Uma viagem pela Bósnia revela que há memórias por esquecer e feridas ainda por sarar da guerra civil que começou em 1991 e terminou em 1995.

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Vestígios da guerra civil créditos: Who Trips

Eram visíveis os destroços e os efeitos da guerra.
Terrenos que não podiam ser percorridos devido a minas, casas destruídas e muitas outras esburacadas. Buracos nas paredes eram frequentes, sobretudo em casas situadas em locais estratégicos.

Mostar

Mostar
Mostar créditos: Who Trips

A cidade não é grande e todos os caminhos vão dar à ponte sobre o rio Neretva.
Lugar simbólico. Da guerra entre croatas e muçulmanos. Da esperança e da paz. Do amor entre pessoas de diferentes etnias e religiões, que morreram, no meio da ponte, vítimas da intolerância.

A ponte foi destruída em 1993, reconstruída em 2004 e é o ícone da cidade.
É também património mundial da Unesco, em conjunto com o centro histórico da cidade.

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Acesso à rua da ponte de Mostar créditos: Who Trips

Muitos turistas desciam as ruas empedradas, cercadas de lojas de souvenirs e restaurantes, em direcção ao Neretva.
Grupos de excursionistas que fazem de novos exércitos.
Dia e noite a ponte era agora flagelada por flashes de máquinas fotográficas.
Das mais diversas perspectivas. Do início da encosta, na descida que dá acesso à ponte, num pequeno miradouro que fica um pouco mais longe, nos restaurantes instalados na beira do rio…
Em todo o lado a ponte era o foco. E é linda.

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Ponte de Mostar créditos: Who Trips

De dia, o barulho da azáfama turística ofuscava um pouco o ambiente. Ao entardecer era fantástico. Ouvia-se o rio a correr, uma luz ténue brilhava no branco das pedras da ponte e no verde forte das águas do Neretva.

Atravessar a ponte era também um exercício de imaginação. Como seria no tempo da guerra? Onde estariam os snipers? Que raiva levou esta gente a dizimar famílias e familiares! Estes pensamentos terminam com uma frase que está inscrita numa pedra no meio da ponte: Don’t forget 93.

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Evocação da guerra civil créditos: Who Trips

Do outro lado da ponte há também ruas estreitas cercadas de restaurantes.
Uma pequena cascata provoca algum barulho e ao mesmo tempo desperta a curiosidade para seguirmos por caminhos mais estreitos.

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Pescador créditos: Who Trips

Um homem estava na berma do rio a pescar uma truta.
Daqui a pouco o resultado da pesca estará no prato de um turista.
Ao princípio não se notava grande diferença entre as duas margens do rio. Mais tarde era evidente que estávamos em territórios diferentes.
Em primeiro lugar, no alto da montanha, uma cruz. Bem visível. Mesmo do lado muçulmano. Depois algumas igrejas e uma rádio local, Radio Stari Most (no lado muçulmano, em frente ao nosso alojamento, estava a RTM, televisão de Mostar).

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Mulher em Mostar no lado sérvio créditos: Who Trips

As casas e as ruas aparentavam um nível superior de riqueza (ou menos pobreza) do que do lado muçulmano. Um território mais organizado mas também mais frio, mais distante.

Do outro lado era mais confuso. Arruamentos por terminar, casas em ruínas e esburacadas pelos projécteis das armas, crianças a correr no meio da estrada, mais comércio de rua, mesquitas e minaretes, cafés com homens a beber chá e café nas esplanadas…
Ambientes diferentes que se recusavam a diluir nas águas do Neretva.

O custo de vida, para um ocidental, não era elevado. Havia oferta para vários bolsos.
Em alguns restaurantes paga-se o conforto e a singularidade da paisagem. Mas também se vendia comida em lojas de rua e dois croissants com salsicha e doce custavam cerca de dois euros.

