Mas a deliciosa gastronomia local, a cultura e a beleza das paisagens não explicam por si só o interesse dos "nómadas digitais" por esta nação de menos de quatro milhões de habitantes, localizada entre o Mar Negro e as montanhas do Cáucaso.
“A vida é muito mais barata aqui, o acesso à internet é muito bom e a segurança é melhor do que na maioria dos países do mundo”, enumera Treft, de 51 anos.
A Geórgia emergiu como destino turístico após o lançamento em 2004 de grandes projetos de infraestrutura e renovação de vários centros urbanos, como a cidade costeira de Batumi ou Mestia, ao pé das montanhas. Em 2019, cerca de nove milhões de turistas visitaram o país, mais do que o dobro de sua população.
A pandemia, no entanto, deu um golpe no setor que respondia por 5% do PIB da Geórgia. Em 2020, a economia caiu 6% e perdeu mais de 100 mil empregos, segundo dados oficiais.
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Na esperança de compensar essas perdas, o governo georgiano lançou um programa no verão passado para atrair trabalhadores remotos, criando a possibilidade de viajar apesar das restrições.
"Este programa visa atrair visitantes de rendimentos altos numa situação em que um fluxo massivo de turistas é impossível", disse Tea Chanchibadze, porta-voz da administração nacional de turismo, à AFP.
A medida autoriza cidadãos de 95 países que podem justificar uma renda mensal de mais de US$ 2.000 (cerca de 1.700 euros) a viver e trabalhar na Geórgia por um ano. Os candidatos devem ter testado negativo para a COVID-19 ou serem vacinados contra a doença.
Cerca de 2.300 pessoas inscreveram-se no programa e mais de 800 já chegaram ao país, disse Chanchibadze.
A pandemia esteve sob controlo na Geórgia até setembro de 2020, mas a situação piorou desde então. No final de fevereiro, o país registou cerca de 2.500 mortes e quase 270.000 casos.
Um nativo de Nova Jersey, Andrew Braun, um programador de computador de 28 anos, afirma que a Geórgia é um "ótimo lugar para explorar, mesmo nos tempos da COVID".
“O que mais gosto é da simpatia e abertura da cultura. Sou um estrangeiro, mas nunca me sinto muito deslocado aqui”, diz, apontando para o crescente fluxo de outros “nómadas digitais com um desejo de explorar".
Em relação ao turista comum, ele avalia que esses nómadas do século 21: “podem mergulhar um pouco mais nos países e culturas” de onde trabalham, apesar de enfrentarem problemas como a carga de trabalho reforçada e a possível solidão.
Reportagem: Irakli METREVELI / AFP
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