cidade e uma nação inteira em duas histórias, duas religiões e dois modos de vida.
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