"A fundação está muito comprometida com este espaço arqueológico, o qual deverá ser aberto à visitação pública durante o próximo verão. O sítio do Fariseu tem um grande potencial arqueológico e será um novo espaço de atração turística e científica do Parque Arqueológico do Vale do Côa [PACV]", disse à Lusa a presidente da fundação, Aida Carvalho.

O sítio do Fariseu é o mais recente sítio de prospeção arqueológica em todo o PAVC, e tem revelado "achados surpreendentes''.

Ao longo dos últimos dias, com a descida do caudal do rio, uma equipa multidisciplinar sondou aquele sítio arqueológico, e acredita ter colocado a descoberto um dos maiores painéis de arte rupestre ao ar livre, com cerca de 10 metros de comprimento, no sítio da Fariseu.

Todo o trabalho começou em abril do ano passado, com a descoberta da maior gravura ao ar livre, representativa de um auroque (boi selvagem), gravada numa rocha no sítio do Fariseu, 'rocha 09' do PAVC, datada do Paleolítico Superior.

A ampliação da área de trabalho permitiu, como agora os investigadores sublinham, "perceber a relação da vida quotidiana do Paleolítico Superior com a arte do Côa".

Segundo o arqueólogo da FCP, Thierry Aubry, os próximos passos vão no sentido de se fazer o diagnóstico de todo material recolhido, para "saber exatamente" o que a ocupação humana de milhares de anos foi deixando nestas camadas de sedimentos nas margens do rio Côa.

"Ao contrário das outras rochas", no painel agora desvendado, "temos muitas fêmeas de auroque que caminham em sentido diferente do grande auroque macho, ou seja, em direção ao leito do rio Côa. Ficamos com [a impressão de] que estamos num desenho animado datado do Paleolítico Superior", explicou.

No ano passado, os trabalhos tiveram de ser suspensos devido à pandemia da covid-19, mas foram retomados em junho último, e o auroque começou a ser visitado por pequenos grupos que faziam o percurso a pé, a nado ou de canoa.

Os arqueólogos sempre acreditaram no potencial rupestre da designada 'rocha 09' do PACV, que fica a cerca de 50 metros do rio Côa.

Os investigadores, para continuarem os trabalhos arqueológicos, tiveram a colaboração da EDP, que baixou o caudal do rio Côa em dois metros, o que ajudou a colocar a descoberto aquilo que hoje é considerado um dos maiores painéis de arte rupestre ao ar livre, em todo o mundo.

A última vez que o rio Côa baixou para a realização de sondagens arqueológicas foi em 2007.

Segundo a presidente da Fundação, o novo espaço de visita será complementar aos circuitos da Penascosa, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos.

Aida Carvalho disse ainda que está em fase final de construção um cais de embarque junto ao sítio da Canada do Inferno, que será base da futura embarcação movida a energia fotovoltaica esperada para o rio Côa na primeira quinzena de junho deste ano.

"Estamos a realizar igualmente obras de solidificação para melhoria dos acessos e condições de segurança em vários pontos de visitação do PAVC", disse Aida Carvalho à Lusa.

A chamada 'rocha 09' do Fariseu representa um dos principais núcleos de arte rupestre do Vale do Côa, classificados como Monumento Nacional, e inscritos na Lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

O PAVC foi criado em agosto de 1996. A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património da Humanidade, pela UNESCO.

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