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Vista da ponte de Mostar créditos: Who Trips

A oferta de alojamento era pequena mas variada. Muitos visitantes acabavam por não dormir, faziam apenas uma breve paragem. Chegavam em excursões provenientes da Croácia e partiam ao final do dia.
No entanto, Mostar merece mais do que um “stop over”.
À noite era muito diferente. Um lugar calmo e belo, particularmente na zona histórica. Podia-se passear durante a noite, não havia recomendações de perigo mais agravadas do que em qualquer outra cidade.
Apesar das memórias dos habitantes.

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Muslibegovic House créditos: Who Trips

O nosso alojamento em Mostar foi a National Monument Muslibegovic House.
É um monumento nacional que funciona como museu e hotel.
Pertence a uma família otomana há mais de 300 anos. Uma família abastada que decidiu manter o edifício com a traça original e que decidiu, também, manter-se em Mostar.
A área para as mulheres, o muro alto para não serem vistas, os quartos com mobiliário tradicional, as paredes decoradas com motivos locais…
Tivemos de deixar os sapatos na entrada, passamos para os tapetes e depois subimos as escadas e fomos parar ao quarto com uma janela pequena.
A casa de banho era também pequena, com equipamento tradicional e de bom gosto.

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Muslibegovic House créditos: Who Trips

O acesso aos quartos era feito através de um espaço comum. Uma sala que estava aberta aos visitantes do museu e que pagavam dois euros pelo ingresso.
No dia seguinte, na qualidade de visitantes, realizámos uma visita. Um situação singular, ser hóspede e visitante em simultâneo.
As pessoas que trabalhavam no monumento eram muito simpáticas. Receberam-nos com uma bebida de boas-vindas e explicaram como abrir a tranca do portão que dava acesso ao pátio do edifício.
A simpatia alargou-se à primeira incursão na cidade. Começou a trovejar e a chover e emprestaram-nos um chapéu de chuva. Bom presságio, porque, pouco depois, deixou de chover e fizemos todo o passeio sem uma pinga de água, a passear o guarda-chuva mágico.

Sarajevo

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Autocarro para Sarajevo créditos: Who Trips

A viagem de autocarro até Sarajevo demorou 2.30h com muitas paragens.
No caminho tivemos a companhia de muitas montanhas e da ligação ferroviária.
O comboio não era grande alternativa ao autocarro porque era muito lento, embora, vários relatos adiantassem que era interessante do ponto de vista paisagístico.

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Passageiro bósnio no autocarro créditos: Who Trips

Nas principais localidades mantinha-se a memória da guerra com marcas em edifícios.
Os arredores e a entrada de Sarajevo não foram promissores.

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Eletrico em Sarajevo créditos: Who Trips

A estação de autocarros era desoladora. Parou no tempo.
A viagem de táxi para o hotel também não prometeu muito. Ruas estreitas, escuras, a serpentear uma colina e com casario velho.

O hotel Michele  era uma ilha neste local. Foi inaugurado em 2006, é uma exploração familiar e aposta na decoração clássica.

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Hotel Michele créditos: Who Trips

Tem um salão amplo, com pinturas, mobiliário clássico e tradicional. Na sala de refeições cada mesa tem um conjunto de louça diferente. Não procura o requinte. Apenas o conforto com um gosto particular.

O Michele já recebeu Bono Vox, Richard Gere, Kevin Spacey, Morgan Freeman, Steve Buscemi, Terence Howard, Michael Moore, entre outros.
Assim está escrito no site, onde também se refere que há hospitalidade mas não spa ou piscina.
Foram estes os argumentos que nos convenceram. Ainda bem. Gostei muito.


Mais do que as instalações, o mais agradável foram as conversas com a família que faz a gestão do hotel.

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Sarajevo créditos: Who Trips

Logo na primeira noite estivemos (eu e a dona do hotel) a fumar no átrio.
Ela falou da guerra com ira e da política com desapontamento.
Perdeu familiares na guerra civil e conclui que foi tudo uma estupidez. Não encontra sentido. Acha que o nacionalismo e o aproveitamento político estiveram na génese do conflito e não houve qualquer motivação religiosa.
Com voz serena mas embargada de emoções, conta as famílias destroçadas, o absurdo do dia a dia, as pessoas conhecidas que viu morrer.
Não lhe digam que foi por motivos religiosos. Recusa-se a acreditar. Na sua família professam várias religiões e nunca este foi um tema de discórdia. Nunca.

