A fotógrafa Ana Abrão (@ana.abrao.photo), galardoada em arte fotográfica pela Photographic Society of America e pela Associação Europeia International Federation of Photographic Art, contou várias experiências. Decidi colocar a cru, aqui, um contraste que você poderá encontrar de frente, nas terras Hindu.

Primeiro em Diu, num mercado de peixe onde cores e sons definem a plena sinestesia do quadro vivo daqueles vendedores. Na verdade, são vendedoras pois as mulheres dominam neste mercado colorido. E vendem entre gritos muitos próprios do registo destes mercados. Quase me lembra as antigas varinas aveirenses, na minha terra natal. De mãos nas ancas e com as cestas de peixe que parecia vivo, gritando valores e virtudes no mercado. Mulheres de atitude!

Em Diu, a viajante refere mesmo “uma negociação barulhenta” pois lá encontramos uma explosão autêntica de cores e de sons. As tarefas estão ali divididas: os homens tratam dos barcos e da pesca. Portanto são eles que podem ir ao mar e lançar as suas redes e anzóis ao azul para que as mulheres possam completar a tarefa seguinte: a comercialização. São elas quem mandam literalmente no negócio do peixe e dos mercados de Diu. Elas utilizam indumentárias tão coloridas e negoceiam ali no meio dos diferentes peixes prateadíssimos e perto dos barcos. Barcos que ora já acabaram o seu próprio dia de viagem, ora estagnados porque estão a ser ‘remendados’ ou construídos de raiz.

Depois vem um contraste enquanto ouço a Ana: se, ali, em Diu, estas mulheres mandam, contudo na Índia toda há mulheres que são consideradas como ‘sub-humanas’. Estou a falar das castas, a mais baixa conhecemos como Dalits (shudras). Para nós ocidentais é muito difícil entender esta forma de organização da sociedade. É mais que difícil, dói. A nossa viajante precisou de quatro viagens à Índia para compreender as castas. Aqui as pessoas veem por cima ou por baixo o ‘outro’ de acordo com a sua casta. A casta Dalits impressionou bastante a turista dos mundos remotos: os dalits não podem tocar noutras pessoas de outras castas, nem podem ser tocados. São catalogados como impuros desde que nascem. As mulheres até sofrem mais abusos que o pensável. Eles trabalham na área de limpeza e obtêm salários muitíssimo baixos.

Se naqueles mercados de peixe de Diu as mulheres são quem mais ordena, contudo não é esse o cenário para todas as indianas. A Ana refere mesmo que não há diferenças físicas entre Dalits e as outras castas, sendo que lhe foi muito difícil fotografar esta realidade cultural. Ela fotografa quando observa diferenças e não há diferenças entre eles apesar das castas. Ela traz-nos uma imagem precisamente de crianças da casta Dalits, ora observe e tente perceber como a humanidade pode ser tão distinta no outro lado do Planeta.

A fotógrafa reuniu as suas melhores fotografias e as suas histórias mais inusitadas num livro que está agora em campanha de pré-vendas no site – https://ppl.pt/outrosmundos. Confira o trabalho desta fotógrafa premium que reside em Portugal.

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