Ir de Kuala Lumpur diretamente para as Cameron Highlands é como meter o pé num travão a fundo, a 150km/hora. Das luzes e néons, do trânsito de uma grande cidade e capital do país, passamos para um local - igualmente turístico, é verdade - relaxante, com atividades na natureza e onde se aproveita o tempo para passear e descansar. À noite, há apenas um ou dois bares abertos e, a partir das dez da noite, já é difícil encontrar turistas nas ruas. A maior parte deita-se cedo para acordar pela fresca, seja para partir para outra cidade ou para fazer trekkings pela floresta.

No centro de Tanah Rata, onde parou a nossa camioneta vinda de Kuala Lumpur, todas as portas têm um negócio: há restaurantes, cafés, hotéis, supermercados, casas de massagens, bancos... posso mesmo dizer que há de tudo um pouco.

Nos restaurantes, podemos escolher refeições diferentes todos os dias e ainda ficam umas dezenas por experimentar: do indiano ao chinês, do malaio ao italiano. Há os que só funcionam de noite, ou a partir do meio da tarde, e há sempre onde comer em qualquer parte do dia, mas só até às 10 da noite.

Outra coisa que vai ver muito são os souvenirs de morangos e chás. Porquê? Nas Cameron Highlands há 144 quintas produtoras de morangos e duas principais companhias de chás.

As lojas têm de tudo de ambos os produtos: os lápis morangos, bolsas e porta-moedas, almofadas e, claro, há morangos à venda! E todos os restaurantes vendem os sumos naturais de morango (que, curiosamente, são sempre mais caros do que os outros!).

"Quanto mais alta a plantação, melhor é o chá", explica-nos o guia, Satya, confirmando que poucas pessoas sabem preparar chá, enquanto estamos entre os tufos de folhas de chá nas plantação da Boh (que significa Best of Highlands), uma das duas maiores empresas de chá das Cameron Highlands.

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Curioso é que também nesta parte do mundo não são habitantes locais que andam, na sua maioria, no trabalho dos campos. Recordei-me, com isso, das conversas que tenho tido com produtores de vinhos em Portugal, que têm dificuldade em arranjar mão de obra nacional para as vindimas e que são quase todos estrangeiros.

Aqui, nos chás malaios, a maior parte dos trabalhadores são do Nepal e do Bangladesh, por exemplo. Ganham entre
1.600 e 1.800 ringgits (cerca de 350 euros) por mês, trabalhando seis dias por semana, e têm casa, luz, água e seguro de saúde incluídos.

Depois da visita aos campos é possível ver por dentro a fábrica da Boh e experimentar os chás na sua cafetaria, que tem vista panorâmica para os campos. A loja tem os produtos à venda e são aos mesmos preços que vai encontrar nas lojas do centro de Tanah Rata. A única diferença é que poderá ter umas latinhas redondas que não existirão em mais lado nenhum.

O trekking nas Cameron Highlands

Passear a pé em Cameron Highlands é a melhor forma de ficar a conhecer a região. E, quem diz passear a pé, diz embarcar num dos trekkings que existem. Fizemos dois. Um sai do centro de Tanah Rata em direção a Brinchang, conhecida também pelas plantações de morangos. Há uma parte "meio" selvagem do percurso, mas depois está bem sinalizado e passa junto a uma bonita cascata de água. É um bom passeio de cerca de 1h30.

O outro trekking exige mais do corpo. Explorámos a floresta, sendo que vamos subindo por entre as raízes de árvores. Se a subida é difícil? É! Ou pelo menos, de mim exigiu trabalhar músculos que geralmente não trabalho - mas isso sou eu que não vou ao ginásio há um 1 ano! Mas se a subida foi difícil, a descida foi muito pior porque tivemos de controlar bem onde colocávamos os pés, para não escorregarmos e não batermos de traseira no chão. Se voltava a fazer? Voltava!

Chegar ao topo do Vale Cameron ou, depois de uma descida dura, poder estar no meio de campos de chá pouco turísticos... foi a melhor recompensa pelo esforço deste trilho.

E se este esforço (senti-me uma Indiana Jones na floresta) me pediu (exigiu!) uma massagem, num dos centros de reflexologia espalhados por Thana Rata, o dia seguinte foi tranquilo a explorar outros campos de chá (já falei da Boh no início deste texto) e subir (de carro!!) até à Mossy Forest.

O musgo desta floresta tornou-se a casa de fauna e flora especiais e únicas e, por isso, é necessário protegê-las da mão do Homem. A partir de 22 de setembro deste ano já não vai ser possível ir de carro até ao topo e as entradas serão condicionadas. Um projeto de proteção e conservação da natureza, que será mantido por uma ONG, dará assim continuidade a 15 anos de estudos nesta floresta.

Aqui muito perto está Gunung Brinchang, que é a maior montanha de Cameron Highlands, com 2 mil metros de altura. A vista daqui é muito bonita e os guias fazem desta visita uma autêntica aula de botânica, com apresentação de muitas plantas medicinais.

De regresso ao centro de Tanah Rata, são horas de fazer de novo malas e sonhar com a partida para Penang e explorar George Town. Já conhecem?


Brevemente mais dicas desta viagem no Viaje Comigo (www.viajecomigo.com). Entretanto, pode seguir o dia-a-dia da viagem de 2 semanas pela Malásia, no Facebook (www.facebook.com/viajecomigo) e no Instagram (https://www.instagram.com/viajecomigo_susanaribeiro/).
Viagem organizada pela The Wanderlust (http://www.thewanderlust.pt).

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