Um total de 236 pastores asseguram diariamente a continuidade da Ovelha Bordaleira da Serra da Estrela, a principal raça ovina leiteira de Portugal e também a primeira a ter livro genealógico. Em sua homenagem, vai nascer no ponto mais alto de Portugal Continental – a Torre da Serra da Estrela – um novo espaço dedicado aos pastores e ao produto do seu trabalho: a lã e o leite das ovelhas Bordaleiras. Na abertura do espaço, a 26 de junho, vão estar presentes 160 pastores.

A sustentabilidade da atividade pastorícia e a economia circular são os motes deste projeto, uma vez que aproveita todos os produtos provenientes das ovelhas. No espaço, serão colocadas à venda almofadas feitas de 100% de Lã Bordaleira, aproveitando a lã das ovelhas, que não tinha escoamento por falta de valor económico; Queijo Serra da Estrela DOP, produzido com o seu leite; e o pastel de bacalhau com Queijo Serra da Estrela DOP, forma encontrada para o escoamento do queijo.

De acordo com o comunicado, o projeto constitui uma forma de apoiar o trabalho dos pastores da Serra da Estrela e assegurar a continuidade da profissão e da raça da ovelha Bordaleira, contribuindo para o desenvolvimento da economia local e para a sustentabilidade social do território. De 275.000 ovelhas desta raça existentes nos anos 80 do séc. XX, há atualmente pouco mais de 23.000. A diminuição deste número é uma consequência do abandono progressivo da profissão de pastor, pela falta de apoios e pela subvalorização do potencial produtivo desta raça exclusiva da Serra da Estrela, pelo que garantir a sua existência se torna uma necessidade ainda mais urgente.

O exterior do espaço é inspirado nos bardos, as cercas que normalmente acolhem as ovelhas no campo. O interior é compartimentando em três, evidenciando dois dos ciclos que protagoniza a raça Bordaleira da Serra da Estrela: o da lã, com almofadas 100% lã de ovelha Bordaleira, e o do queijo, com a comercialização de queijo Serra da Estrela DOP e do pastel de bacalhau.

Novo espaço no ponto mais alto de Portugal continental nasce em homenagem aos Pastores da Serra da Estrela
Novo espaço no ponto mais alto de Portugal continental nasce em homenagem aos Pastores da Serra da Estrela

Toda a lã de 2021 foi comprada para este projeto

A lã é, a par do queijo, uma forma de dar visibilidade aos pastores e à sua história. Em 2021, o grupo responsável por esta iniciativa, O Valor do Tempo, reforçou o apoio aos pastores da Serra da Estrela, com a aquisição total da lã proveniente das ovelhas da raça Bordaleira.

A totalidade da lã adquirida foi utilizada para produzir as almofadas agora à venda no novo espaço, que constituem assim um produto sustentável, verdadeiro cartão de visita da Serra da Estrela e expoente máximo da economia circular e da sustentabilidade.

Produzidas em tear com a lã resultante da tosquia das ovelhas em 2021, cada almofada é irrepetível e especial: o enchimento interior é em pura lã, a fronha interior tem o número de série correspondente a uma ovelha e a capa exterior presta uma homenagem à ovelha numa das faces. A sua produção contou com a colaboração de designers de moda. Recuando 100 anos no tempo, cada almofada indica um ano desde 1922, para que as pessoas possam levar o ano com que mais se identificam, tornando a almofada personalizada e ainda mais especial.

Queijo Serra da Estrela DOP e pastel de bacalhau também no espaço

O espaço comercializa também o Queijo Serra da Estrela DOP, produzido pelas 28 queijarias certificadas. Amplamente reconhecido como um dos mais extraordinários queijos do mundo, o Serra da Estrela é o mais antigo de todos os queijos portugueses, com várias menções na obra de Gil Vicente. Em 1287, o Rei Dom Dinis criou a primeira queijaria na Serra da Estrela, pelo reconhecimento dos recursos naturais e das propriedades únicas das condições da região.

A primeira Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau abriu em 2015, em Lisboa, adicionando ao Pastel de Bacalhau o Queijo Serra da Estrela DOP, com o propósito de garantir o seu escoamento, resolvendo o problema imediato dos pastores.