"Tenho cinco filhos, e todos dependemos do leite de camelo para sobreviver", diz o nómada Ali Abdi Elmi, enquanto passa a panela com leite de camelo para um de seus filhos, que toma um gole da rica bebida.
Na Somália o camelo é celebrado em canções e folclore, um símbolo de status e prosperidade, e trocado em casamentos ou para resolver rixas.
Nesta sociedade esmagadoramente rural de 15 milhões de habitantes, a criação de camelos e outros animais sustenta uma economia devastada pela guerra e por desastres naturais que está entre as mais pobres do mundo.
A pecuária é a principal contribuinte para o crescimento económico na Somália e, em anos normais, é responsável por 80% das exportações, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Com sete milhões de animais, há mais camelos na Somália do que quase em qualquer outro lugar.
"Os camelos são importantes para a cultura somali porque são um símbolo de riqueza e status social, pelo número de camelos que se tem", explica Khosar Abdi Hussein, que costuma participar nos mercados de camelos.
Mas na Somália, onde quase sete em cada 10 pessoas vivem na pobreza, de acordo com o Banco Mundial, poucos podem pagar um camelo. Os que vivem da pecuária também não têm vida fácil.
A vida de pastor é difícil, ainda mais dificultada por chuvas cada vez mais raras sobre o Corno da África, uma região que os cientistas americanos dizem que está a secar mais rápido agora do que em qualquer outro momento nos últimos 2.000 anos.
Os camelos ainda produzem leite durante a seca, saciando nómadas que podem passar um mês nas terras secas sem consumir mais nada. "O leite é bom para nós, porque os camelos pastam de árvores com propriedades medicinais que ajudam a combater doenças", conta o pastor Elmi. Além do leite, também a carne do animal é considerada uma iguaria pelos locais.
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