Foto: António Cotrim/Lusa
O Tesouro – colecção permanente, composto por peças de finais de século XVII e do século XIX, do século XIV ao XX, vai ficar instalado numa “Caixa Forte” que ocupa os pisos 3 e 4 do edifício, com 40 metros de comprimento, dez de altura e dez de largura, duas portas em aço, com cinco toneladas e 40 cm de espessura cada, e pintado a dourado, criando a ilusão de ouro derretido.
No total, são 72 vitrinas repletas de joias, insígnias, espadas, objetos civis e religiosos entre outros, todos pertença da colecção do Palácio, distribuídas por 11 núcleos temáticos.
A visita começa pelo piso 3 (depois de passarmos o pórtico de segurança e subirmos no elevador), um ambiente pouco iluminado aguarda-nos, com música da época em fundo. Aqui, quer-se pouca luz e temperatura controlada, pois as peças necessitam de cuidados muito especiais, mesmo dentro de vitrinas climatizadas, à prova de bala e de quebra de vidro.
Depois de aprendermos um pouco sobre a História do Tesouro, através de uma cronologia, que começa em 1139 logo no primeiro corredor, desembocamos na primeira sala, onde uma vitrina com várias pepitas de ouro do Brasil nos recebe. Aqui temos o primeiro núcleo dedicado ao Ouro e Diamantes do Brasil, seguem-se Moedas e Medalhas da Coroa. No centro, em grande destaque a Insígnia da Ordem do Tosão de Ouro, uma das mais bonitas e importantes das várias insígnias reais da Europa.
Do lado oposto, as joias que compõem o acervo do PNA, provenientes da joalharia antiga pertença da Coroa, ou de antigas coleções particulares de diferentes membros da família real, de produção portuguesa, francesa ou italiana. Tiaras, colares, pulseiras, anéis ou joias de luto, uma laça de esmeraldas de D. Mariana, a caixa de tabaco encomendada por D. José ao ourives do Rei de França, no séc. XVIII, entre outras, podem aqui ser admiradas.
Ainda neste piso, o quarto núcleo dedicado às Ordens Honoríficas e um quinto núcleo dedicado às Insígnias Régias: Objetos Rituais da Monarquia e onde são exibidas algumas das mais simbólicas e valiosas joias da Coroa, como as condecorações ricas das Três Ordens Militares – Cristo, Avis e Santiago –, a coroa real, os ceptros, e os dois mantos subsistentes.
Complementam as vitrinas, quiosques multimédia, mais placas de acrílico com legendas a identificar as peças (facilmente atualizadas).
Uma rampa encaminha-nos para o piso superior, e uma galeria com reproduções dos quadros dos reis e das rainhas faz-nos companhia.
Chegando ao piso 4 aguarda-nos as Pratas da Coroa, Pratas Utilitárias e Decorativas, onde se encontram cerca de 4694 peças, 147 peças de Ourivesaria Religiosa, dos séculos XVIII e XIX.
No sexto núcleo, os objetos de uso civil em prata lavrada de diferentes centros de produção; Prata de Aparato da Coroa com salvas e pratas portugueses quinhentistas, um conjunto de 23 obras reservadas para os maiores atos públicos da Coroa, como os baptismos reais, a aclamação, ou a cerimónia régia do Lava-pés aos Pobres, de Quinta Feira Santa; e no sétimo núcleo peças das antigas Coleções Particulares do rei D. Fernando II e do seu filho, D. Luís I, com outras reputadas peças de prata de uso civil.
O oitavo núcleo é dedicado às Ofertas Diplomáticas decorrentes da diplomacia ao longo dos séculos; e as peças religiosas da Capela Real e uma selecção de alfaias litúrgicas e paramentos, compõe o nono núcleo.
Quase a chegar ao fim, encontramos em grande destaque a Baixela da Coroa, também designada por Baixela Germain, encomendada pelo rei D. José ao ourives do rei de França François-Thomas Germain, após o Terramoto de 1755.
A encerrar a exposição permanente, o núcleo 11, onde se fica a conhecer um pouco mais sobre as Viagens do Tesouro Real, nomeadamente durante a fuga da família real para o Brasil e o seu regresso, caixas de transporte de viagem, e uma escrivaninha de viagem.
Para além da “Caixa Forte”, o edifício inclui ainda um laboratório de restauro, duas salas de exposições temporárias (uma delas é um espaço polivalente que permite também acolher conferências, palestras, lançamentos, entre outras atividades, uma sala para o Serviço Educativo, uma cafetaria, uma loja, serviços administrativos e a bilheteira. Vários elementos que fazem deste Museu um dos mais modernos do nosso país e que o equipara ao nível dos melhores da Europa.
O Museu abre agora com a exposição permanente, estando previsto para o futuro várias exposições temporárias, com peças do acervo do PNA, mas também outras peças originárias de outros equipamentos da DGPC, ou emprestadas de colecções privadas ou outras instituições (inclusive estrangeiras).
O projeto do novo museu e conclusão da ala poente do Palácio Nacional da Ajuda é da autoria do arquitecto João Carlos Santos, e inclui ainda a recuperação do Jardim das Damas (ainda a decorrer). Foi financiado com as receitas provenientes da Taxa Turística de Lisboa, inserida em 2015”, (sendo 6 milhões provenientes do primeiro ano de receitas da taxa, 2 milhões de capitais próprios e 3 milhões de um empréstimo); 4 milhões do Ministério da Cultura, e ainda o valor restante, da indemnização recebida pelo roubo de seis joias da coroa portuguesa em Haia, na Holanda, em 2002.
O Museu do Tesouro Real abre ao público no próximo dia 2 de junho, e vai poder ser visitado no verão, diariamente, das 10h00 às 19h00 e no inverno das 10h00 às 18h00.
Os bilhetes vão poder ser adquiridos online e no local, e custam 7 euros para jovens entre os 7 e os 24 anos e maiores de 65 anos, 10 euros para visitantes entre os 25 e os 64 anos, famílias de 4 (2 adultos e 2 crianças) 32 euros, entre outras modalidades.
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