As reformas, algumas delas amadurecidas nas últimas décadas do Império Otomano, são as de uma elite ocidentalizada, impostas à nova nação turca.

Alfabeto latino

A 01 de novembro de 1928, o Parlamento turco introduz o alfabeto latino e abandona o árabe, que até então era usado para escrever o turco otomano. A ideia já havia germinado em alguns círculos na segunda metade do século XIX.

A reforma chega acompanhada por uma revisão da língua turca, a qual abandona muitos termos herdados do árabe e do persa. Em paralelo, são introduzidas várias palavras francesas.

A população turca é, à época, em grande parte analfabeta. Entre as pessoas que sabem ler e escrever, muitas já conhecem uma língua ocidental, em particular o francês, de maneira que a reforma acontece sem grandes dificuldades.

Um século mais tarde, poucos turcos conseguem ler otomano.

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Laicismo

A 10 de abril de 1928, a Turquia suprime as referências ao Islão da sua Constituição, tornando-se no primeiro Estado laico do mundo muçulmano.

O modelo é um "laicismo de controlo", pelo qual o Estado tutela o Islão. Concretamente, a Direção de Assuntos Religiosos (Diyanet) supervisiona mesquitas e imãs.

O Islão é, no entanto, a religião da imensa maioria dos turcos, razão pela qual continua a ser um elemento constitutivo da identidade nacional turca.

Direitos das mulheres

A República Turca transformou, profundamente, o status das mulheres, ao suprimir a poligamia e a conceder-lhes direitos civis e políticos. Entre o quais, o direito ao voto, em 1930, nas eleições locais, e em 1934, nas eleições nacionais, nas quais também podem se apresentar como candidatas.

Sob o poder de Atatürk (1923-1938) e nos anos seguintes, a sociedade turca continua a ser, contudo, muito patriarcal.

Quase um século depois, as mulheres turcas representam apenas 20% dos deputados no Parlamento. E o presidente Recep Tayyip Erdogan considera as mulheres "como mães, antes de tudo".

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Código de vestuário

Entre outras medidas drásticas aplicadas nos primeiros anos da República, Mustafá Kemal transforma a maneira de vestir dos turcos. Proíbe o tradicional fez - ou tarbush, um pequeno chapéu masculino de feltro ou pano -, substituindo-o pelo chapéu ao estilo ocidental, além de restringir os trajes religiosos e tentar limitar o uso do véu feminino.

O terno e o chapéu, assim impostos aos turcos, tornam-se o símbolo da ocidentalização do país.

Mas a reforma "causou um descontentamento em massa. A resistência foi duramente reprimida, e mais de 100 pessoas foram executadas", recorda o historiador Hamit Bozarslan, autor de um livro sobre a história da Turquia contemporânea.

Ancara, capital

Ancara é proclamada capital do Estado republicano em outubro de 1923, em detrimento de Istambul, capital de um império que se estendia dos Bálcãs até ao atual Iêmen e que foi desmembrado no final da Primeira Guerra Mundial.

Situada no coração de Anatólia, a cidade experimenta um desenvolvimento espetacular, passando dos 25.000 habitantes à época para vários milhões nos dias de hoje, sem conseguir eclipsar Istambul.

A capital turca manteve o nome de Angora até 1930, quando se tornou Ancara. Já Constantinopla mudou o nome para Istambul.

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