“Gosto de caminhar e tenho fé na Nossa Senhora de Fátima. Ligar dois grandes lugares da Igreja Católica era um projeto que eu gostava de concretizar e, como a idade está a avançar, decidi fazê-lo agora”, disse à agência Lusa o peregrino de 60 anos.
Durante dois anos, José Lima traçou o seu plano para a caminhada de 3.339 quilómetros, que espera fazer em 140 etapas.
A primeira etapa começou às 08:30 de segunda-feira, em Roma, e terminou em Formello. Na sexta-feira à tarde, tinha já cumprido a quinta etapa, encontrando-se em Montefiascone, depois de um total de 139 quilómetros percorridos.
“Não vim ao acaso. Quando entro numa cidade sei onde tenho de ir procurar dormida sem ter que andar a perguntar às pessoas”, contou o peregrino, que recorre à ajuda de um GPS para não sair dos trilhos.
Apesar dos pés doridos, José Lima considera estar “fisicamente bem preparado”. No seu “currículo” tem vários anos de peregrinações a Santiago de Compostela (Espanha) e a Fátima e muitas caminhadas em montanha, estimando que faça 1.500 quilómetros a pé por ano.
Até chegar a Portugal, o peregrino vai passar por Itália, França e Espanha, usando caminhos “santos“ – como aquele onde se encontra - vias romanas, caminhos agrícolas e florestais, grandes rotas homologadas, Caminhos de Santiago e, por último, o Caminho do Norte, rumo a Fátima.
“Em cada etapa eu tenho uma referência para dormida. Nos caminhos ‘santos’, como aquele onde vou, existem apoios ligados à Igreja Católica nas dormidas e nas refeições, a preços simbólicos”, referiu, sublinhando a importância da alimentação, porque é diabético e tem de ter a glicemia controlada.
Noutras etapas, José Lima terá que ficar em residenciais e hotéis e, em França, andará 30 dias a dormir em parques de campismo.
“Vou aproveitar a existência dos parques de campismo para que economicamente não seja tão doloroso”, contou, estimando que, durante os cinco meses de peregrinação, não gaste mais de oito mil euros.
A determinada altura chegará ao Caminho Francês (que o levará a Santiago de Compostela), no qual existem “muitos albergues e muitos sítios para descansar”.
A mochila que carrega às costas pesa cerca de oito quilos, sem mantimentos: “Se lá meter água, maçãs e mais qualquer coisa para comer no caminho pesará uns onze quilos.”
Para a tornar mais leve, José Lima vai procurar uma estação de correios para despachar alguns artigos que transporta consigo, como um poncho para proteger da chuva e uma Bíblia que lhe foi dada em Roma por um padre.
“Se chover, levo com a chuva em cima, mas os 400 gramas do poncho saem-me das costas. Vou também prescindir da Bíblia que carinhosamente trago, que deve pesar meio quilo, porque tê-la comigo pode significar não finalizar o caminho”, afirmou.
Consigo, o peregrino leva a “mágica”, uma camisola da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, projeto que abraçou em 2012 e para o qual, nas suas caminhadas, apela a que sejam feitos donativos.
“A essência que quis dar a este caminho é poder ajudar a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla. Mais para a frente, quando o caminho já estiver mais consolidado, vou pedir donativos simbólicos aos meus amigos”, acrescentou, frisando que quer também transmitir força e fé aos doentes.
A aventura José Lima pode ser acompanhada através da rede social Facebook, no grupo “De Roma ao Santuário de Fátima – Caminhando”, no qual o peregrino vai colocando um resumo de cada dia e fotografias dos locais por onde passou.
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