Teve esperança com a paz. Mas foi por pouco tempo.
Os europeus recusam-nos. Os dirigentes locais nada aprenderam com a guerra. Mantêm os vícios, as divisões e, tudo isto, é o garante da sobrevivência de um número enorme de dirigentes políticos e responsáveis da administração central. O filho pega num maço de tabaco e explica: Fumar mata. Todos o sabemos e na Bósnia todos entendem qualquer uma das línguas das várias comunidades. No entanto, num maço de tabaco, o alerta tem de estar escrito nas três línguas. Agora amplie isto para formulários, sinais de trânsito, burocracia, representantes políticos… e corrupção.

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Vista de Sarajevo créditos: Who Trips

As primeiras horas em Sarajevo serviram para descobrir a zona histórica da cidade. Também para mudar de opinião. Está a desfazer-se a primeira impressão.

Afinal Sarajevo tem piada.
Interessante na arquitectura, na variedade cultural, na rápida passagem para locais marcadamente pertencentes a uma comunidade.

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Inat Kuca créditos: Who Trips

O primeiro dia terminou com o jantar no Inat Kuca. Foi recomendado pela dona do Michele e serve comida bósnia.
Duas refeições custaram cerca de 17 euros.

O local é muito acolhedor, a arquitectura é tradicional e tem uma história interessante.
Verdadeira ou falsa, não importa. É a seguinte: quando da construção da sede do município queriam demolir a casa tradicional que estava nas proximidades. O dono recusou sempre.
Nada o demoveu e foi tão peremptório que tiveram de mudar a casa, pedra a pedra, para a outra margem do rio, próximo da ponte Ćehajas.

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Vista da ponte Ćehajas créditos: Who Trips

Deste lado da cidade a vista é deslumbrante, particularmente ao anoitecer, segue o curso do rio Miljacka e as várias pontes.

Atravessar a zona plana de Sarajevo e cada pedaço de terra tem uma história.
A zona histórica, a Baščaršija, que teve origem no séc. XV, pretende imortalizar: a fundação otomana e consiste numa reconstituição do bazar; o refúgio de judeus que fugiram da Península Ibérica; a ponte Latina, onde foi morto Francisco Fernando, o arquiduque da Áustria, e que esteve na origem da I Guerra Mundial; a guerra entre bósnios, sérvios e croatas que durante três anos provocou inúmeras vítimas e destruição e, por último, os sinais de alguma recuperação económica com a paz e os apoios internacionais.
É esta zona da cidade que tem os principais pontos turísticos.

Um dos primeiros destinos foi a velha igreja ortodoxa, um dos edifícios religiosos mais antigos da cidade. Foi construída no séc. XVI e várias vezes destruída por incêndios.
Hoje alberga um museu. Estava decorada com vários quadros e tinha cadeiras onde podemos sentar-nos e meditar.
Mesmo ao lado, havia um bar com venda de garrafas de vinho e uma esplanada. Logo a seguir, um pavilhão com muitos quadros, ornamentos e artefactos ortodoxos.
Algumas das pinturas são esplêndidas e do séc. XIV.

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Fonte na mesquita Gazi Husrev-Beg créditos: Who Trips

Num quarteirão ao lado, na zona histórica otomana, a Baščaršija, era imponente a Mesquita Gazi Husrev-Beg e ao lado a madrassa.
Fazem parte de um conjunto arquitectónico amplo e muito frequentado.
A mesquita foi construída no séc. XVI e era o maior local de culto muçulmano na Bósnia. Está também na história por ter sido a primeira mesquita a ter iluminação eléctrica, em 1898. Quase um século depois fica também na história pela sua reconstrução, após ter ficado muito danificada com a guerra civil e os ataque sérvios.
Como lugar de culto, a mesquita era muito frequentada.

