“Essas imagens não têm uma história propriamente dita, são imagens de vários países”. Começa a galardoada fotógrafa e viajante Ana Abrão (@ana.abrao.photo). Não conheço melhor fotografia de viagem e de povos como a arte de fotografia da Ana. Coloca o mundo ‘despido’ de belezas que se escrevem e não são verdade. Expõe a honestidade da alma dos povos onde vai. Revela que há lugares no mundo em que crianças nunca poderão ser crianças.

Ouço então os nomes dos ‘lugares’ que ela vai descrevendo enquanto edita as suas fotos do livro premiado “Outros Mundos”: Índia, Mynamar, Mabul, Laos, Vietname. Cada foto indica “milhões de histórias, casas em que eu entro, escolas que eu invado para depois pedir licença para visita”. Repare-se na escola de monges onde a fotógrafa luso-brasileira entrou em Myanmar.

Crianças do mundo
créditos: Ana Abrão

Na maioria destes lugares, Ana Abrão lembra que as crianças são “o início da minha interação com a comunidade, a não ser que sejam crianças de locais muito isolados”. Quer a nossa viajante dizer que há lugares como Laos em que centenas de crianças ficam a olhar para ela e fogem. Chamou essa fuga de ‘medo’ que logo se resolve com a paciência de uma fotógrafa e amante de pessoas. Ela viaja para ouvir pessoas, pois as pessoas são os lugares em si. E quando as capta, além da lente, percebe que não há barreiras nas crianças: não têm receio de não compreenderem a língua e os trejeitos ocidentais.

Crianças do mundo
créditos: Ana Abrão

“É de fazer doer o coração”, Ana comenta. "É ver aquilo que elas próprias não conseguem ver que é uma ausência de oportunidades… oportunidades principalmente de ser criança”. E nessa ausência drástica de oportunidades vai vendo como, sobretudo, as meninas têm de ser mães ‘à força’, juntando-se os trabalhos forçados. Ora vejam a imagem em que uma criança segura outra criança acabada de nascer. Junta o corpo do recém-nascido ao seu próprio corpo vestido de uniforme da escola. Elas não deixam de ir à escola, mas têm de levar os irmãos consigo para os cuidar. Recreios que são berços de humanidade. Uma mistura que é difícil de ver ou de julgar. Maravilhe-se com estas fotografias e procure o outro lado do Mundo (“Outros Mundos”). Viaje até eles.

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