Um enorme cadeado bloqueia o portão do aeroporto de Lima, um dos principais terminais aéreos da América Latina, guardado por soldados equipados com máscaras cirúrgicas e armas.
Desde segunda-feira às 23h59, todos os voos internacionais e nacionais foram suspensos no Peru. O país fechou todas as fronteiras por 15 dias, na tentativa de conter a propagação do novo coronavírus.
Kenza está atualmente em Cuzco e planeava visitar o famoso Machu Picchu, mas o presidente peruano declarou estado de emergência e o confinamento da população por duas semanas.
“Na embaixada francesa em Lima, fomos instruídos a resolver os nossos problemas com paciência. Aqui (em Cusco), podemos fazer compras, mas o resto do tempo não devemos deixar o hotel. Estamos um pouco perdidos. O mais difícil é que não se sabe o que vai acontecer”, descreve esta turista.
Na Colômbia, seis viajantes franceses e espanhóis foram expulsos do país por não cumprirem o autoisolamento imposto pelo governo.
Os principais pontos turísticos da região, que normalmente recebem fluxos ininterruptos de turistas, encerraram um após o outro.
No Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor também já fecharam ao público.
Sarfaraaz Aslam, um engenheiro informático de 35 anos que vive em Paris, viajou para a América Latina pela primeira vez a 23 de fevereiro. Após o carnaval no Rio e em São Paulo, foi para o sul da Argentina. "Assim que cheguei a El Calafate, tudo estava fechado", conta.
Aslam teve que comprar uma passagem só de ida para a França, via São Paulo, na Latam, por mais de 1.400 dólares. Mas o voo de volta, a partir de Buenos Aires, onde se encontra no momento, foi cancelado. Agora deve partir na quinta-feira.
A empresa chileno-brasileira Latam, a maior da América Latina, informou nesta segunda-feira uma redução das operações internacionais em 90%, devido à queda na procura e às restrições impostas pelos governos por causa da pandemia de coronavírus.
O grupo Air France-KLM também anunciou uma diminuição das atividades em, pelo menos, 70% a 90% nos próximos dois meses.
O governo francês pediu às companhias aéreas que mantenham voos e “moderem” os preços para permitir o retorno dos franceses presos no exterior devido à pandemia do COVID-19.
Mas as centrais telefónicas “estão saturadas”, denuncia em entrevista escrita à AFP o francês Clément Chapelle, preso em El Salvador. “As autoridades (francesas) não podem esperar 15 dias para reagir”, protesta.
Além do Peru, Chile, Argentina, Colômbia, Brasil e Uruguai anunciaram encerramentos parciais ou totais das fronteiras.
Reportagem: Tupac Pointu / AFP
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