A seguir, cinco questões sobre o envolvimento dos Países Baixos no tráfico de escravos.

Como começou o tráfico de escravos?

O papel dos Países Baixos na escravidão caminhou ao lado da expansão dos seus interesses coloniais e comerciais pelo mundo no século XVII, considerado a sua "era de ouro".

Depois da criação da Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) em 1602 e da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC) poucos anos depois, o comércio desenvolveu-se de forma rápida, inclusive o de escravos.

O país e as suas cidades, como Amsterdão, ficaram muito ricos. A cultura e a arte floresceram, tendo Rembrandt (1625-1669) como uma das suas maiores figuras.

Em 1634, a WIC passou a traficar milhares de escravos da Costa do Ouro (atual Gana) para a Nova Holanda, ou Brasil holandês, para mandá-los para o trabalho nas plantações.

No mesmo ano, a companhia conquistou Curaçao, uma ilha caribenha que antes pertencia aos espanhóis e que depressa transformou-se num centro de comércio de escravos.

Em 1667, os neerlandeses colonizaram o Suriname, na costa nordeste da América do Sul. A área tornou-se num território fortemente dependente do trabalho escravo de África.

Os neerlandeses chegaram a comercializar cerca de 650.000 escravos no total.

E no leste?

O papel dos neerlandeses no comércio de escravos no Oceano Índico e na Ásia é menos documentado, mas igualmente importante, segundo especialistas.

Os escravos foram levados principalmente para a Cidade do Cabo, partindo de onde hoje é Madagascar e Indonésia, anteriormente chamadas de Índias Orientais holandesas, onde o tráfico de seres humanos cresceu a partir da captura de pessoas no subcontinente indiano.

Quando é que a escravatura foi abolida?

Os Países Baixos foram um dos últimos países a acabar com a escravatura. Formalmente abolida nos territórios controlados pelos neerlandeses no dia 01 de julho de 1863, só chegou ao fim em 1873, após um período de "transição" de 10 anos.

Organizações antiescravagistas queriam que as desculpas do governo neerlandês fossem feitas no dia 01 de julho de 2023, dia que marca os 150 anos do fim da escravatura.

"Desculpas"?

A questão das desculpas pelo papel do Estado neerlandês no comércio de escravos nessas ex-colónias tem sido levantada há anos.

No entanto, o assunto ganhou força no ano passado com a publicação de um relatório que recomendava que o governo reconhecesse a escravatura como um crime contra a humanidade e pedisse desculpas.

Uma investigação recente nos Países Baixos indicou que apenas 38% da população era a favor de um pedido oficial de desculpas.

E os outros impérios?

Os impérios britânico, francês e espanhol também foram importantes.

O britânico foi o maior da história. No começo do século XX, estendia-se do oeste do Canadá até às Ilhas Fiji, no Pacífico Sul. Em 1913, governava mais de 400 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população e área terrestre do mundo.

No início do século XX, o segundo maior império colonial pertencia à França, que, em 1931, dominava mais de 12 milhões de quilómetros quadrados de território e 60 milhões de habitantes, desde a Guiana Francesa, na América do Sul, até à maior parte da África Ocidental e Nova Caledónia no Pacífico Sul.

Entretanto, durante o final dos anos 1700, o império espanhol era maior. Este abrangia cerca de 13,7 milhões de quilómetros quadrados de território, especialmente nas Américas.