O maior desfile de trajes de papel crepe do país está de volta para colorir a marginal da cidade do Porto, no dia 27 de agosto, domingo, entre as 09h00 e as 13h00.

O Cortejo de São Bartolomeu, este ano marcado pela candidatura a Património Imaterial da UNESCO, conta com mais de 500 figurinos que vestem a pele de diferentes personagens e vão percorrer cerca de três quilómetros, terminando com “banho santo” na Praia do Ourigo.

Organizado pela União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (UFAFDN) o cortejo, este ano dedicado ao Património Material e Imaterial da Humanidade em Portugal, inicia caminho no Jardim das Sobreiras, passando pelo Passeio Alegre, Rua Senhora da Luz e culmina no mar na Praia do Ourigo. O evento vai contar com a presença de personalidades de relevo na cidade e muita música e animação durante toda a manhã.

Este ano, o desfile está marcado pela candidatura conjunta a Património Imaterial da UNESCO. A União das Freguesias de Aldoar, da Foz do Douro e Nevogilde aliou-se aos municípios espanhóis de Mollerusa e Amposta, na Catalunha, e Güeñes, no País Basco para preservar as tradições locais dos trajes de papel e garantir a sua continuidade. O processo de candidatura que agora se inicia e estende-se até 2025.

Em 2014, com o objetivo de dar um novo impulso criativo e técnico ao projeto, a UFAFDN criou o seu próprio “Bloco” e o Atelier de São Bartolomeu, com a colaboração de uma profissional especialista em design têxtil e moda.

Para este Atelier foram convidadas pessoas do território, que já faziam parte do projeto sénior Trajetórias e que durante toda a sua vida colaboraram na produção dos trajes ou participaram no Cortejo. O Atelier de S. Bartolomeu, assume outras missões: apoiar tecnicamente as coletividades e colocar jovens em contacto com a tradição e o saber fazer do traje de papel.

Porto vai receber maior desfile de trajes de papel crepe do país
créditos: DR

O banho milagroso

A Romaria de São Bartolomeu remota à tradição do século XIX, quando fiéis acreditavam que, a 24 de agosto, São Bartolomeu encarnava nas águas e o Diabo andava à solta e procuravam proteção conta males de pele, gaguez ou efeitos demoníacos, mergulhando no mar em busca da sua proteção. A romaria trazia até à Foz um vasto número de crentes que procuravam o banho milagroso.

Nos anos 30 do século passado surge a tradição dos trajes de papel, trazida pelo antigo embarcadiço “Costa Padeiro” e associada à “Festa do Banheiro”. Já o primeiro Cortejo de Trajes de Papel em dia de São Bartolomeu realizou-se em 1952. A partir de 1963 é dado novo fôlego ao Cortejo por Joaquim Picarote, um “bairrista da Foz”. Desde 1979/1980 a organização do Cortejo ficou a cargo da Junta de Freguesia e, após a união das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde em 2013, estabeleceu a Junta o seu Atelier de São Bartolomeu.

O Cortejo dos Trajes de Papel, ao longo da sua diacronia, adquiriu um carácter identitário para a comunidade local, onde há uma clara valorização do trabalho manual e conteúdo material desta tradição. A criação dos trajes implica uma logística prolongada no tempo e a transformação minuciosa de papel crepe em trajes coloridos.