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Mesquita Gazi Husrev-Beg créditos: Who Trips

Por outro lado, era também um ponto de encontro e de convívio da comunidade muçulmana. No átrio, onde estava uma bela fonte, muitas pessoas aproveitavam para conversar. O que, na verdade, inquieta os turistas porque queriam fotografar a fonte sem pessoas a ofuscar a estrutura.
Quando está sol, alguns fiéis sentam-se num dos corredores do exterior, ao lado de tapetes, e contemplam quem passa.
A mesquita não passa despercebida devido à sua dimensão e à altura do minarete. Mesmo os mais distraídos não deixariam de reparar nela por causa do chamamento para as orações.

A madrassa é a mais antiga escola da Bósnia.
Foi fundada em 1537 e tem funcionado de modo ininterrupto.
 Na madrassa podia-se ter acesso à zona central.
Em frente, no jardim, estavam duas dezenas de lápides de mortos na guerra civil.
Ao lado, em contraste com a arquitectura desta zona, um edifício novo onde funciona uma biblioteca.

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Muzej Jevreja créditos: Who Trips

Curiosamente, não muito longe deste complexo muçulmano, está a primeira sinagoga de Sarajevo e uma das mais importantes nos Balcãs devido à sua relevância histórica.
A Muzej Jevreja é hoje um museu e é impressionante a sua história. Criar/destruir; integração/perseguição….
Desde a fundação à recepção de judeus expulsos da Península Ibérica, a integração em Sarajevo, a destruição provocada pelos austríacos e o holocausto na II Guerra Mundial.

O edifício de pedra era austero, tinha as marcas de um lugar de culto e era muito bonito.

Nos três andares estavam vários artigos em exposição. Cada andar era dedicado a um tema. Guardei na memória que nos anos 30 do séc. XX tinham uma equipa feminina de andebol. Bem evoluídos, nada ortodoxos.

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Baščaršija créditos: Who Trips

Sarajevo é para visitar a pé.
Em alguns locais, como no antigo bazar, parece um labirinto mas facilmente se encontra um rumo. O rio serve de guia e a fortaleza de estrela polar.
No alto da colina que cerca a cidade está a fortaleza. Sempre vigilante.
Foi construída no séc. XVI com essa finalidade. Mais tarde, com o império austro-húngaro, foi ampliada. A pedra branca está na origem do nome Fortaleza Branca (outros chamam-na amarela). A Bijela Tabija tinha uma posição estratégica porque era uma das portas de entrada em Sarajevo.
Com os seus canhões e em conjunto com uma muralha protegia a cidade.
Hoje não tem essa função. É apenas um miradouro.
Fantástico para uma vista geral da cidade.

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Vista da fortaleza créditos: Who Trips

Fomos a pé, o que não é recomendável porque é um caminho longo e extenuante.
É mais fácil apanhar um autocarro que parte no centro da cidade.
Tivemos de contornar o túnel, passar ao lado do hotel e depois arrastar-nos por uma rampa muito íngreme.
Não convinha sair da estrada por causa das minas. Havia avisos em alguns pontos.
A fortaleza está a quase 700 metros de altitude. São muitos metros para uma subida.
Lá no alto sentimos a compensação do esforço.
A paragem é duplamente obrigatória. Pelo cansaço e pela vista.
Tem uma perspectiva singular: o vale atravessado pelo rio, as várias pontes e monumentos, ao longe a parte nova com prédios altos. Mais próximo da fortaleza, o olhar alcança zonas residenciais em espaços verdes, com ruas íngremes.
Um lugar para espraiar a vista. Calmo, uma ligeira brisa, o céu ligeiramente enevoado. Uma jovem sentada na berma apreciava a paisagem. Isso mesmo, estar e sentir…
A fortaleza não estava aberta ao público.
As pedras brancas davam um ar de grande sustentabilidade mas, na verdade, fiquei com a ideia de que a estrutura estava em ruína. Havia um projecto para transformar a fortaleza num ponto turístico de Sarajevo com espaços culturais e de entretenimento.

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Um dos vários cemitérios em Sarajevo créditos: Who Trips

A descida foi a pé, pelo outro lado da colina.
Da fortaleza já tínhamos visto e o olhar não esquece um longo cemitério. Um espaço onde o verde é mil vezes quebrado pelo branco das cruzes. Todas alinhadas, todas recentes. Algumas pessoas percorriam a pé o imenso recinto.

