O Museu do Prado decidiu aproveitar 2021 para proceder a uma reorganização do seu acervo permanente.  Esta tarefa envolverá “a remodelação das salas de pintura europeia do século XVIII, recuperando a sala 23 e aplicando os novos critérios das salas de pintura de Goya e espanhola, nas quais foram incorporados alguns exemplares europeus”, resume um comunicado do museu.

“A reorganização da coleção permanente ocorrerá ao longo do ano. É difícil dar datas precisas porque estamos sujeitos a todos esses imponderáveis, mas acredito que antes do verão o espectador terá a oportunidade de ver os primeiros frutos que vão privilegiar a organização das coleções do século XIX ”, explicou o diretor da instituição, Miguel Falomir, na conferência de imprensa de apresentação da programação prevista para este ano. É precisamente nas colecções do século XIX que as mulheres terão um maior destaque.

“Não é só uma questão de género. As mulheres foram certamente excluídas do que era o acervo permanente do museu e também das suas atividades, mas também há períodos da história da arte e geografias inteiras que também o foram". O grande objetivo desta remodelação é, portanto, ter um museu "mais inclusivo".

Pretende-se, desta forma, que as colecções do século XIX comecem a olhar mais para o século XX, em vez do século XVIII, e incorporem as reflexões que o museu tem vindo a fazer nos últimos anos. Nesse sentido, Falomir destacou que parte das lições aprendidas com as críticas à exposição Invitadas serão a base para a nova organização do acervo.

Invitadas, uma exposição sobre arte dos séculos XIX e XX com intenções feministas, tem sido duramente criticada por ser “uma oportunidade perdida”, visto que as pessoas esperavam “uma reflexão muito mais profunda”. Essa situação terá motivado a mudança na organização do museu.

O diretor do museu aproveitou para explicar que o compromisso não se limita à presença de mais mulheres no acervo, mas inclui também a atividade de investigação. “Estamos muito próximos de fechar um acordo que nos permitirá ter uma bolsa de pesquisa no Centro de Estudos Históricos, direcionado especificamente para as questões de género e artista feminina", explicou.