A Ana Abrão (@ana.abrao.photo) sentiu ali uma energia inexplicável e uma serenidade que nos arrebata a alma. É que naquele formato de abóboda encontrará um simbolismo cósmico (a ideia da arquitetura do universo) e o espírito de todos os que já partiram. Que tal fazer aquele retiro que todos devemos sentir na vida?

Ela intencionava explorar o país todinho como hábito desta fotógrafa sem receios e de alma de mão dada com qualquer tribo e qualquer rosto que capta em retratos magníficos. Pode vê-los no livro que estará para ser lançado em breve, ora esteja atento que é aqui que ele será publicado. Não é por acaso que é uma fotógrafa galardoada e reconhecida na Europa e nos EUA. E escolheu o Algarve para morar há muitos anos. Ela, de facto, sente-se portuguesa e tem as duas nacionalidades com muito orgulho.

O foco dela, no Nepal, era explorar montanhas e vilas. Mas a lua trocou-lhe as voltas e acabou por se render a Boudhanath durante 30 dias. Pesquise e siga para lá pois vai ficar extasiado e preso naquela terra mágica. Vamos perceber o motivo dos 30 dias.

Tem por costume pagar cerca de seis dólares por noite (em quarto partilhado) na hospedagem a Oriente, mas desta vez não. Merecia ser bem paga a vista que tinha da janela do seu hotel, naquela estupa sagrada, pois dali ficava a observar a caminhada e o som das orações dos monges. Essa caminhada e orações eram tal e qual como o ritmo dos ponteiros do relógio. Impagável. Imagine uma procissão com um ruído sincrónico e que lhe rouba a pobreza dos sentidos ocidentais, pois regenera tudo dentro de si. Veja as imagens!

A caminhada da própria fotógrafa tinha acabado de começar e ela ainda nem se tinha apercebido. Neste mundo especial dentro do Mundo… a que se chama Boudhanath. A Ana chegou ao aeroporto em plena noite de lua cheia e não o sabia. Mesmo que soubesse, seria uma lua cheia como em qualquer sítio do planeta. Mas, não! A lua ali é outra coisa e percebeu isso mal chegou. É uma data especial para os nepaleses, pois todos os meses ocorre ‘algo’ na lua cheia. Não é fantástico, planear a viagem ao Nepal, contando com o aparecimento da lua cheia?

Ela confessa que a primeira sensação foi de exaustão no primeiro dia, no Nepal. Prepare-se pois vai sentir o mesmo, contudo não é propriamente jet lag, mas sim um “transe mental” que vai experienciar. Esta viajante e fotógrafa, inebriada pela tentativa de captar tudo à sua volta, aguarda o cair do sol e prepara a lente. Como uma arma que o caçador expedito prepara para mais um tiro certeiro de acordo com a boa lei da vida. Mas desta vez ela não conseguiu erguer a lente como habitual, entregou os sentidos ao cansaço extremo. Estava em regeneração e ainda não se tinha ajustado. O transe, no seu pleno sentido. O dourado das horas que entrava pelos olhos e pelo corpo, as orações dos monges que hipnotizava o ouvido interno, o ritmo do local que alterava o movimento dela… entretanto veio a fome. Vamos ao paladar?

Mas o que estava a acontecer com ela e o que acontece com as pessoas todos os meses, na lua cheia, naquele local? Vamos saber mais caminhando nesta viagem com ela, já no próximo artigo.

Já agora, verifique a lua cheia no calendário e reserve Nepal. Inspire-se e procure o que todos procuramos: além mais, além mar.