Ao lado, uma rua calcetada que nos levou até ao vale. Só lá em baixo o cemitério é ofuscado pelo casario.
Regresso à zona histórica. O cansaço foi grande e exigia um bom descanso. Num restaurante, o primeiro que encontrámos. Não tivemos sucesso.
A ementa não estava traduzida e o homem que atendia os clientes também não mostrou esforço ou simpatia para alargar a sua clientela.
Uma rua depois, um outro restaurante da mesma cadeia e com muitos habitantes locais a almoçar. Repetiu-se a antipatia mas agora com uma mulher.

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Cevapi créditos: Who Trips

Pedimos um prato igual ao que alguns locais estavam a saborear. Pão, salsichas, cebola e maionese. Algo parecido com um cevapi.
A empregada estava com pressa e nem deu para pedirmos um café pois colocou a factura de 11 marcas em cima da mesa. Caramba, aqui local turístico é assim: fast com traditional food.
Não se pode generalizar.
Por exemplo, um dos lanches foi bem diferente. Foi no Remis. Numa das ruas do bazar .

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Pera com chantilly créditos: Who Trips

A experiência teve três destaques: uma jovem empregada muito simpática, as peras com chantilly e uma bebida com sementes e anis, de cor amarela e sabor estranho.

Uma outra experiência gastronómica, com um fotógrafo norte-americano que conhecemos em Sarajevo, foi num pequeno restaurante na Baščaršija.
Ficava entre a praça central e a sede do município. A comida era saborosa, feita à nossa frente. Carne enrolada em vegetais, chá e pão.

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Mesquita do imperador créditos: Who Trips

Os passeios a pé por Sarajevo mostraram uma grande variedade de sítios com história e locais de interesse cultural e religioso.
Num instante passamos pela ponte Latina, o teatro, a universidade e a mesquita do imperador.  Fica ao lado do rio e o imponente minarete tem as montanhas como cenário de fundo.
 Foi a primeira mesquita construída na cidade, em meados do séc. XV, na sequência da conquista do império otomano. É um amplo lugar de culto e considerada uma das mais belas mesquitas otomanas nos Balcãs.
O religioso que faz o chamamento teve uma longa conversa. É de Istambul e usa o iPhone para fazer ouvir a sonoridade do seu chamamento. Simpático e fiel à sua missão. Disse que já converteu ao chamamento de Deus uma argentina e uma eslovena. Acho que estava tentado a fazer o mesmo connosco.

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Ferhadija créditos: Who Trips

A rua Ferhadija era um dos pontos altos do comércio.
Atravessa parte da cidade a partir da zona histórica. Era uma rua pedestre paralela ao rio. É aqui que se encontram alguns monumentos, teatros, muitos restaurantes, gelatarias, esplanadas e espaços comerciais, alguns deles de marcas que estão em todas as cidades ocidentais.

O comércio era mais interessante na zona do bazar. As lojas de artesanato, roupa, brinquedos, gelados… Havia ainda um pequeno mercado fechado.
Próximo da Ferhadija, numa rua escondida, e um outro mercado popular, com muitos produtos de contrafacção. Foi aqui que comprei um impermeável porque o tempo em Sarajevo é instável. Foi barato e muito útil.
De regresso à Ferhadija tive de comprar uma caneta para os apontamentos de viagem. Reparei então que foi a única papelaria que encontrámos em toda esta zona da cidade.
O mesmo se passou com lojas de venda de música.

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Ferhadija créditos: Who Trips

A Ferhadija é uma rua que também serve de referência a quem visita a cidade a pé porque é um ponto de passagem frequente.
Numa das travessias estava um homem aos berros, sentado ao lado da chama que integra o monumento da II Guerra. Muito agitado. Quando passámos novamente, a polícia já o estava a meter dentro de um carro.
Outra vez, assistimos a uma manifestação de apoio e solidariedade com o povo turco na praça BBI, junto ao centro comercial que fica na Marsala Tita, a rua que dá continuidade à Ferhadija.

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Hayat TV créditos: Who Trips

Um dos manifestantes estava a ser entrevistado pela Hayat TV mas não foi fácil.
Um homem que estava na esplanada não concordava com o protesto e até discutiu com o entrevistado.

Próximo do monumento da II Grande Guerra, noutra ocasião, foi a vez de assistirmos a uma concentração de antigos militares.

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Antigos militares evocam batalha na II Grande Guerra créditos: Who Trips

Combatentes que alinharam pelos exércitos da Áustria, Itália e Bósnia. Assinalavam uma batalha. Houve ordens militares, discursos e muitas fotografias. A cada ano, a data é evocada rotativamente num destes três países.

Por último (como a vida cívica é agitada em Sarajevo!), ainda assitimos a uma manifestação na zona histórica contra a construção de uma barragem no interior da Bósnia.

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Mosque Ali Pasha créditos: Who Trips

Não muito longe do BBI Center está a mesquita Ali Pasha. O caminho fez-se bem, com muita gente nas paragens de autocarros.
O cenário mudou um pouco. Construções desinteressantes, praças com muita azáfama e trânsito. A mesquita, contudo, ficava num refúgio verde. Neste extremo da cidade, era um dos poucos pontos de interesse.
O melhor foi o regresso junto ao rio até à ponte Eiffel com uma paragem num banco do jardim, mesmo ao lado da embaixada do Irão.
Contemplar o a cidade a partir da perspectiva do rio. Pessoas a passear, a rotina…

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Ponte moderna créditos: Who Trips

Deste lado do rio não estamos longe da Academia de Belas Artes.
O edifício é de arquitectura árabe, muito belo e está recuado, com um jardim em frente que é vizinho do rio.
De noite, do outro lado, era deslumbrante, com as luzes a salientarem as linhas do edifício. Na altura da nossa visita tinha em exposição de material electrónico.
O regresso ao centro da cidade pode ser feito até um parque, junto à igreja ortodoxa.
Muitos locais, essencialmente idosos, juntavam-se aqui.

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Uma pausa para o xadrez créditos: Who Trips

No chão estava pintado um tabuleiro de xadrez e havia peças de plástico enormes, com as quais vários locais passavam o tempo na qualidade de observadores.
Olhavam com muita atenção para os movimentos dos jogadores. Discutiam, comentavam em privado, faziam sugestões, acenavam com a cabeça em sinal de discordância… Com um tom brincalhão, outros com ar inflamado. Levavam o jogo a sério.

Havia também algumas tendas de madeira com venda de produtos artesanais, chá, mel…
A igreja ortodoxa, de seu nome Cathedral of the Nativity of the Theotokos, é um dos maiores templos da comunidade sérvia na Bósnia e foi contruída entre 1863 e 1868.
A torre principal é muito alta e notável. O interior era igualmente esplêndido com um altar imponente.

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Cathedral of the Nativity of the Theotokos créditos: Who Trips

Visitamos ainda outra igreja ortodoxa mas muito mais pequena. Fica próximo da rua Konak, no lado esquerdo do Mijacka. É mesmo muito pequena e o altar domina o cenário. Uma religiosa fazia a limpeza. De resto, um absoluto silêncio quebrado apenas pelo barulho da minha máquina fotográfica.
Próximo fica também a igreja de santo António de Pádua. Não é fácil de descobrir e tivemos essa experiência. Tem uma arquitectura muito própria e a sua origem deve-se a famílias católicas que residiam em Sarajevo no séc. XVII.

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Sarajevska Pivara créditos: Who Trips

Do outro lado da Konak fica a fábrica de cerveja de Sarajevo, a Sarajevska Pivara.
Um grande construção cor de tijolo, com uma entrada larga, para transporte de mercadoria. Noutro lado fica o acesso ao museu e à cervejaria. Espaçosa, com dois andares, decoração clássica e música ambiente ocidental. A cerveja é agradável, com sabor intenso.
O regresso a Dubrovnik foi novamente de autocarro. A viagem demorou cerca de seis horas.
Na partida, quando o autocarro iniciou o andamento, despedi-me da cidade a ouvir Miss Sarajevo, dos U2.
Inesquecível.

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